Maior navio de guerra da Marinha Iraniana está no Brasil. Após uma autorização especial concedida pela presidência da república, dois navios de guerra da Marinha da República Islâmica do Irã (IRIN – Islamic Republic of Iran Navy) atracaram no porto do Rio de Janeiro (RJ), na manhã do último domingo (26/02). Os navios IRINS Makran e IRINS Dena deverão permanecer na cidade até o próximo dia 04 de março.
O IRINS Makran (441), maior navio de guerra do Irã, é um petroleiro de 121.000 toneladas de deslocamento, convertido em base de apoio avançado de combate, equipado com cinco helicópteros militares. A Fragata IRINS Dena (75) é uma das mais novas da frota, sendo incorporada pela Marinha Iraniana em junho de 2021.
A decisão do Presidente Luiz Inácio da Silva contrariou o pedido dos Estados Unidos para que o Brasil recusasse o pedido do Irã para atracar seus navios no Rio de Janeiro. Em recente visita à Washington, Lula havia dito ao presidente americano, Joe Biden, que vetaria essa operação, mas acabou cedendo.
A diplomacia com o Irã foi um dos pontos altos da busca por Lula de fortalecer a posição internacional do Brasil em seus mandatos anteriores. Em 2010, ele viajou a Teerã para se reunir com o então presidente Mahmoud Ahmadinejad na tentativa de intermediar um acordo nuclear entre o Irã e os EUA.
A presença dos navios islâmicos no Brasil incomoda os EUA, que têm buscado estreitar laços com o governo de Lula. Em uma coletiva de imprensa em 15 de fevereiro, a embaixadora dos EUA, Elizabeth Bagley, solicitou que Brasília não permitisse a atracação dos navios iranianos no país. “No passado, esses navios facilitaram o comércio ilegal e atividades terroristas, e também foram sancionados pelos EUA. O Brasil é uma nação soberana, mas acreditamos firmemente que esses navios não devem atracar em lugar nenhum”, disse ela.
O senador republicano da Flórida, Marco Rubio, expressou preocupação com a crescente presença do Irã no Hemisfério Ocidental. “A capacidade de Teerã de expandir sua presença militar em nosso hemisfério deve ser um sinal de alerta, especialmente porque pretende apoiar regimes marxistas de esquerda que minarão a paz e a estabilidade em toda a região”, disse ele.
Classificado por sucessivas administrações dos EUA como um estado patrocinador do terrorismo internacional, nos últimos anos o Irã tem buscado estreitar suas relações com países latino-americanos, especialmente com a Venezuela, Nicarágua e Bolívia.
A inédita visita em águas latino-americanas confirma as palavras do Comandante da Marinha Iraniana, Almirante Shahram Irani, de que o país pretende estar presente em todos mares abertos, para isso estabeleceu três comandos navais responsáveis pelas operações no Oceano Índico, Pacífico e Atlântico.
Os dois navios iranianos compõem a Flotilha 86, cujo objetivo é circunvagar a Terra em demonstração de poder naval do país. Uma emblemática ação nessa longa jornada é cruzar o do Canal do Panamá, uma passagem marítima que tem a marca dos EUA, e que até hoje nenhum navio militar iraniano cruzou.
O Canal do Panamá possui um tratado de neutralidade, garantindo que todos os países possam transitar livremente pela hidrovia. Um dos seus artigos estabelece que os navios de guerra de todas as nações terão o direito de transitar pelo Canal a qualquer momento, independentemente da sua missão, armamentos, origem ou destino, e não serão submetidos a inspeção, registro ou vigilância como condição de trânsito.
“Começamos a navegar pelos mares muito antes dos europeus, e essa civilização marítima pode renascer...As forças navais do país estão preparadas para lidar poderosamente com qualquer ameaça externa. Se os inimigos ameaçarem a segurança do país, as forças navais iranianas responderão duramente. Nossos interesses e recursos no mar são vastos, e onde quer que nos sintamos ameaçados, nossa frota estará presente”, complementou o Almirante da IRIN.
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