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O E-2D poderá ser o sucessor do E-3C ao invés do E-7?

12 de junho de 2025
O E-2D poderá ser o sucessor do E-3C ao invés do E-7? Uma representação do E-7 Wedgetail como ele ficaria em serviço na USAF. Arte: USAF.
O E-2D poderá ser o sucessor do E-3C ao invés do E-7? Uma representação do E-7 Wedgetail como ele ficaria em serviço na USAF. Arte: USAF.

O E-2D poderá ser o sucessor do E-3C ao invés do E-7? O plano da USAF de comprar 26 aeronaves Boeing E-7A Wedgetail, que já enfrentava problemas de cancelamento devido a cores (como publicamos aqui em maio de 2025), ganhou um novo e complexo capítulo.

Uma mudança forte e ousada ocorreu no novo plano de gastos de defesa do governo Trump, pondo mais dúvidas ainda no dilema da futura freta de Airborne Warning and Control System (AWACS) da USAF.

As 16 aeronaves E-3C Sentry da USAF estão entrando em sua fase operacional final e originalmente já deveriam estar sendo substituídos pelo já produção E-7A Wedgetail, uma aeronave baseada no Boeing 737NG que já serve com vários aliados – como Austrália, Coreia do Sul e em breve Reino Unido. Ele deveria suceder o E-3C.

Originalmente, a USAF assinou um contrato em 2023 de US$ 2,56 bilhões com a Boeing em agosto para converter duas aeronaves 737-700 em protótipos do E-7A. A Força Aérea ainda planeja que a Boeing entregue dois protótipos do E-7A no ano fiscal de 2028. O primeiro voo da versão do E-7A da Força Aérea dos EUA nos “próximos meses”. O plano da USAF, era comprar 26 aeronaves Boeing E-7A Wedgetail.

Porém, desde o início do ano, a proposta enfrenta a ameaça de cancelamento, fruto de cortes, enquanto o US DoD finaliza a solicitação de orçamento fiscal de 2026. O debate interno se concentrou nas propostas do Pentágono de cancelar o orçamento do E-7A e depender somente de satélites, para executar a função de radar indicador de alvo móvel aerotransportado (AMTI – Airborne Moving Target Indicator). Mas a proposta enfrentava resistência dentro da USAF, que tem como base a necessidade da função de gerenciamento de batalha e comando e controle (BMC2 – Battle Management and Command and Control).

Este debate, agora, evoluiu para pior, ao menos para a USAF. Agora, se o governo conseguir o que deseja, o E-7 será cancelado e o E-2D Hawkeye, atualmente voado pela US Navy, entrará em cena para preencher a lacuna.

A aeronave de AEW naval Northrop Grumman E-2D Hawkeye pode ser o substituro do E-7, que seria cancelado. Foto: USN.
A aeronave de AEW naval Northrop Grumman E-2D Hawkeye pode ser o substituro do E-7, que seria cancelado. Foto: USN.

Essa importante reviravolta veio à tona esta semana, quando o Secretário de Defesa, Pete Hegseth, o Presidente do Estado-Maior Conjunto da Força Aérea dos EUA, General John Caine, e Bryn Woollacott MacDonnell testemunharam perante o Comitê de Dotações do Senado. MacDonnell é Assistente Especial do Secretário de Defesa e exerce atualmente as funções de Subsecretário de Defesa (Controlador) e Diretor Financeiro do Pentágono.

Na audiência, a senadora do Alasca, Lisa Murkowski, questionou o futuro atual da força de AWACS da USAF. A questão central de Murkowski era a idade da frota E-3 e quando a região norte dos EUA poderia contar com o E-7 e se a proposta de cancelamento do novo avião era real. E, portanto, como manter o nível de prontidão operacional e cobertura no Alasca, face à ameaça chinesa e russa. A resposta foi impactante e colocou um novo ator na história: o Northrop Grumman E-2D.

“Senhora, temos no orçamento US$ 150 milhões no AF26 [Ano Fiscal de 2026] para uma unidade expedicionária conjunta de E-2D com cinco aeronaves dedicadas, e o orçamento também financia E-2Ds adicionais para preencher a lacuna de curto prazo em US$ 1,4 bilhão”.

Atualmente, o único ramo das Forças Armadas dos EUA que opera o E-2D é a Marinha dos EUA. A senadora do Alasca então perguntou: “Você pode me dizer se isso terá implicações no que estamos vendo no norte do Alasca?”

“A resposta é sim. Eu faria isso. Eu classificaria toda essa discussão como uma escolha difícil que temos que fazer. Mas, sabe, o E-7, em particular, está meio atrasado, é parece ser ‘banhado a ouro’, então preencher essa lacuna e depois migrar para ISR [inteligência, vigilância e reconhecimento] baseado no espaço é uma parte de como achamos que podemos fazer isso da melhor forma, considerando todos os desafios”, respondeu Hegseth.

Hoje a USAF ainda tem 16 veteranos Boeing E-3C Sentry. Foto: USAF.
Hoje a USAF ainda tem 16 veteranos Boeing E-3C Sentry. Foto: USAF.

Hegsteth também descreveu o Wedgetail como um exemplo de uma capacidade que “não é capaz de sobreviver no campo de batalha moderno” e mencionou planos amplos “para financiar plataformas existentes que estão lá de forma mais robusta e garantir que sejam modernizadas”.

Uma avaliação anual do programa de aquisição militar de alto nível dos EUA, realizada pelo Government Accountability Office (GAO), órgão de fiscalização do Congresso, recém-divulgada, oferece informações adicionais sobre os problemas com o esforço da USAF para adquirir o E-7. O plano original era adquirir um par de aeronaves protótipo representativas de produção antes da produção de exemplares de série. A USAF esperava atingir a capacidade operacional inicial (IOC) com o Wedgetail em 2027. Depois, com os atrasos, o plano passou a ser iniciar a produção no segundo trimestre do ano fiscal de 2026, antes de concluir o esforço de prototipagem rápida do E-7A RP MTA [Aquisição de Nível Médio], iniciando um programa separado e simultâneo. “Eles [USAF] disseram ao GAO que era necessário iniciar a produção simultaneamente ao esforço de prototipagem rápida do E-7A para compensar o tempo de espera associado à construção e subsequente modificação da aeronave. O programa definiu seu contrato com a Boeing desde nossa última avaliação. Após a definição do contrato, a Boeing adiou o primeiro teste de voo em 9 meses, para maio de 2027”, acrescenta o relatório. “De acordo com oficiais da Força Aérea, o atraso se deveu a uma mudança crítica de última hora na arquitetura de segurança, que afetou a aquisição de peças, os testes de qualificação e a modificação da fuselagem.”

Com isto, a USAF definiu o contrato de esforço de prototipagem rápida do MTA em agosto de 2024 para entregar dois protótipos de aeronaves E-7A com capacidade operacional no ano fiscal de 2028. O programa acrescentou que o aumento total de 33% no custo de aquisição resultou de metodologias atualizadas para incluir escopo adicional relacionado à engenharia não recorrente, tendo como principais motivadores o software e os subsistemas aéreos.

Um aviso de contratação divulgado pelo serviço no início deste ano também apontou diferenças significativas esperadas entre a aeronave de prototipagem e os exemplares de produção completa, incluindo a possibilidade de um novo radar. As versões existentes do E-7 em serviço em outras partes do mundo são atualmente equipadas com o radar MESA (Multi-Role Electronically Scanned Array) da Northrop Grumman. Para o GAO, além dos atrasos, os custos não definidos são um grande gargalo em um orçamento já capenga. A USAF quer uma versão customizada do E-7, e não somente uma aeronave já em produção.

A Royal Australian Air Force E-7A Wedgetail do 2 Squadron, sediado na RAAF Amberly, Australia. A RAAF é uma dos usuários do E-7. Foto: USAF/William R. Lewis.
A Royal Australian Air Force E-7A Wedgetail do 2 Squadron, sediado na RAAF Amberly, Australia. A RAAF é uma dos usuários do E-7. Foto: USAF/William R. Lewis.

A decisão da USAF de abandonar o E-7 e utilizar o E-2D, levanta muitas questões. Por exemplo, quantas dessas aeronaves a USAF terá? Pelo anúncio, inicialmente as aeronaves serão da US Navy com tripulação mista.

O Hawkeye é uma aeronave muito menor que o Sentry e o Wedgetail. É extremamente capaz, mas também otimizado para operar dentro dos limites das operações de porta-aviões. A tripulação é de apenas cinco pessoas. Isso limita a quantidade de mão de obra necessária para executar operações altamente complexas e outras tarefas além da tradicional AWACS.

O E-2 também tem menor alcance e é muito mais lento que o E-3 e o E-7. Isso significa tempos de trânsito mais longos, e a aeronave não se encaixa tão perfeitamente nas operações centradas em jatos para a missão antiaérea que a Força Aérea desfruta atualmente. O radar AN/APY-9 do E-2D da Lockheed Martin é excelente, mas muitos de seus sistemas de fusão e retransmissão de dados são exclusivos da Marinha. Esses sistemas seriam descontinuados ou simplesmente deixados sem uso para operações focadas na USAF.

Os Hawkeyes, sendo aeronaves turboélice, também operam em altitudes mais baixas, o que reduz a linha de visão de seus radares, sistemas de rádio e conjuntos de vigilância eletrônica, limitando seu alcance e fidelidade à distância para alguns alvos e aplicações de vigilância, em alguns casos.

Há também a questão do reabastecimento aéreo. O E-2D utiliza o método de reabastecimento de probe and drogue, e não o flying boom da USAF. Os KC-46A da USAF possuem um sistema de probe and drogue, e alguns dos KC-135R também. O E-2D também reabastece em velocidades mais baixas e mais lentas do que aeronaves a jato. Todos esses problemas não são “impactantes”, mas impactarão o planejamento operacional e a flexibilidade.

Por outro lado, ter similaridade com a aeronave AWACS da Marinha deve ajudar a reduzir os custos de ambos os serviços e acelerar a entrada do modelo em serviço na USAF. Também pode beneficiar a evolução futura do E-2D, já que mais recursos serão investidos no programa. É também uma plataforma muito capaz e comprovada, o que reduz os riscos.

Pelo jeito, os custos e o orçamento irão vetar os 26 Boeing E-7 da USAF. Arte: USAF.
Pelo jeito, os custos e o orçamento irão vetar os 26 Boeing E-7 da USAF. Arte: USAF.

Acima de tudo, os E-2Ds de serviço conjunto podem ser absolutamente cruciais para a doutrina de combate Agile Combat Employment (ACE) da USAF, que prevê a distribuição de suas forças em locais remotos e avançados, em constante movimento. O desempenho turboélice, o trem de pouso robusto e a capacidade de pouso curtos do E-2D permitem que ele seja levado para locais de operação muito remotos, com pistas de pouso limitadas.

E ele pode fazer isso sem sacrificar a qualidade dos dados coletados ou a eficácia de seu uso como gerenciador de batalha. Isso é algo que uma plataforma 707 ou 737 simplesmente não consegue igualar e pode ser decisivo em uma grande contingência entre estados pares.

Embora o cancelamento do E-7 seja surpreendente e resulte em deficiências em algumas áreas, também desbloqueia novas capacidades, algumas das quais são indiscutivelmente aplicadas em outros projetos como o B-21 e o F-47, além de novas versões do F-35. Além disso, reduz o risco aparentemente grande do E-7 e do sistema AMTI. Tudo isso ainda precisa passar pela aprovação do Congresso, o que pode ser um desafio se olharmos os interesses comerciais e políticos existentes.

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