

Misteriosos voos cargueiros da China levantam alertas sobre apoio militar de Pequim ao Irã. O jornal britânico Daily Telegraph revelou que nos últimos dias, ao menos três misteriosos voos cargueiros decolaram da China e teriam pousado em algum local do Irã. A suspeita é que estariam transportando armamentos fornecidos pelos chineses.
De acordo com a reportagem, entre 14 e 16 de junho, três Boeing 747 cargueiros da companhia aérea europeia Cargolux decolaram de Xangai (dois voos) e o outro de uma cidade do leste da China.

Todos os voos apresentaram planos listando Luxemburgo como destino final, no entanto, dados dos sites de monitoração online mostram que eles desviaram para oeste, sobre a Ásia Central, desligaram os seus transponders e “desapareceram” perto do espaço aéreo iraniano. Eles nunca chegaram na Europa.
A Cargolux é conhecida por fretar seus cargueiros 747 para governos e empresas do mundo todo, incluindo empreiteiros militares chineses. Sua grande capacidade de carga é uma vantagem para o transporte de material pesado, incluindo munições e armamentos.

As Forças de Defesa de Israel neutralizaram grande parte da infraestrutura de mísseis e defesa aérea do Irã. Analistas sugerem que os voos cargueiros podem ser parte de um esforço secreto de Pequim para suprir as necessidades de Teerão por munições avançadas, peças de reposição e equipamentos de vigilância.
No entanto, o uso dos Boeing 747 cargueiros de alta capacidade cargas, aliado à trajetória de voo sigilosa e ao silêncio do radar, sugere que estariam carregando equipamentos ou sistemas militares.

A China e o Irã são parceiros estratégicos, alinhados principalmente em sua oposição à ordem mundial liderada pelos EUA e a favor de uma nova fase “multipolar” na diplomacia global. O Irã também é um dos principais fornecedores de energia da China, enviando até dois milhões de barris de petróleo por dia. Portanto, não é surpresa que Pequim esteja procurando maneiras de apoiar e estabilizar a República Islâmica.
“O colapso do regime atual seria um golpe significativo e geraria muita instabilidade no Oriente Médio, minando, em última análise, os interesses econômicos e energéticos chineses”, disse Andrea Ghiselli, professor da Universidade de Exeter, especialista nas relações da China com o Oriente Médio e o Norte da África.
Com uma frota de 30 cargueiros Boeing 747-400 e Boeing 747-8, Cargolux, cuja sede fica em Luxemburgo, afirmou que seus voos não utilizaram o espaço aéreo iraniano,. Porém, a empresa não respondeu as perguntas do Daily Telegraph sobre o que eles transportavam nos voos em questão.

Embora “a probabilidade continue baixa” da China enviar materiais de defesa para o Irã, a possibilidade “não deve ser descartada e deve ser monitorada de perto”, disse Tuvia Gering, especialista em China e Oriente Médio do Instituto de Estudos de Segurança Nacional de Israel.
Os manifestos de carga não são considerados uma questão de registro público e, embora quaisquer mercadorias perigosas ou cargas especiais tenham que ser declaradas ao operador e aos agentes de manuseio, as informações fornecidas podem ser imprecisas ou enganosas.

A China já tentou enviar armas disfarçadas de produtos comerciais, rotulando componentes de drones como peças de turbinas eólicas, de acordo com carregamentos interceptados por autoridades europeias. Uma investigação do Telegraph no ano passado descobriu que a China tentou enviar US$ 1 bilhão (£ 738 milhões) em drones para a Líbia, escondidos atrás de uma rede de empresas de fachada no Reino Unido, Tunísia e Egito, em troca de petróleo bruto.
Embora a natureza secreta dessas operações levantam sérias questões sobre o envolvimento da China no conflito entre Irã e Israel. Se confirmada como ajuda militar, representaria uma escalada perigosa e internacionalizaria ainda mais a guerra.
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