Marinha resgata tripulante indonésio de barco pesqueiro a mais de 2.300 km da costa brasileira. Eram aproximadamente 11h30 da manhã de domingo (28/01), quando o Serviço de Busca e Salvamento da Marinha do Brasil (SALVAMAR Brasil), operado no Rio de Janeiro, recebeu um pedido de ajuda do Serviço de Busca e Salvamento da Espanha (MRCC Madri), relatando que um tripulante de 39 anos necessitava ser retirado de um barco pesqueiro espanhol que navegava a cerca de 2.350 km da costa do Brasil. O homem precisava receber auxílio médico emergencial com suspeita de estar com peritonite (inflamação abdominal).
Imediatamente, o SALVAMAR Brasil acionou o SALVAMAR Leste, coordenado pelo Comando do 2º Distrito Naval (Salvador-BA), pelo fato de o pesqueiro estar em área de busca e salvamento sob a sua responsabilidade. Devido à grande distância da costa, foi necessário verificar se havia algum navio que estivesse mais próximo e pudesse prestar auxílio, reduzindo o tempo de resgate.
O navio mercante (NM) “C Force”, de bandeira de Ilhas Marshall, que estava a cerca de sete horas da embarcação espanhola, foi contatado e prontamente se colocou à disposição para ajudar. Ao mesmo tempo, o SALVAMAR Leste já havia identificado qual navio da Marinha do Brasil poderia ser acionado para ir ao encontro do mercante, que não dispunha de médico a bordo.
A Marinha acionou a Fragata “Defensora”, que era o Navio de Serviço da Esquadra e que estava nas proximidades de Vitória (ES), cidade mais próxima do local do resgate do que Salvador. A “Defensora” estava com médico a bordo e com uma aeronave que poderia auxiliar na evacuação do tripulante. Outro fator positivo foi o fato de o navio mercante já estar se dirigindo ao Brasil, que era seu próximo destino.
O NM “C Force” encontrou a embarcação espanhola por volta das 2h da madrugada do dia 29, tendo efetuado o translado do enfermo e iniciado o seu deslocamento para um ponto de encontro com a Fragata “Defensora”, definido pelo SALVAMAR Leste.
As ações foram coordenadas e monitoradas por meio de canais de comunicação com o SALVAMAR Madri, com o navio mercante, com o pesqueiro espanhol e com a Fragata “Defensora”. O próximo passo era o translado do tripulante do mercante para o navio da Marinha do Brasil.
Por volta das 16h30 do dia 30, o enfermo foi recolhido pela aeronave “Águia 88” (um helicóptero UH-12 matrícula N-7088), da Marinha do Brasil, que se encontrava a bordo da Fragata, sendo constatado, pelo médico do navio, que ele se encontrava com suspeita de apendicite. Após o resgate do tripulante, a Fragata “Defensora” seguiu para a cidade do Rio de Janeiro e a coordenação do resgate passou a ficar sob a coordenação do SALVAMAR SUESTE.
Ao assumir o controle e coordenação da operação SAR (Busca e Salvamento), o Comando do 1º Distrito Naval tornou-se o Centro de Coordenação e Salvamento, encarregado de concluir o resgate e o encaminhamento do paciente à rede hospitalar. O desfecho da longa travessia ocorreu na madrugada desta sexta-feira, 2 de fevereiro, quando a Fragata “Defensora” fundeou na Baía de Guanabara, nas proximidades da Escola Naval, no Centro do Rio de Janeiro.
Na ocasião, uma equipe da Capitania dos Portos do Rio de Janeiro (CPRJ) conduziu o desembarque do paciente por meio da Lancha de Apoio ao Ensino e Patrulha-7 “Xaréu”. Já em terra firme, o tripulante indonésio resgatado recebeu assistência médica em uma ambulância de atendimento móvel de urgência e foi transportado para a Casa de Saúde Pinheiro Machado, no bairro de Laranjeiras, RJ. Após cinco dias de operação e trabalho conjunto entre a Esquadra brasileira e dois Distritos Navais, empregando meios navais e aeronavais, com suas respectivas tripulações, os militares da Marinha do Brasil e o SALVAMAR-Brasil concluíram o resgate com êxito.
Em operações de resgate como a realizada, o fator de maior importância é o tempo de sobrevivência das vítimas, uma vez que o objetivo primordial das missões é preservar as vidas humanas. Enquanto houver perspectiva de salvar vidas, o trabalho é desempenhado incessantemente.
Dessa forma, para garantir que o socorro aconteça de maneira ágil, a Marinha do Brasil opera o Serviço de Busca e Salvamento Marítimo do Brasil, conhecido como SALVAMAR-Brasil, numa área de responsabilidade SAR de aproximadamente 14,5 milhões de km², abrangendo toda a costa brasileira, a “Amazônia Azul”, além das águas interiores. Tendo em vista as dimensões da Região de Busca e Salvamento (SRR), a MB dividiu as áreas de cobertura em 9 sub-regiões, sob responsabilidade dos Distritos Navais com seus seus respectivos Centros de Coordenação SAR regionais.
Além disso, mantém navios e aeronaves de pronto emprego, militares treinados para as situações de resgate e uma complexa estrutura de coleta e compartilhamento de informações, o que possibilita a localização das vítimas e das embarcações mais próximas em condições de prestar apoio.
Quando possível, a própria embarcação em situação de perigo ou qualquer pessoa que tenha testemunhado um incidente em potencial pode entrar em contato com a Marinha, através do telefone 185. O serviço de atendimento está disponível 24 horas por dia, sete dias por semana e abrange todo o território nacional. Além do telefone, o contato pode ser estabelecido por meio de fax, e-mail ou utilizando os sistemas presentes nas embarcações, conhecidos como Sistema Global de Socorro e Segurança Marítimo (GMDSS).
Outra maneira de reforçar a segurança, durante as navegações, é a utilização do aplicativo NAVSEG. Por meio desse recurso, é possível informar o plano de viagem, permitindo que a Autoridade Marítima monitore integralmente o trajeto da embarcação. O aplicativo opera através do envio regular de dados, atualizando a posição da embarcação a cada 15 minutos aos centros de monitoramento da Marinha, gerenciados pelas Capitanias dos Portos, Delegacias e Agências. Dessa forma, o NAVSEG possibilita a localização mais rápida e precisa de qualquer embarcação em situação de perigo, assegurando, dessa forma, melhores condições para a salvaguarda da vida humana no mar ou em águas interiores.
Fonte: Agência Marinha de Notícias
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