

Le Bourget 2025 — Airbus leva a melhor sobre a Embraer. Mais um resultado da péssima política externa do governo brasileiro, a Embraer perdeu um contrato bilionário para a Airbus com a LOT, um cliente de mais de 25 anos da empresa brasileira.
A LOT Polish Airlines optou por encerrar a parceria com a fabricante brasileira e comprometeu-se em 16/06 a adquirir 40 jatos A220 em um negócio de US$ 2,7 bilhões. O anúncio, feito com ministros e lideranças de França e Polônia, ocorreu no Paris Air Show 2025. O governo francês, também, assinou em maio com sua contraparte polonesa um grande tratado de apoio mútuo.
Será uma encomenda de 40 A220, sendo 20 A220-100 (100 a 135 assentos) e 20 A220-300 (120 a 160 lugares) com entregas a partir de 2027 e mais 44 opções. O negócio já era esperado. Porém, apesar da LOT ter dito que foi uma escolha “técnica”, enumerando as capacidades do A220, a decisão teria sido política.
O negócio colocará fim em um relacionamento de 26 anos entre a empresa aérea polonesa e a fabricante brasileira, iniciado em 1999 com a incorporação dos primeiros jatos regionais ERJ-145 (48 assentos). Pouco tempo depois, a LOT tornou-se a cliente lançadora da família E-Jet ao receber o primeiro E170 (75 lugares). O primeiro voo comercial, em 17 de março de 2004, foi realizado por um E170, entre Varsóvia (Polônia) e Viena (Áustria). O voo de 85 minutos e 520 km marcou o início do grande sucesso da nova família de jatos da Embraer.
De lá para cá foi uma parceria de sucesso, com a LOT operando os E175, o E190 e o E195. Hoje são 44 aeronaves Embraer em Serviço, incluindo três E195-E2, recebidos a partir de agosto de 2024.

A Embraer já sabia que perderia o contrato, mesmo com a introdução do E2 no ano passado na LOT. A Empresa disse mais tarde que a decisão teria sido manchada pela política. Para a Embraer, o E2 é a melhor aeronave para empresa, capaz de gerar economias de 13% em relação ao Boeing 737, ao qual seria complementar e não um concorrente como o A220. A decisão, na visão da fabricante, foi influenciada por um momento excepcional criado pelas questões políticas e a guerra na Ucrânia.
“Entendemos que estamos vivendo em um momento excepcional em que a geopolítica desempenha um papel importante”, disse a Embraer em um comunicado após a LOT anunciar o pedido. A Embraer ainda afirmou que a LOT deixará de economizar milhões de euros ao ter de realizar a transição entre os E-Jets e o A220.
A escolha da Airbus marcou uma reversão estratégica para a LOT, que há muito tempo constrói sua frota com aeronaves da Boeing e da Embraer. A LOT disse que, em vez disso, eliminaria gradualmente seus jatos do Brasil da frota.
O elemento político do acordo ficou palpável durante a cerimônia de anúncio na feira de Paris, onde a sala de conferências da Airbus ficou lotada de dignitários da Polônia, França e até mesmo do Canadá, onde o Airbus A220 é montado. A Polônia enviou um ministro, além de embaixadores, e o ministro dos Transportes da França, Philippe Tabarot, fez um breve discurso.
“A concorrência tornou-se muito mais política do que até mesmo um pedido normal de aeronave civil”, disse Nick Cunningham, analista da Agency Partners. Mas que “elemento político” pesou contra a Embraer, se o E2 é um excelente avião?
A má comunicação do atual governo federal associada a suas políticas ideológicas políticas tem causado danos em vários setores. O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, tem se posicionado desde o início da Guerra da Ucrânia a favor de Putin e de grupos terroristas. Além disto, a visita dele a Moscou em maio, para comemorar o 80º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial, foi mal recebida na Polônia, um país que é crítico ferrenho da invasão da Ucrânia por Vladimir Putin. Lula não foi convidado para a cerimônia do lado Ocidental.
A crise na Ucrânia tem sido o fator balizador. A França e a Polônia estão tentando reparar relações diplomáticas anteriormente tensas, se aproximando política e economicamente.
Questionado sobre uma possível influência política sobre o acordo, o CEO da LOT, Michal Fijol, se esquivou. “Não foi um processo fácil, recebemos duas ofertas muito competitivas”, disse Fijol. “Mas estou satisfeito porque a Airbus nos queria mais”.
A Embraer não queria? Claro que queria. Ele — o CEO da LOT foi polido. O que pesou foi, sem dúvida, a falta de um olhar e de uma atitude mais decisiva por parte do governo brasileiro. Quantos empregos e divisas gerariam até 84 aeronaves construídas com o selo Made In Brazil?
Um exemplo que cuidar da sua indústria é papel do Governo foi a política de vendas de aeronaves, vista no mês passado, quando o presidente Donald Trump, em turnê pelo Oriente Médio, ajudou a trazer para casa o maior pedido de aeronaves de grande porte da história da Boeing.
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