O primeiro Boeing E-7 Wedgetail (AEW&C) da Royal Air Force (RAF), será convertido a partir de uma fuselagem de um Boeing 737-700 BBJ (executivo), que teve como último operador uma companhia aérea chinesa. A informação não é oficial, e surgiu através da comunidade de observadores de aeronaves (spotters) do Reino Unido, que acompanham este projeto de perto.
Muitas informações curiosas envolvem o primeiro E-7 de controle e alerta antecipado britânico. Ele seria o Boeing 737-73W BBJ (c/n 38633), que voou pela primeira vez em junho de 2010, e que atualmente pertence a Boeing Co. Registrado nos EUA com a matrícula civil N946BC, ele está armazenado no Aeroporto Internacional de San Bernardino, na Califórnia, aguardando o translado para o Reino Unido, onde será convertido.
Um dos aspectos mais intrigantes sobre a escolha desta aeronave, é justamente os seus mais de dez anos de uso. Ele foi recebido no início de 2012 pela companhia charter chinesa Deer Jet, onde recebeu a matrícula B-5273. Com sede em Pequim, a Deer Jet possui uma das maiores frotas de jatos executivos da Ásia, e em junho de 2019 teria sido vendido (ou devolvido ao lessor), e repassado para a Boeing sob a matrícula norte-americana N946BC.
A conversão do BBJ chinês para o padrão militar E-7 AEW&C, será realizada pela empresa britânica STS Aviation Services, sediada no Aeroporto de Birmingham. Em 02 de novembro passado, a Boeing UK confirmou a entrega para a STS dos primeiros componentes para a conversão das duas primeiras aeronaves Wedgetail para a RAF. Espera-se para este mês de janeiro o translado do N946BC da Califórnia para o Reino Unido.
A entrega para a RAF do primeiro E-7 Wedgetail está programada para 2023, com a segunda aeronave para 2026. Conforme noticiamos aqui no Site da RFA em dezembro, as aeronaves serão operadas a partir da base da RAF Lossiemouth, na Escócia.
Apesar da “surpresa” da comunidade de spotters britânicos quanto à escolha do BBJ chinês com dez anos de uso, há muito se sabia que os dois primeiros Boeing E-7 da RAF seriam convertidos a partir de fuselagens civis usadas. As três aeronaves restantes serão novas na linha de produção de Seattle, usando slots reservados para 2021 e 2022.
Este planejamento não é algo novo no meio militar, e tem como objetivo a redução de custos e/ou prazos de entrega. A USAF, por exemplo, recentemente economizou na aquisição dos dois novos Boeing 747-8i presidenciais, comprando aeronaves que haviam sido fabricadas para uma companhia aérea russa que faliu antes de receber os jatos. Especificamente no caso dos Boeing E-7 britânicos, a decisão de adquirir duas aeronaves usadas foi tomada para agilizar a entrada em serviço, o que foi publicamente divulgado pelo Vice-Marechal Ian Gale, Subchefe do Estado-Maior da RAF em sua conta no Twitter.
Em março de 2019 o Ministério da Defesa do Reino Unido (MoD), anunciou a decisão de investir US$ 1,98 bilhão para adquirir cinco aeronaves E-7 Wedgetail, objetivando a substituição dos seis antigos Boeing E-3D Sentry, cuja vida operacional está chegando ao limite do economicamente viável. Eles estão na RAF desde 1991 e ao contrário dos similares norte-americanos, os britânicos nunca receberam atualizações. Recentemente dois E-3 foram desativados e colocados à venda. A frota disponível está cada vez menos operacional e confiável.
Atualmente quatro países são clientes da versão AEW&C do Boeing 737, sendo a Austrália, a Coreia do Sul, a Turquia e o Reino Unido. A extrema necessidade da RAF pelos novos AEW&C, certamente fará com que o passado oriental do primeiro Wedgetail britânico seja rapidamente esquecido.
@FFO