NORAD: “não foi o primeiro balão de espionagem chinês sobre os EUA”. Não foi a primeira vez que balões de vigilância chineses entram no espaço aéreo dos Estados Unidos, e não foram detectados pelo sistema de defesa do Pentágono. A informação foi divulgada em 06 de fevereiro por um Oficial-General da USAF, encarregado pelo sistema de defesa nacional.
“Como Comandante do NORAD, é minha responsabilidade detectar ameaças à América do Norte. Vou dizer que não detectamos essas ameaças, e isso é uma lacuna de reconhecimento de domínio que precisamos descobrir”, disse à jornalistas o General Glen D. VanHerck, Chefe do Comando de Defesa Aeroespacial da América do Norte (NORAD) e do Comando Norte dos EUA (NORTHCOM).
A revelação ocorre quando o Pentágono tenta explicar como um balão de vigilância chinês conseguiu atravessar a América do Norte na semana passada. Isso ocorreu pelo menos mais quatro vezes nos último anos, durante os governos de Joe Biden e de Donald Trump, mas “o NORAD não soube desses casos em tempo real, mostrando uma deficiência na proteção dos céus americanos”, disse o General VanHerck.
O caso mais recente provocou alvoroço internacional, com o balão chinês tendo entrado na Zona de Identificação de Defesa Aérea dos EUA (ADIZ) em 28 de janeiro. O artefato tinha cerca de 60 metros de altura e uma carga útil similar a de um avião a jato, disse o Oficial-General.
O Comandante do NORAD disse que não houve tempo para abater o balão antes que ele sobrevoasse o território continental dos EUA, representando uma ameaça para os civis. “A princípio o NORAD não tomou medidas imediatas porque o artefato não demonstrava hostilidade”, acrescentou VanHerck.
Em 02 de fevereiro, o presidente Biden ordenou a neutralização do balão, quando ele sobrevoava silos de mísseis balísticos intercontinentais nucleares (ICBM) na Base Aérea de Malmstrom, em Mont. Como precaução, os Comandantes militares sugeriram aguardar o artefato deixar o continente, para derrubá-lo sem causar sérios danos no solo. Por fim, no sábado (04/02), o balão foi derrubado por um míssil ar-ar AIM-9X Sidewinder, disparado por um caça F-22 na costa da Carolina do Sul.
“Este balão não representava uma ameaça militar para a América do Norte, razão pela qual não foi derrubado quando foi detectado pela primeira vez. Por isso esperaram até que a questão fosse levada aos mais altos níveis do governo”, disse VanHerck.
As autoridades se recusaram a apresentar dados sobre a carga útil do balão, embora tenham dito que claramente tratava-se de um recurso de vigilância. A China, por sua vez, afirma que era um balão meteorológico, e que os EUA teriam infringido a legislação internacional ao derrubá-lo.
“Na verdade, nós fizemos isso a cerca de seis milhas da costa, dentro de nosso espaço aéreo territorial, para que pudéssemos cumprir a lei internacional, ao contrário dos chineses, que violaram a lei ao voar sobre o espaço aéreo soberano dos Estados Unidos”, afirmou John Kirby, Coordenador de Comunicações do Conselho de Segurança Nacional.
Ao tomarem conhecimento da falha no sistema de detecção do NORAD, congressistas norte-americanos solicitaram explicações ao General VanHerck sobre essa lacuna na defesa nacional. Entre eles, o senador Chuck Schumer, líder da maioria no Senado, disse que toda a câmara alta deverá ser informada sobre o assunto.
Com base nos destroços recolhidos após a queda do balão, espera-se que sejam sanadas algumas dúvidas e informações obtidas pelos seus sensores durante o voo. “Utilizamos vários recursos para garantir a coleta de todos os destroços, e utilizaremos as informações para fechar as lacunas de inteligência”, disse VanHerck.
Um alto funcionário do Pentágono afirmou que havia casos anteriores em cinco continentes. O governo chinês reconheceu apenas um outro balão que sobrevoou a América Latina.
Fonte: AFM
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