

Marinha do Brasil oficializa a compra do navio da Classe Albion HMS Bulwark — futuro NDM Oiapoque. A Marinha do Brasil assinou, nesta quarta-feira (10/09), o contrato de aquisição formal do navio doca-multipropósito HMS Bulwark (L15), da Marinha Real Britânica (Royal Navy) pertencente a Classe Albion. Ele será designado Navio de Desembarque Multipropósito (NDM) Oiapoque.
Embarcações HMS Albion e o HMS Bulwark teriam sido ofertadas ao Brasil pelo valor de 20 milhões de libras, o equivalente a R$ 145 milhões, segundo noticiou a imprensa britânica no início do ano.
Vale lembrar que, a existência de negociações vislumbrando a compra de um ou dos dois navios da Classe Albion já havia sido confirmada pela Marinha brasileira. Em fevereiro, o caso repercutiu na imprensa inglesa e virou alvo de controvérsia no parlamento britânico. As embarcações militares estariam sendo vendidas pelo equivalente a 20 milhões de libras, uma fração do valor gasto pelo Ministério da Defesa do Reino Unido com os Albion e o Bulwark nos últimos 14 anos.
Em novembro de 2024, a atual ministra da Indústria de Defesa, Maria Eagle, afirmou que, desde 2010, o Albion e o Bulwark custaram £132,7 milhões (R$ 966 milhões) em reformas. Em janeiro do ano passado, o então ministro britânico das Relações Exteriores, o conservador Andrew Mitchell, declarou que ambos os navios não seriam descartados antes do planejado, no início da década de 2030. Na época, a aposentadoria do Albion e do Bulwark foi aventada como uma solução para liberar marinheiros para outros navios em meio a uma crise de recrutamento na Marinha. Até o momento somente o L15 foi negociado.
A aquisição
O processo de aquisição da HMS Bulwark foi formalizado durante a Defence & Security Equipment International United Kingdom (DSEI UK) 2025, um dos principais fóruns globais de Defesa, que reúne governos, Forças Armadas, líderes da indústria e representantes do setor.

O acordo decorre do protocolo de intenções firmado em abril deste ano, durante a LAAD Defence & Security 2025, realizada no Rio de Janeiro. A assinatura foi oficializada a bordo do HMS Mersey (P283), pelo Diretor-Geral do Material da Marinha, Almirante de Esquadra Edgar Luiz Siqueira Barbosa, e pelo Second Sea Lord da Royal Navy, Vice-Almirante Martin Connell, com a presença do Comandante da Marinha, Almirante de Esquadra Marcos Sampaio Olsen e demais autoridades civis e militares.

A relevância da cooperação entre os dois países foi ressaltada pela Embaixadora do Reino Unido no Brasil, Stephanie Al-Qaq, que destacou a importância estratégica do L15 para as necessidades operacionais e humanitárias da Marinha do Brasil:
“A aquisição do HMS Bulwark simboliza um novo marco na parceria estratégica entre o Reino Unido e o Brasil. Trata-se de um meio com comprovada capacidade de resposta a crises, que contribuirá significativamente para o fortalecimento das capacidades operacionais da Marinha do Brasil, tanto em missões humanitárias quanto em operações de Defesa. É motivo de grande orgulho para o Reino Unido apoiar um aliado tão próximo, promovendo o intercâmbio de conhecimento e fomentando a cooperação entre nossas Marinhas”.
O HMS Bulwark (L15) possui 176 metros de comprimento, deslocamento de 18.500 toneladas e capacidade para até 710 militares. Mantém velocidade média de 18 nós, equivalente a aproximadamente 34 quilômetros por hora.

Conta também com um convés preparado para operar até dois helicópteros de grande porte, fundamentais para evacuação aeromédica, reconhecimento de áreas impactadas e apoio logístico em emergências. O L15 pode realizar o envio de estruturas logísticas para hospitais de campanha, mantimentos, medicamentos e outros itens essenciais diretamente às áreas atingidas, contribuindo de forma decisiva para a preservação de vidas.

“A aquisição do HMS Bulwark constitui um marco no esforço de recomposição do núcleo do Poder Naval, contribuindo sobremodo para o exercício da soberania em águas sob jurisdição do Estado. A Marinha do Brasil reafirma, assim, seu compromisso com a ampliação da capacidade de presença em áreas de interesse e com a condição de eficiência adequada para atuar em diferentes cenários, seja em operações de defesa ou em apoio à população brasileira em situações de emergência, em especial nas respostas a desastres naturais e missões de assistência humanitária”. Comandante da Marinha, Almirante de Esquadra Marcos Sampaio Olsen.

A embarcação encontra-se em Plymouth, na Inglaterra, passando por um processo completo de revitalização que inclui a modernização dos sistemas de comando e controle, atualização dos equipamentos de comunicações e a revisão completa de seus sistemas de propulsão e geração de energia. O término da revitalização está previsto para 2026. Esses trabalhos estendem a vida útil do navio por, pelo menos, duas décadas garantindo segurança operacional e adequação às demandas atuais da MB.
“A relação entre a Marinha do Brasil e a Royal Navy é histórica. O Navio Aeródromo Multipropósito (NAM) Atlântico, principal embarcação da Esquadra Brasileira também foi adquirido da Inglaterra e chegou ao Brasil em 2018. As aquisições do NAM Atlântico (A140) e do HMS Bulwark refletem essa parceria estratégica, que envolve não somente transferência de meios navais, mas também intercâmbio de conhecimentos, treinamento de tripulações e cooperação em áreas de interesse comum” – Diretor-Geral do Material da Marinha, Almirante de Esquadra Edgar.
Em setembro, cerca de 48 militares brasileiros seguirão para o Reino Unido para treinamento e reconhecimento do navio. Em novembro, mais 44 militares serão capacitados. Além do treinamento técnico, a tripulação participará de simulações e exercícios conjuntos, com foco na plena operacionalidade do meio.
A previsão é que o HMS Bulwark seja comissionado e trasladado ao Brasil no próximo ano, quando integrará a Esquadra Brasileira sendo batizado de Navio de Desembarque Multipropósito Oiapoque. Ainda não foi definido qual será o seu número.

Reconhecido por sua versatilidade, o L15 possui um histórico consolidado de participação em operações reais conduzidas pela Marinha Real Britânica. Em 2006, atuou na evacuação de cerca de 1.300 cidadãos britânicos durante o conflito no Líbano. Quatro anos depois, em 2010, foi empregado no transporte de militares e civis retidos na Islândia, em virtude da paralisação do tráfego aéreo causada pela erupção do vulcão Eyjafjallajökull. Em 2011, participou de missões de combate à pirataria na costa da Somália. Já em 2015, operando na costa da Líbia, prestou apoio médico e logístico no resgate de mais de 2.900 imigrantes, oferecendo atendimento inicial e alimentação no navio.
Fonte: Marinha do Brasil.
Entre no nosso grupo de WhatsApp
@CAS