Durante 45 dias, os AF-1B/C Skyhawk do Esquadrão VF-1 realizaram voos de esclarecimento, patrulha das rotas marítimas e ações de presença, como parte da Operação “Amazônia Azul – Mar Limpo é Vida”, da Marinha do Brasil – nome dado à missão de conter e limpar os efeitos do recente vazamento de óleo na costa brasileira. Os voos percorreram lugares distantes como o Atol das Rocas e o arquipélago de Fernando de Noronha.
Texto: Leandro Casella
Fotos: Capitão de Corveta (FN) Sabá
As Origens
O 1° Esquadrão de Aviões de Interceptação e Ataque (VF-1) – Esquadrão Falcão, foi o responsável pelo ressurgimento na Marinha do Brasil da aviação de asa fixa, que havia sido oficialmente desativada em 26 de janeiro de 1965 por ordem presidencial (decreto Lei no 55.627). Ativado em 2 de outubro de 1998, a unidade foi especialmente criada para receber um lote de caças Douglas A-4KU/TA-4KU Skyhawk, adquiridos da Força Aérea do Kuwait em 30 de abril do mesmo ano, ao custo de US$ 70 milhões e com uma média de apenas 1.500 horas de voo por célula. Curiosamente boa parte destas aeronaves combateram na primeira Guerra do Golfo, em 1991.
Os A-4KU/TA-4KU viram seu primeiro combate quando o Iraque invadiu o Kuwait em 2 de agosto de 1990. Alguns Skyhawks conseguiram decolar e realizar alguns ataques desesperados, visando deter o avanço das colunas iraquianas, o que, no entanto, não foi suficiente para deter a invasão. Nos dias 2, 3 e 4 de agosto, os Skyhawks foram forçados a se exilar na Arábia Saudita, passando a integrar a Real Força Aérea Saudita (RFAS), operando como uma unidade conhecida como “Força Aérea Livre do Kuwait” a qual passou a empregar na fuselagem, ao largo da tomada de ar, o famoso slogan “Free Kuwait”. A unidade participou ativamente das operações “Desert Shield” (Escudo do Deserto) e “Desert Storm” (Tempestade do Deserto), realizando 1.361 missões e perdendo apenas uma aeronave em ação (A4-KU KAF 828).
A Kuwait Air Force (KAF) adquiriu um total de 36 Skyhawk (30 A-4KU e seis TA-4KU) e todos aqueles que sobreviveram à guerra – 23 unidades –, foram vendidos ao Brasil em 1998. Assim, os 20 A-4KU e os três TA-4KU, designados inicialmente na Aviação Naval como AF-1 – matriculados como N-1001 a N-1020, e os AF-1A – matriculados como N-1021 a N-1023, respectivamente, tornaram-se os primeiros caças a jato da Marinha do Brasil.
As aeronaves desembarcaram no dia 5 de setembro de 1988 no Porto do Forno, em Arraial do Cabo/RJ, sendo depois, deslocados de carreta um a um, até a Base Aérea Naval de São Pedro da Aldeia (BAeNSPA), num percurso de 26 quilômetros via RJ-106.
Em paralelo à compra das aeronaves, a Marinha também firmou em novembro de 1999 um contrato com a empresa norte-americana Kay & Associates Inc. para realizar revisões nas aeronaves, motores, sobressalentes e equipamentos de apoio. O contrato incluiu também o treinamento e a capacitação dos técnicos de manutenção do VF-1. O primeiro AF-1 a voar em solo brasileiro foi o N-1007, que fez seu voo inaugural em 27 de março de 2000, decolando de São Pedro da Aldeia às 14h23min., sob o comando do piloto da Kay & Associated Inc. TC (FN) James Edwin Rogers. Meses depois, em maio de 2000, o Capitão-Tenente José Vicente de Alvarenga tornou-se o primeiro piloto da Marinha a voar um AF-1, solando o mesmo N-1007.
Superados os primeiros voos, a etapa seguinte foi a realização das primeiras operações embarcadas. Foram executados mais de 90 toques e arremetidas no convoo do Navio Aeródromo Ligeiro (NAel) Minas Gerais(A11) pelos AF-1 N-1004, N-1006, N-1007, N-1008 e N-1012 na janela de 11 a 14 de setembro de 2000, sem, contudo, serem efetivados pousos completos. No dia 13 de janeiro de 2001, o N-1006 tornou-se o primeiro AF-1 a pousar enganchado no A11, quando o oficial da reserva da Marinha norte-americana Dan Caning tocou o convoo às 15h52min. Horas depois, o Capitão-Tenente Fernando Vilela tornou-se o primeiro brasileiro a pousar um AF-1 no A-11.
Já o primeiro lançamento via catapulta ocorreu no dia 18 de janeiro de 2001 durante a Operação Catrapo I entre 13 e 24 de janeiro, feita pelo N-1006, novamente pilotado por Dan Caning.
A partir daí a unidade passou a operar regularmente, não só em terra, mas a bordo do NAel Minas Gerais, e a partir de 2001 com a saída do “Minas”, no NAe São Paulo (A12). Em maio daquele ano foram realizados os primeiros toques e arremetidas. Já no dia 30 de julho, ocorreram os primeiros pousos de um AF-1 a bordo do A-12, realizados pelo N-1009 e pelo N-1014. No dia 1o de agosto, ocorreriam as primeiras catapultagens, realizadas pelos N-1011 e N-1009. O VF-1 operou embarcado até maio de 2004, quando devido a um acidente a bordo o navio foi “docado” para reformas. No entanto, devido a uma série de problemas ele nunca mais voltou à ativa, sendo descomissionado em 2017. Isso fez com que a unidade passasse a operar apenas em terra.
Entre os dias 16 e 23 de setembro de 2009, os AF-1A N-1021 e N-1022 realizaram o lançamento de quatro mísseis AIM-9H no Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI), em Natal (RN). Em abril de 2010, na Operação MissilEx, o lançamento real de AIM-9H foi repetido.
Passados mais de 15 anos desde sua ativação, a unidade começou a se preparar para ingressar em uma nova fase operacional com a chegada da versão modernizada do A-4 Skyhawk, que desde 2009 vinha sendo planejada junto com a Embraer Defesa e Segurança (EDS). Originalmente seriam 12 aeronaves, sendo nove AF-1 e três AF-1A, que na Aviação Naval passaram a ser designadas respectivamente como AF-1B e AF-1C. Porém, devido a alguns atrasos, problemas orçamentários e reformulações, esse número foi sendo alterado até chegar a seis unidades operacionais, o que também afetou o cronograma de entregas. O N-1011, primeiro A-4 modernizado, voou em 13 de julho de 2013. As entregas iniciaram-se em maio de 2015.
Os Falcões do VF-1
Comandado pelo Capitão de Fragata (FN) Rogerdson Fabiano da Costa Pereira da Silva, o VF-1 é similar a qualquer unidade de caça, e compreende os seguintes setores: Operações, Manutenção, Segurança de Voo e Administração. A vida operacional da unidade gira em torno de dois hangares e quatro HLV (Hangares de Linha de Voo), onde é realizado o guarnecimento diário das aeronaves. Toda a manutenção de primeiro escalão é feita pela unidade. Já a manutenção de segundo e terceiro escalões é realizada pelo Grupo Aeronaval de Manutenção. Itens específicos, como por exemplo, motores, são revisados por empresas homologadas pela Diretoria de Aeronáutica da Marinha.
Por doutrina, a missão do Esquadrão VF-1 é interceptar e atacar alvos aéreos, além de localizar, acompanhar e atacar alvos de superfície a fim de contribuir para a defesa aeroespacial e a proteção de forças navais. Dentro da Doutrina Militar Naval (DMN), o uso das aeronaves AF-1 pode estar contextualizado no desenvolvimento de operações de ataque, operações anfíbias, operações de esclarecimento e operações ribeirinhas, além das ações de defesa aeroespacial e aeronavais.
Para se tornar piloto do Esquadrão Falcão, a caminhada se inicia no Centro de Instrução e Adestramento Aeronaval (CIAAN), localizado naBAeNSPA e, basicamente, está consolidada em um ciclo de formação constituído por um binômio FAB-US Navy. Os primeiros passos dos candidatos selecionados para a Aviação Naval entre os Oficiais da Armada, Fuzileiros Navais e Quadro Complementar, começa com o curso teórico de aviação com aulas de navegação, meteorologia, aerodinâmica, teoria de voo, entre outros.
Após cinco meses de aulas teóricas, parte dos alunos é enviada ao 1o Esquadrão de Helicópteros de Instrução (HI-1) onde realiza um curso de asas rotativas, e outra parte segue para à Academia da Força Aérea (AFA) em Pirassununga/SP para voar aeronaves de asas fixas no 2o Esquadrão de Instrução Aérea (2o EIA). Serão seis meses e aproximadamente 60 horas no Neiva T-25C Universal. De dois a quatro alunos seguem depois para o 1o EIA, também na AFA, para voar cerca de 100 horas no Embraer T-27 Tucano. Os demais são enviados ao HI-1 para a transição ao helicóptero.
Dos dois a quatro que permanecem na AFA, um ou dois alunos irão para a USN cursar o Total System. Lá voarão o T-45C Goshawk nas mais diversas situações, inclusive a bordo de porta-aviões, quando aprenderão a pousar e a decolar. Não houve necessidade de qualquer alteração na formação dos Aviadores Navais de asas fixas com a chegada dos AF-1B/C, uma vez que a aeronave T-45C, usada no curso norte-americano, já incorpora o glass cockpit.
Ao lograr êxito na USN, o novo caçador segue para o VF-1, onde será adaptado ao AF-1B/C, realizando o ground school, simulador e a transição para a aeronave, composta pelos estágios básico (pré-solo, voo solo, IFR e formatura básica e tática) e operacional (emprego tático). Na fase tática ele voará os AF-1 como um sistema de armas, realizando missões de interceptação, ataque a alvos de superfície (terrestre e marítimo), combate aéreo, apoio aéreo aproximado e Reabastecimento em Voo (REVO), tanto nas aeronaves KC-130M da FAB, como nos próprios AF-1, empregando o sistema de Buddy Store. A formação incluirá ainda o intercâmbio de pilotagem, realizado nos Esquadrões do 3º GAV da FAB, voando o A-29A/B Super Tucano. O VF-1 também forma seus próprios instrutores.
O AF-1B/C Skyhawk
Neste ano de 2020, a unidade ingressou no último ano de sua transição operacional para a versão modernizada do AF-1. Isso porque a previsão é de que as entregas sejam finalizadas até março de 2021 com a chegada das duas últimas aeronaves: o AF-1B N-1004 e o AF-1C N-1021 – no momento em fase de conversão na planta de Gavião Peixoto/SP da EDS. Com isso, a unidade irá ficar com seis AF-1 modernizados, sendo quatro monoplaces (AF-1B N-1001, N-1004, N-1008 e N-1013) e dois biplaces (AF-1C N-1022 e N-1023). O planejamento da Marinha do Brasil é de que essas aeronaves sejam empregadas pelo VF-1 até 2035, quando deverá encerrar a vida útil das células. Vale lembrar que ao todo, sete Skyhawks foram modernizados pela Embraer, sendo que dois deles sofreram acidentes. O primeiro foi o N-1011, perdido ao largo da costa do Rio de Janeiro a 100 quilômetros de Saquarema no dia 16 de julho de 2016 durante um voo de treinamento, o que infelizmente causou a morte do piloto. Já o N-1013 saiu da pista durante a decolagem no dia 21 de outubro de 2019 na BAeSPA e ficou danificado após um princípio de incêndio. Essa aeronave será recuperada com o apoio da Embraer, devendo retornar à ativa.
Frota de AF-1B/C do VF-1:
Para as demais células, cerca de 10 que não serão modernizadas, existe a possibilidade de serem vendidas. Já existe o interesse de algumas empresas estrangeiras na compra de um lote, sendo que hoje os detalhes dessa possível transação estão sendo tratados pelo Setor de Material da Marinha do Brasil. É bem provável que elas sejam vendidas a empresas privadas que prestam serviços de treinamento dissimilar. Hoje, empresas como a Draken International, com 7 A/TA-4K + seis A-4H e o AeroGroup, com quatro A-4F, prestam serviços de DATC (Dissimilar Air Combat Training) para as forças armadas americanas e seus aliados, tornando-se assim, potenciais clientes para os nossos AF-1/A.
Os AF-1B/C ampliaram os horizontes do esquadrão. O pacote de modernização inclui um novo sistema de comunicação/navegação; novo piloto automático; instalação do sistema de alerta-radar (RWR) e de autoproteção (chaff & flare); um novo HUD (Head-Up Display) e o emprego do sistema HOTAS (Hands On Throttle And Stick). O principal sensor da aeronave é o radar multimodo israelense Elta EL/M 2032, que permite o uso de mira montada em capacete (HMD – Helmet Mounted Display).
O EL/M 2032 possui os seguintes modos de operação: ar-ar, ar-mar, ar-solo e navegação, e tem como principal tarefa detectar e rastrear alvos aéreos e de superfície, além de fornecer medida de distância ar-solo para o subsistema de pontaria de armas. No sub-modo TWS (Tracking While Scan), ele é capaz de localizar e rastrear automaticamente 64 alvos marítimos ou terrestres. No modo SAR (Abertura Sintética), faz o mapeamento terrestre em operações de esclarecimento (reconhecimento).
Além de armamentos convencionais, como bombas e mísseis ar-ar, os A-4 do VF-1 podem empregar, além dos dois canhões Colt Mk.12 de 20 mm, bombas de exercício Mk.76 e BEX-11, bombas convencionais da série Mk.81/82/83, bombas da série Mk.82/83 com kits de guiamento a laser (LGB) e mísseis ar-ar AIM-9 Sidewinder. Atualmente, existem estudos avançados, e bastante detalhados, para ampliar esse leque sob a forma de integração de novos armamentos, com ênfase no emprego antinavio, o que significa serem capazes de atacar embarcações de superfície.
Porém, o principal foco para 2020 é a consolidação do emprego dos AF-1B/C em consonância com as necessidades operativas da Esquadra e do Corpo de Fuzileiros Navais, fazendo com que as aeronaves modernizadas realizem as tarefas previstas, contribuindo para a defesa da nossa Amazônia Azul.
Para isso, continuarão as missões em conjunto com a FAB, que contribuem para o adestramento dos pilotos do VF-1 e também dela mesma, pois permite a troca de conhecimentos, atualização de doutrina e ascensão operacional, principalmente nas ações de defesa aérea da força naval. Essas operações incluem a realização não só de missões de emprego ar-ar e ar-solo, mas também de Reabastecimento em Voo (REVO) e desenvolvimento da doutrina BVR (Beyond–Visual-Range), junto à FAB, mesmo que o AF-1 não tenha um míssil ar-ar BVRAAM (Beyond–Visual-Range Air to Air Missile).
Além disso, os diversos deslocamentos para bases aéreas localizadas ao longo de nossa costa será uma realidade cada vez mais presente, já que a intenção do uso do binômio AF-1B/C x PHM Atlântico é cobrir a maior área possível de nossas águas jurisdicionais.
Mar limpo é vida
No final de 2019, o VF-1 participou da operação “Amazônia Azul – Mar Limpo é Vida”, da Marinha do Brasil. Esse foi o nome dado à missão de conter os efeitos e realizar a limpeza, especialmente, no Nordeste do país, do vazamento de óleo vindo do alto-mar que poluiu boa parte do nosso litoral.
Vale lembrar que as primeiras manchas apareceram na costa brasileira ao longo do litoral da Paraíba e de Sergipe no dia 30 de agosto de 2019. Em pouco tempo, de pequenas quantidades de óleo que poluíam a costa, o fluxo não parou mais de chegar ao litoral, e, cada vez em maiores quantidades, ocasionando um desastre ambiental. A suspeita é de que o vazamento tenha origem em um petroleiro de onde teria vazado óleo cru oriundo da Venezuela em águas internacionais a cerca de 600 quilômetros da costa. Até o dia 1o de dezembro, o número de localidades afetadas chegou a mais de 800 em 115 municípios de 10 estados, prejudicando praias, manguezais, bancos coralinos e a economia dessa região, com mais de 4,7 mil toneladas de óleo. Ao norte, o óleo em forma de petróleo bruto atingiu a costa do Maranhão, e ao sul, passou pela Bahia e Espírito Santo chegando em pequenos resíduos à costa norte do Rio de Janeiro. Foi o maior desastre ambiental já ocorrido no litoral brasileiro.
Para conter e limpar o litoral, diversos órgãos federais, estaduais, municipais e privados se uniram, formando mutirões. Imediatamente, a Marinha do Brasil tomou a dianteira de várias ações enviando navios para a região, bem como efetivos para livrar o litoral dos detritos que mais pareciam uma forma de piche pegajoso. O objetivo prático das ações da Marinha foi o de conter os efeitos poluidores do vazamento de óleo, tanto no mar quanto na costa nordestina; realizar ação de presença nos locais mais atingidos pelo vazamento de óleo; coordenar atividades de proteção da biodiversidade; e conduzir exercícios com enfoque em Operações Antissubmarino, de Ataque, Anfíbia, de Esclarecimento, de Apoio Logístico Móvel, Ações de Superfície e Patrulha Naval.
O VF-1 fez uma série de missões no nordeste brasileiro como parte da operação “Amazônia Azul – Mar Limpo é Vida”, voltadas para ações de presença, operações de esclarecimento e patrulha das rotas marítimas. Para cumprir essas missões, houve uma preparação específica com foco nas técnicas de uso do radar Elta EL/M 2032 durante os voos de esclarecimento, bem como uma abordagem sobre as normas de direito que versam sobre o uso dos espaços marítimos a respeito dos quais o Brasil exerce jurisdição.
A FAB auxiliou na mobilização e desmobilização com aeronaves de carga/transporte, apoiando os 40 militares da unidade (seis aviadores navais), além de transportar suprimentos e ferramental de manutenção, vitais para manter a rotina de inspeções previstas e não programadas das aeronaves. Isso garantiu o índice de 100% de disponibilidade durante toda a operação dos dois Skyhawks utilizados – AF-1B N-1008 e AF-1C N-1022, que voaram ao todo 100 horas.
A missão começou no dia 5 de novembro de 2019, na BAeNSPA, sendo finalizada no dia 20 de dezembro do mesmo ano. Durante esses 45 dias, as aeronaves operaram a partir da BAeNSPA e também das bases da FAB, na ALA 10 em Natal/RN, e na ALA 9 em Belém do Pará/PA. Dentre os locais visitados, destacam-se as cidades de Belém/PA, Oiapoque/AM, São Luís/MA, Lençóis Maranhenses/MA, Natal/RN e os remotos arquipélagos do Atol das Rocas/RN, Fernando de Noronha/PE e o longínquo Arquipélago de São Pedro e São Paulo/PE.
Sem dúvida, nestas últimas três localidades, os AF-1 voaram sobre áreas ímpares da geografia do país e do mundo, onde raramente uma aeronave de combate sobrevoa. Para a unidade, um fato que chamou a atenção dos pilotos nos voos de patrulha foi a autonomia e o alcance das aeronaves, bem como a capacidade dos seus sensores, que, em última análise, alongaram o braço da Esquadra Brasileira, permitindo patrulhar uma vasta área marítima de maneira rápida e eficiente. Algo sem precedentes na Aviação Naval.
O AF-1 permitiu a presença da Marinha do Brasil em localidades oceânicas remotas, como o Arquipélago de São Pedro e São Paulo, distante quase 600 milhas da costa. O feito ganha ainda mais relevância se levarmos em conta que as surtidas foram realizadas sem a necessidade de reabastecimento em voo e com autonomia de sobra para regressar ao continente. Todos os voos foram feitos em coordenação conjunta com os navios da Esquadra, permitindo além dos voos de patrulha, voos operacionais e de treinamento.
A participação na “Amazônia Azul – Mar Limpo é Vida” é o maior deslocamento a partir de terra feito pelos Skyhawk, do VF-1 até hoje, especialmente se olharmos a quantidade de localidades visitadas em um curto espaço de tempo. No entanto, em termos de duração e mobilização logística, a missão acompanhou os padrões de campanhas de operação anteriores fora de sede.
Linha do Horizonte
Ao olhar para o horizonte, o VF-1 vê o amadurecimento e o incremento operacional que a operação do AF-1 modernizado está trazendo para a unidade. Isso se reflete diretamente na capacidade que os sensores e os sistemas de armas das aeronaves trouxeram, cujos resultados expressivos podem ser vistos, seja durante o lançamento de armamentos reais em operações com a Esquadra, com o Corpo de Fuzileiros Navais, ou ainda, nos voos de esclarecimento feitos na área da Amazônia Azul.
Ainda dentro desse contexto, vale ressaltar a consolidação das operações entre as aeronaves AF-1 e o PHM Atlântico (A140) que resultou em um binômio capaz de potencializar as capacidades da Marinha, algo que deverá ser ampliado com a chegada das aeronaves de reabastecimento em voo KC-2 Turbo Trader.
Sendo assim, o futuro do Esquadrão VF-1 a curto prazo será o de continuar contribuindo para a defesa aeroespacial e para a proteção das Forças Navais dentro da Amazônia Azul, operando a partir de terra e lançando mão de seu alcance, autonomia e presteza para se fazer presente sobre nossos mares e rios.
IN AERE DEFENSIO MARIS.