Ministro da Defesa do Uruguai negou pouso do 747 da EMTRASUR no país. O ministro da Defesa do Uruguai, Javier García, revelou em entrevista coletiva ontem (13/06) que foi dele a decisão de negar o pouso do Boeing 747-300 da companhia venezuelana EMTRASUR no Aeroporto Internacional de Montevidéu. Conforme noticiamos, a aeronave está retida em Buenos Aires desde a semana passada, para averiguação dos tripulantes de origem iraniana, que estariam sob as sanções internacionais.
Segundo García, a decisão de negar a autorização de pouso do avião foi decorrente a um alerta que recebeu do ministro do Interior, Luis Alberto Heber. “Com base nessa informação, foi decidido não autorizar que este avião a entrasse no nosso espaço aéreo”, disse ele.
O Ministério do Interior uruguaio recebeu informações (não detalhadas) de agências de inteligência internacionais, relativo à suspeita da operação da aeronave. “Como Ministro da Defesa, em virtude dessas informações, e dos prazos exíguos para checar todas as informações, ordenei que a aeronave retornasse, se não houvesse motivo humanitário”, explicou García, que que não consultou o presidente Luis Lacalle Pou sobre o caso, e “preferiu assumir a responsabilidade por conta própria”.
Em 05 de junho, o Boeing 747-300 da EMTRASUR, matrícula YV3531, com 19 tripulantes (14 venezuelanos e cinco iranianos) e carregado com peças automotivas, decolou do Aeroporto Intercontinental de Querétaro (QRO) no México, com destino à Buenos Aires, Argentina. Na aproximação um forte nevoeiro provocou o desvio do voo ESU 9218 para Córdoba (COR). Na tarde de segunda-feira (06/06), ele finalmente pousou na capital portenha, onde a carga foi desembaraçada e liberada sem percalços pelas autoridades.
Os problemas começaram na quarta-feira (08/06) quando, por motivo não esclarecido, o avião deveria ser reabastecido de combustível em Montevidéu, no Uruguai, antes de prosseguir para a Venezuela. O 747 foi barrado de entrar no espaço aéreo uruguaio, tendo que retornar para Buenos Aires, quando as autoridades argentinas, alertadas pelos uruguaios, foram investigar as procedência dos tripulantes.
Todos 19 tripulantes tiveram seus passaportes retidos, embora posteriormente a decisão tenha sido mantida apenas para os cinco iranianos, baseada no artigo 35 da Lei de Migração Argentina, que fala de uma “fundada suspeita de que a real intenção que motiva a entrada difere daquela manifestada no momento da obtenção do visto ou comparecimento perante o controle de imigração”.
Os iranianos que viajavam no avião, são Mohammad Khosraviaragh; Gholamreza Ghasemi; Mahdi Mouseli; Saeid Vali Zadeh; e, Abdulbaset Mohammadi. Segundo informações dos serviços de inteligência, alguns teriam ligações com as Forças Quds, uma divisão da Guarda Revolucionária Islâmica especializada em operações de inteligência militar e classificada como grupo terrorista pelos EUA.
No domingo (13/06), o juiz federal argentino Federico Villena confirmou a decisão de manter a retenção dos passaportes dos cinco tripulantes iranianos , dessa forma a aeronave continuará retida em Buenos Aires enquanto o imbróglio diplomático é resolvido.
Siga-nos no Twitter @RFA_digital
@FFO