MiG-41 deverá “voar” a Mach 5? A Rússia há muito elogia o projeto Izdelie-41 como seu principal caça de sexta geração. Desenvolvido pela empresa Mikoyan-Gurevich, espera-se que receba a nomenclatura operacional de MiG-41. Atualmente é mais conhecido como Mikoyan PAK DP, oque seria do russo alvo como “complexo aéreo prospectivo para interceptação de longo alcance”.
Segundo fontes, o primeiro voo de teste do futuro MiG-41 pode acontecer em 2025. Porém hoje, isto parece mais impossível do que possível, face à guerra na Ucrânia, que vem consumindo muitos recursos do orçamento e impactando a indústria russa diretamente. Para muitos, a Rússia está “ofegante e cansada” com uma guerra que planejava rápida e rasteira. Informações vazadas da Defesa Russa, demonstram que ela redireciona todas as suas finanças para reparar, reformar e suprir as frentes de combate, com pesados investimentos em produzir armas.
Desde a invasão da Ucrânia em 24 de fevereiro, as principais nações econômicas ativas e tecnológicas do mundo tem aplicado sanções econômicas contra a Rússia. Elas bloquearam o acesso de Moscou a tecnologias avançadas, especialmente semicondutores e microchips. A indústria russa, especialmente na área de microchips, não é tão avançada quanto o presidente russo, Vladimir Putin, gostaria.
Este cenário tem prejudicado projetos como o MiG-41. No entanto, existem detalhes interessantes sobre o Izdelie-41. Uma das características mais marcantes anunciadas por Moscou é que o futuro caça viajará a velocidades de Mach 4 a Mach 5, mais rápido que o Lockheed SR-71 Blackbird, a aeronave operacional tripulada mais rápida do mundo, que voava a até Mach 3,5. Detalhe, não era um caça e, sim, um avião espião.
Isso soa bem e é de tirar o fôlego, mas há um problema com essa velocidade. Primeiro, não é certo se um piloto suportará a carga G positiva e G negativa do voo. E segundo, o atrito do ar contra a aeronave, que promete ser stealth (furtiva). Ao se mover a tal velocidade, o caça furtivo irá criar um enorme calor durante a fricção com o ar, o que, para muitos, poderá destruir a camada stealth. Ou seja, o revestimento furtivo vai queimar no ar, fazendo com ele que ele se torne ineficiente e até possa ter problemas aerodinâmicos.
Os engenheiros russos têm a dura tarefa de criar um revestimento furtivo que suporte o calor desenvolvido à Mach 4 ou Mach 5. Isso poderá até ser possível de ser realizado, mas hoje não se tem sequer uma noção de como fazer isto. Mas atingir tal velocidade de voo também significa que avião terá que ter uma resistência de seus sistemas acima da média. Altas temperatura durante a operação de qualquer máquina leva ao superaquecimento e a necessidade reparos frequentes. Isso, em uma aeronave encarece a manutenção, cria problemas de disponibilidade e claro, reduz seu tempo de vida.
A questão permanece: como o Izdelie-41 atingirá essa velocidade? É preciso ser um caça Mach 5? Que tipo de motores a indústria de defesa russa terá que desenvolver para garantir sua presença hipersônica nestes parâmetros? Talvez os engenheiros russos pensem não em motores a jato convencionais, mas motores derivados dos que alimentam os mísseis hipersônicos da Federação Russa. O tempo nos dirá se o projeto vai seguir por este caminho.
O Izdelie-41 foi anunciado como um interceptador de mísseis hipersônicos, além de um caça de combate furtivo. Isto talvez “justifique” a capacidade de voar 5 vezes a velocidade do som. Se os projetistas desenvolverem um protótipo funcional, com um motor de qualidade que atinja velocidades de Mach 5 e garantam a refrigeração dos sistemas dentro da aeronave, a probabilidade desta aeronave interceptar um míssil hipersônico é relativamente boa.
Hoje a situação tente a deixar esse projeto em “suspensão”, ou seja, podemos ver esse super-interceptador algum dia, mas a probabilidade de ele entrar em produção diminui a cada dia com a crise da Ucrânia, onde cada dia mais o foco russo é sustentar a guerra. Portanto não deverá haver progresso significativo do Izdelie-41 nos próximos anos, o que não significa que ele não vire realidade algum dia.
@CAS