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Matéria de Capa RFA 128

22 de fevereiro de 2021

Em janeiro deste ano de 2021, a Força Aérea Brasileira (FAB) atingiu oito décadas de existência. Foram, sem dúvida, 80 anos de pioneirismo, desafios, operacionalidade, inovações tecnológicas e muito trabalho para integrar o país e fomentar a indústria nacional, a aviação civil e a aviação militar. Sempre que o Brasil chamou, a FAB esteve presente, muitas vezes indo além do seu dever.

Hoje, beneficiada pela maturidade de ser uma das instituições mais importantes do país, a FAB não só exalta seu passado e seus feitos, mas, consciente da importância de sua missão, já projeta seu centenário em 2041.

Leandro Casella

O Embraer KC-390 é um dos símbolos desta FAB octogenária! Capaz de cumprir missões de transporte, emprego tático, REVO, SAR e evacuação aeromédica, o bimotor brasileiro será um dos principais vetores da FAB dos próximos anos e, certamente, estará em serviço no seu centenário (Foto: FAB).

A criação do Ministério da Aeronáutica (MAer) e, por consequência, da Força Aérea Brasileira (FAB) deu-se a partir da necessidade crescente de se ter um órgão especificamente voltado para o meio aeronáutico, capaz não somente administrar e gerir recursos e infraestrutura, mas, também, desenvolver plenamente a aviação militar e civil. Além de defender, era preciso integrar e sedimentar o meio aeronáutico em um país, que nada mais era que o berço do gênio Alberto Santos-Dumont.

Quando o então Presidente Getúlio Vargas assinou o decreto-lei nº 2.961, de 20 de janeiro de 1941, que criava o MAer, ele estava, portanto, atendendo à aspiração de grande parte da comunidade aeronáutica da época que, já há alguns anos, vinha fazendo campanha pelo “Ministério do Ar”.

Como em muitos lugares do mundo, a nova Força surgia da fusão das aviações do Exército e da Marinha. O decreto não só extinguiu a Aviação Militar e a Aviação Naval, como transferiu militares, servidores civis, aviões e instalações da Marinha, do Exército e, também, do então Ministério da Viação e Obras Públicas para compor inicialmente as Forças Aéreas Nacionais (FAN), denominação que foi alterada em 22 de maio de 1941, pelo decreto-lei nº 3.302, para Força Aérea Brasileira (FAB).

Símbolo de uma era! O lendário Douglas C-47 foi, por muitos anos, a base da aviação de transporte militar brasileira, sendo um dos braços do Correio Aéreo Nacional. Na foto, o FAB 2079 visto no extinto aeroporto de Manguinhos, no Rio de Janeiro (Foto: Vito A Cedrini).

Como primeiro Ministro da Aeronáutica, foi escolhido Dr. Joaquim Pedro Salgado Filho, que, junto com a sua equipe, abraçou o desafio de desenvolver a aviação civil, a infraestrutura, a indústria nacional, as escolas de formação e o braço-armado do MAer – a FAB.

A FAB, que nasceu em meio a um dos momentos mais conturbados da história recente da humanidade – a II Grande Guerra –, havia herdado um grande número de aeronaves já obsoletas, com instalações modestas, algumas espartanas. Como o desafio era colocar a FAB “no ar”, no primeiro momento, foi mantida toda a estrutura usada pela Aviação Militar, o que incluiu um organograma constituído por Regimentos de Aviação (RAv) e esquadrilhas, subordinadas a zonas aéreas.

Em seus primeiros meses de vida, a jovem Força Aérea viu não só o conflito mundial piorar na Europa, na África e no Pacífico, mas chegar ao nosso litoral. A partir de maio de 1942, submarinos alemães levaram a efeito sucessivos ataques contra a frota mercante do Brasil por termos rompido relações diplomáticas com os países do Eixo Alemanha-Itália-Japão em janeiro do mesmo ano. No total, 31 navios foram afundados, fazendo o Governo Brasileiro declarar guerra ao Eixo, em 22 de agosto de 1942, e, definitivamente, passarmos a estar do lado dos aliados.

A partir dessa data, a situação começou a mudar, inclusive com a chegada de vetores de combate modernos ao Brasil. Em combinação com a Marinha do Brasil e com as Forças Armadas dos Estados Unidos, postadas principalmente no Nordeste, a FAB passou a cumprir frequentes missões antissubmarino no Atlântico Sul. Em diversas ocasiões, aeronaves da US Navy e da FAB, tais como B-25, PBY Catalina, A-28A Hudson, B-18, Vultee V-11GB2 e PV-1 Ventura, entraram em combate direto com submarinos italianos e alemães.

Em 31 de julho de 1943, o submarino alemão U-199 foi atacado e afundado ao largo da baía de Guanabara por dois aviões da FAB, um A-28A Hudson e um PBY-5 Catalina (ambos da Unidade Volante do Galeão), que desferiu o golpe fatal. Ele afundou nas coordenadas 23°54’S e 42°54’W a cerca de 60 milhas náuticas ou 100 km ao sul do Rio de Janeiro, quando se posicionava para atacar o comboio JT3 formado por uns 20 navios em início de viagem para Trinidad e EUA. Era o batismo de fogo da FAB, que, pouco mais de um ano depois, em outubro de 1944, faria sua estreia no Teatro de Operações Europeu. Com a entrada na guerra, o país enviaria a Força Expedicionária Brasileira (FEB), composta por tropas do Exército Brasileiro, além de duas unidades da FAB: a 1ª Esquadrilha de Ligação e Observação (1ª ELO) e o 1º Grupo de Aviação de Caça (1º GAVCA).

Clássica imagem dos P-47 do Esquadrão Jambock na Itália, durante a campanha brasileira na II Grande Guerra. Com os P-47D Thunderbolt, o 1º Grupo de Aviação de Caça fez história e forjou as bases do que é atualmente a Caça na FAB (Foto: FAB).

A 1ª ELO estava subordinada à Artilharia Divisionária da FEB e equipada com 10 aviões leves Piper L-4H Grasshopper. Cumpria missões de ligação, condução de tiro e observação. Operando na região dos montes Apeninos, Itália, a unidade foi peça importante para o sucesso da FEB durante seus vários meses de combate.

O 1º GAVCA foi formado no Brasil e submetido a treinamento na United States Army Air Force – USAAF (Força Aérea do Exército dos Estados Unidos), inicialmente no Panamá (P-40) e, a seguir, nos EUA, onde voou com os Republic P-47D, aeronave com o qual faria história nos campos de batalha da Europa. A unidade foi enviada à Itália, passando a operar subordinada ao 350th Fighter Group da USAAF. Sua primeira missão operacional se deu em 31 de outubro de 1944. Até 2 de maio de 1945, o 1º GAVCA cumpriu 445 missões com 2.550 saídas de combate. Os resultados foram tão expressivos, que o “Esquadrão Jambock” foi uma das três unidades fora dos EUA a receber a Presidential Unit Citation, também conhecida como Blue Ribbon (fita azul). Criada em 26 de fevereiro de 1942 pelo Presidente Franklin Delano Roosevelt, com o objetivo de reconhecer os feitos de unidades que se distinguiram no campo de batalha, a fita azul foi oficialmente entregue ao 1º GAVCA em 22 de abril de 1986, na Base de Santa Cruz, no Rio de Janeiro.

Pós-Guerra

Guerras não trazem felicidade e, em geral, deixam marcas profundas por décadas a fio. No entanto, seus aprendizados, especialmente para o meio militar, são importantes e, quase sempre, norteiam o rumo das Forças Armadas após conflito. Sendo assim, as lições trazidas da Europa foram importantes para segmentar a estrutura da jovem FAB.

Com os ensinamentos e conceitos operacionais advindos da participação na II Guerra Mundial aliados à necessidade de estruturar e administrar uma aviação (principalmente civil) que crescia a cada dia, o MAer realizou a maior reorganização da sua estrutura, por meio do decreto-lei nº 9.889, de 16 de setembro de 1946, que organizou desde o Estado Maior até o serviço mais básico da aeronáutica no país.

Essa reestruturação fez a FAB abandonar o organograma herdado da Aviação do Exército e criar sua própria identidade. Ela foi regulamentada pelo decreto-lei nº 22.802 de 24 de março de 1947, que extinguiu oito RAv, dois Grupos de Patrulha (GP), dois Grupos de Bombardeio Leve (GBL), seis Grupos de Bombardeio Médio (GBM) e um Grupo de Bombardeio Picado (GBP). Em seu lugar, o decreto regulamentou uma estrutura formada por Grupos de Aviação, Esquadrões e Esquadrilhas, regida por então cinco Zona Aéreas. Era uma organização típica de Força Aérea que se mantém até hoje.

Foram também criadas naquela época duas das mais importantes escolas da FAB – a Escola Preparatória de Cadetes do Ar (EPCAR), em 1949, e a Escola de Comando e Estado Maior da Aeronáutica (ECEMAR), em 1947 –, que se juntaram à Escola de Aeronáutica (atual Academia da Força Aérea), criada em março de 1941. Já na área da engenharia, o Centro Técnico de Aeronáutica (CTA), hoje denominado Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), foi iniciado em 1949 e ativado em 1953, e foi importantíssimo para a implantação definitiva da indústria aeronáutica nacional gerando em seus diversos frutos a Embraer.

DHC-5A Buffalo, ou simplesmente C-115, na FAB do 1º/9º GAV. Com esta aeronave, foi possível desbravar a Amazônia e cumprir um dos mais importantes papéis da FAB no século XX; integrar o país e, principalmente, a imensidão da floresta ao restante do país (Foto: FAB).

 Foi um período de grandes transformações e de consolidação não só do braço armado do MAer, mas de toda uma estrutura de controle de tráfego aéreo, aeroportos, aviação comercial e civil, por meio do Ministério da Viação e Obras Públicas incorporado ao MAer e redesignado Departamento de Aviação Civil (DAC) em 1969.

Em termos de frota, no período 1944 até o final dos anos 1970, houve três grandes renovações que permitiram à Força Aérea se manter como uma das mais importantes da América Latina. A primeira transformação na frota veio na década 1940 e foi fruto direto da II Guerra, especialmente a partir do final de 1942, após o Brasil se envolver no conflito. Diversos tipos de aeronaves de origem americana foram incorporadas. Com o fim da guerra em 1945, várias aeronaves excedentes de guerra foram adquiridas através do plano Foreign Liquidation Commission do governo americano, o que ampliou e modernizou de forma significativa a frota.

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