Maduro fecha espaço aéreo venezuelano para aviões argentinos. A Venezuela informou ontem (12/03), que fechou o seu espaço aéreo para as aeronaves que tenham como origem ou destino a Argentina. A atitude do governo de Nicolás Maduro é uma represália à apreensão do Boeing 747 da EMTRASUR em Buenos Aires, no mês de junho de 2022, e a sua posterior entrega às autoridades americanas.
“O governo neonazista da Argentina não é apenas submisso e obediente ao seu mestre imperial, mas também tem um porta-voz ´com cara de tabuleiro´: o Sr. Manuel Adorni finge ignorar as consequências de seus atos de pirataria e roubo contra a Venezuela, que foram advertido repetidamente antes do ato criminoso cometido contra a EMTRASUL.
A Venezuela exerce plena soberania em seu espaço aéreo, e reitera que nenhuma aeronave, proveniente ou com destino à Argentina, poderá sobrevoar nosso território, até que nossa empresa seja devidamente indenizada pelos danos causados, após as ações ilegais praticadas, somente com para agradar seus guardiões do norte”, disse Yvan Gil, Ministro das Relações Exteriores da Venezuela em sua conta no X (antigo Twitter).
Hoje os voos argentinos com destino ou origem no Caribe e América do Norte já foram vistos fazendo grandes desvios para evitar a Região de Informação de Voo (FIR) Maiquetia, responsável por controlar o tráfego aéreo que cruza a Venezuela.
Relembre o caso
A Empresa de Transporte Aerocargo del Sur (EMTRASUR) é uma subsidiária de cargas da estatal Conviasa, criada através de um decreto do presidente Nicolás Maduro, publicado em 19 de novembro de 2020. Sediada na Base Aérea de El Libertador, em Maracay, a companhia aérea tem um único avião, o Boeing 747-300, matrícula YV3531, adquirido da companhia aérea iraniana Mahan Air.
A justiça dos Estados Unidos investiga a negociação do B747 com a EMTRASUR, que estaria servindo de “laranja” para a Mahan Air – e o governo de Teerã – furar os bloqueios internacionais, transportando cargas ilícitas para o exterior (armas, por exemplo), além de realizar ações espionagem. Assim, a empresa iraniana – e suas subsidiárias – estão proibidas de realizar negócios internacionais envolvendo artigos e bens produzidos nos EUA, incluindo aeronaves e serviços prestados por terceiros.
Em 05 de junho de 2022, o Boeing 747-300 da EMTRASUR (YV3531) foi usado para transportar “componentes automotivos” do México para a Argentina. O voo de retorno para a Venezuela, em 08/06, tinha previsto uma escala para reabastecimento em Montevidéu, no Uruguai. O pouso foi negado pelas autoridades uruguaias as quais alegaram os bloqueios impostos pelos EUA, e a aeronave precisou retornar à capital argentina.
Após o pouso, a Polícia Federal da Argentina esperava o avião venezuelano, onde descobriu que entre os 19 tripulantes, cinco eram iranianos, incluindo o comandante do voo, Gholamreza Ghasemi, procurado internacionalmente por ligação com terrorismo. Em 2018, Ghasemi era um dos diretores de outra companhia aérea iraniana, a Fars Air Qeshm, apontada pelos EUA como tendo ligações à grupos terroristas vinculados à Guarda Revolucionária Islâmica do Irã (IRGC). A justiça argentina liberou todos os tripulantes poucos dias depois, evitando problemas diplomáticos com o Irã.
Na época, o governo de Nicolás Maduro emitiu nota oficial denunciando internacionalmente o confisco do avião da EMTRASUR pelos EUA, que em “conluio” com a Argentina realizou uma ação que chamou publicamente de “roubo descarado”.
Depois de aproximadamente 18 meses parado no Aeroporto Internacional de Ezeiza, nos arredores de Buenos Aires, no dia 12 de fevereiro deste ano, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos finalmente transladou o Boeing 747 para o Aeroporto Dade-Collier Training and Transition, na Flórida. Poucos dias depois de chegar nos EUA, em 28 de fevereiro, o jumbo venezuelano foi visto sendo desmantelado, demonstrando a pressa que as autoridades americanas tinham para encerrar definitivamente esta “novela”.
@FFO