Mais três anos de atraso para os Airbus CC-295 SAR canadenses. A Força Aérea Real Canadense (RCAF) está transferindo dois C-130 Hércules de Winnipeg para Vancouver, com objetivo de cobrir uma lacuna na cobertura SAR do país. O fato ocorre devido a um atraso no apronto operacional dos CC-295 Kingfisher, os futuros vetores de busca e salvamento canadense.
O Comandante da RCAF, Tenente-General Al Meinzinger, explicou que a o atraso dos Kingfisher, juntamente com a recente aposentadoria dos últimos CC-115 Buffalos, abriu uma necessidade de deslocar dois dos quatro CC-130H do 435 Transport and Rescue Squadron (435 TRS), de Winnipeg, para o 442 Search and Rescue Squadron (442 SRS) de Comox, Vancouver.
Embora essa adequação ajude a preencher uma lacuna, Meinzinger reconheceu que afetará as tarefas do 435 TRS, como reabastecimento em voo das unidades de caças encarregadas pela defesa do espaço aéreo norte da América do Norte, transporte de tropas e transportes logísticos da RCAF pelo mundo.
As Forças Armadas Canadenses enfrentam dificuldades, pois o sistema de aquisição militar não consegue acompanhar o ritmo de reposição, diante das desativações de equipamentos antigos. Além dos Buffalos da RCAF, várias embarcações mais antigas da Marinha foram aposentadas, antes que as novas estivessem prontas. O relógio também está correndo para os caças CF-18 e para as Fragatas da Classe Halifax, que já excederam sua vida útil esperada.
Os órgãos de governo canadense recebem cerca de 10 mil pedidos de socorro por ano e, embora a maioria seja atendida pelas policias e bombeiros das províncias e territórios, as Forças Armadas respondem a cerca de 750 dessas solicitações. As equipes SAR dispõem de aeronaves e helicópteros especializados para lançar socorristas de pára-quedas ou rapel em áreas remotas, montanhas, Ártico e Oceanos.
Em 2016, o governo canadense anunciou a aquisição de 16 Airbus CC-195 Kingfisher, por US$ 2,75 bilhões, em substituição aos antigos Buffalos. Inicialmente a previsão que os novos aviões estariam operacionais em 2020, mas problemas técnicos e a pandemia de COVID-19 adiaram o cronograma para 2022, enquanto o custo total subiu para US$ 2,9 bilhões.
O chefe de compras do Departamento de Defesa, Vice-Ministro Troy Crosby, informou que os atrasos mais recentes decorrem de testes que a Airbus realiza para garantir que o avião funcione conforme o esperado, além da elaboração de manuais adequados.
Embora o Kingfisher seja baseado no bimotor de transporte militar C-295, usado por mais de uma dúzia de países, a versão SAR canadense inclui cerca de 30 modificações no design básico. Algumas delas foram necessárias para atender aos requisitos da RCAF, enquanto outras foram opcionais adicionadas pela Airbus em um aparente esforço para melhorar sua oferta, disse Crosby.
Há preocupações em outras aquisições militares do governo, como os helicópteros navais Sykorsky CC-148 Cyclone, que atualmente equipam as Fragatas da Classe Halifax. A mais antiga dessas aeronaves tem pouco mais de cinco anos de uso, e após atraso na entrega, elas vem apresentando problemas de software e rachaduras na cauda, que inclusive levaram a vários incidentes, incluindo um acidente fatal em abril de 2020.
Reconhecendo o processo de aquisição de equipamentos militares como sendo algo complexo, Crosby disse: “Quando fomos assinar o contrato em 2016, já havíamos avaliado o risco de cumprir o cronograma. E implementamos estratégias de mitigação para tentar minimizar esse risco. Acontece que as estratégias de mitigação não foram suficientes”. Ao mesmo tempo, o Oficial da RCAF disse que o governo federal está retendo parte do pagamento devido à Airbus, até que a empresa cumpra o contrato.
A porta-voz da Airbus, Annabelle Duchesne, disse que a empresa está “totalmente comprometida em melhorar a situação” e que o trabalho está sendo feito para garantir o menor impacto possível nos serviços de busca e resgate do Canadá.
Embora reconhecendo que os atrasos são uma pressão para a RCAF, Meinzinger acrescentou: “Não podemos e não vamos apressar o avião. … Portanto, trata-se de fazer esse trabalho crítico para garantir que a aeronave e a tripulação estejam prontas.”
Fonte: The Canadian Press
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