Leste da República Democrática do Congo está se deteriorando. O “agravamento da situação” na República Democrática do Congo (RDC) neste início de 2023 motivou a visita de uma delegação do Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU), que relata “uma deterioração considerável”, em particular, na conturbada região leste do país.
Com a capital da província de Kivu do Norte, Goma, cercada de numerosos ataques a civis, militares da RDC e forças da MONUSCO (La Mission des Nations Unies pour la stabilisation en République démocratique du Congo), incluindo um batalhão de infantaria sul-africano, uma unidade combinada de helicópteros da South African Air Force (SAAF) e elementos do South African Military Health Service (SAMHS), que também estão na linha de fogo dos grupos rebeldes.
“A intensificação do conflito com o M23 e o ativismo persistente de outros grupos armados, incluindo ADF (Forças Democráticas Aliadas), Zaire e CODECO (Cooperativa para o Desenvolvimento do Congo), para citar alguns, continuam a infligir sofrimento intolerável à população civil população”, disse Bintou Keita — Representante Especial do Secretário-Geral Antonio Guterres para a RDC ao Conselho de 15 membros.
Keita apontou as províncias de Kivu do Norte, Kivu do Sul e Ituri como exemplos de deterioração, onde centenas de milhares de pessoas fugiram de abusos de grupos armados, bem como de confrontos entre o M23 e as Forças Armadas da RDC (FARDC) e entre CODECO e militantes do grupo Zaire, muitas vezes por disputas sobre o controle de minas de ouro na região. No Kivu do Norte, os combates entre os rebeldes M23 e as FARDC, já deslocaram mais de 900 mill pessoas com uma necessidade crescente de assistência humanitária.
“Esta crise humanitária continua está sendo uma das mais negligenciadas do mundo. As populações deslocadas vivem em condições precárias”, afirmou.
Nesse contexto, ela pediu a mobilização de mais recursos para implementar adequadamente o plano de resposta humanitária de 2023, que agora requer US$ 2,25 bilhões. Keita condenou os persistentes impedimentos ao acesso humanitário, incluindo um ataque a um helicóptero Atlas Oryx da SAAF viando pelo Serviço Aéreo Humanitário da ONU (UNHAS) em 5 de fevereiro — gerando a morte de um militar, que forçou o Programa Alimentar Mundial (PAM) a suspender temporariamente os voos em zonas de conflito. Ela pediu a todas as partes no conflito “que respeitem o direito humanitário internacional e facilitem o acesso humanitário a pessoas vulneráveis”.
A situação pode gerar uma perda de controle de uma eminente saída das tropas das Nações Unidas, deixando a RDC a sua própria sorte, o que geraria mais instabilidade na região central da África. 2022 foi um dos anos mais mortíferos já registrados para as forças de paz da MONUSCO operando em um “ambiente cada vez mais complexo, volátil e perigoso”.
@CAS