O orçamento de defesa da China para 2023 aumentará 7,2%. Caça furtivo J-20. A China recentemente anunciou o seu projeto de Orçamento para 2023, destinando 1,5537 trilhão de yuans (US$ 224,79 bilhões) para a pasta da Defesa, um aumento de 7,2% em comparação com o ano anterior. A proposta foi tornada pública no domingo (05/03), na abertura da sessão anual do Congresso Nacional do Povo (APN), a mais alta legislatura do país.
Esse aumento faz parte dos esforços de Pequim para atender à necessidade de modernizar sua defesa nacional com objetivo de salvaguardar a soberania nacional, a integridade territorial e os interesses do desenvolvimento frente às ameaças e instabilidades externas.
Pelo oitavo ano consecutivo o aumento permanece em um dígito, o que é visto por analistas chineses com razoável e contido, tendo em vista as tensões globais de segurança. O ritmo crescente vem desde o início da epidemia de COVID-19, com um aumento de 6,6% em 2020, 6,8% em 2021 e 7,1% em 2022.
Um aumento de apenas 0,1 ponto percentual em relação ao ano passado, “não é nada alto levando em consideração as necessidades de defesa nacional e o desenvolvimento econômico”, disse Song Zhongping, especialista militar chinês. “A taxa de crescimento do PIB da China em 2022 foi de 3%, portanto, o crescimento do orçamento de defesa deve ser contido e razoável“, disse Song.
A China estabeleceu sua meta de crescimento do PIB em cerca de 5% para 2023, refletindo a confiança em uma recuperação econômica, após declarar a vitória contra a epidemia de COVID-19.
Pequim tem como objetivo atingir as metas o Exército Popular de Libertação (PLA) até 2027, ano do seu centenário, e realizar a modernização de toda sua defesa nacional até 2035, transformando as forças armadas em classe mundial, informou a Agência de Notícias Xinhua em 2022.
Para atender a esse roteiro, a China precisa aumentar gradualmente seus gastos com defesa ao longo dos próximos anos, acompanhando o crescimento econômico do país, disse um especialista militar de Pequim ao Global Times, sob condição de anonimato. “A modernização da defesa nacional consiste principalmente no desenvolvimento e na aquisição de novas armas e equipamentos, na manutenção de um alto nível de exercícios realistas orientados para o combate, bem como na melhoria do bem-estar pessoal dos militares”, disse o especialista.
Para este ano de 2023, espera-se que o PLA comissione novos e modernos aviões de combate, como os caças furtivos J-20 e caças multimissão J-16, enquanto desativa os envelhecidos caças J-7 legados. Também serão conduzidos testes no mar com o Fujian, seu terceiro porta-aviões e o primeiro equipado com catapultas eletromagnéticas. Espera-se também realizar exercícios de combate mais realistas que consomem grandes quantidades de munições, de acordo com observadores.
A importância da modernização da defesa nacional tornou-se particularmente destacada devido à deterioração da situação de segurança global no ano passado, incluindo o conflito Rússia-Ucrânia, e a visita provocativa da então presidente da câmara dos EUA, Nancy Pelosi, à ilha de Taiwan, que levou a um série de exercícios militares em larga escala sem precedentes ao redor da ilha.
Os EUA e seus aliados, incluindo o Japão, têm provocado a questão de Taiwan e potenciais conflitos militares com a China. Os militares americanos frequentemente enviam aeronaves militares e embarcações de guerra para realizar reconhecimento próximo à China, às vezes invadindo as águas territoriais chinesas no Mar da China Meridional e transitando provocativamente no Estreito de Taiwan. Em 2022. o Japão rompeu oficialmente com seu princípio apenas de defesa assinado no pós-Segunda Guerra Mundial e começou a adquirir mísseis, incluindo Tomahawks, que podem atingir outros países.
O mundo de hoje está enfrentando desafios nunca vistos em um século. Sob a atual situação de segurança global, a China precisa alocar orçamentos suficientes para obter um exército forte e treinamento suficiente para construir uma dissuasão confiável para evitar conflitos, vencê-los, se ocorrerem, e salvaguardar a soberania nacional e os seus interesses, disseram analistas.
Muitos países estão em uma onda de gastos militares em 2023, com os EUA liderando a lista com um orçamento de US$ 817 bilhões para o Pentágono, mais de três vezes que o da China. O Japão planejou um orçamento de defesa de US$ 51 bilhões, um recorde de 26,3% a mais do que no ano anterior. Espera-se que a Índia aumente o orçamento de defesa em 13%, seguida de outros países como Reino Unido, França, Alemanha e Austrália, que também estão buscando aumentar os gastos com defesa.
“Os gastos com defesa da China seguem o PIB, e permaneceram basicamente estáveis por muitos anos, se mantendo abaixo da média mundial. Esse aumento é apropriado e razoável”, disse Wang Chao, porta-voz da primeira sessão da 14ª APN. Observadores disseram que o orçamento de defesa da China se manteve abaixo de 1,5% nos últimos anos, enquanto a média mundial é de 2%, sem falar nos EUA que se aproximam dos 4%.
“A China é plenamente capaz de aumentar esse número para 2%, mas optou por não fazê-lo, agindo de forma contida, mostrando que o desenvolvimento da defesa nacional é adequado e razoável. O país não se envolverá em uma corrida armamentista, mantendo um caminho de desenvolvimento pacífico”, disse Song. “A China segue uma estratégia de defesa nacional de natureza defensiva”, ressaltou ele.
Fonte: Times Global
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