LAAD 2025: aeronave portuguesa LUS-222 é desenvolvida com a participação de brasileiros. O LUS-222, primeira aeronave concebida e industrializada em Portugal, está sendo apresentado na LAAD Defence & Security 2025, feira internacional de defesa e segurança que acontece entre 1 e 4 de abril no Riocentro, no Rio de Janeiro (RJ).
O projeto é liderado pelo Centro de Tecnologia e Inovação Aeroespacial (CTI Aeroespacial), formado por especialistas da Força Aérea Portuguesa, do Centro de Engenharia e Desenvolvimento de Produto (CEiiA) e da empresa Geosat. Uma delegação com representantes das entidades que integram o CTI Aeroespacial estarão presentes na LAAD.
O projeto do LUS-222 conta com a colaboração de 20 engenheiros brasileiros especialistas em aeronáutica que integram a equipe do programa LUS-222 em Portugal, comandando algumas frentes do projeto. Já a empresa AKAER, de São José dos Campos (SP), será a responsável pela fabricação, no Brasil, da fuselagem, asa completa, estabilizadores e superfícies de controle da aeronave portuguesa.
O bimotor leve de asa alta LUS-222 com capacidade para transportar 19 passageiros ou até 2.000 kg de carga util, foi projetado para operações militares, busca e salvamento, transporte logístico, bem como o setor de aviação civil regional. Com alcance de até 2.100 km e velocidade máxima de 370 km/h, a aeronave é equipada com porta de carga traseira, que agiliza o embarque e desembarque de fardos, e trem de pouso fixo, o que lhe permite operar em pistas não pavimentadas — diferentemente da maioria das aeronaves do segmento — o torna ideal para atividades em regiões remotas.
Oportunidades de mercado
O desenvolvimento do LUS-222 ocorre em um momento em que várias forças armadas estão investindo na modernização de suas frotas, trocando aviões antigos ou próximos do fim do ciclo de vida por modelos mais modernos e sustentáveis. É o caso da própria Força Aérea Portuguesa e da Força Aérea Brasileira, que procura um substituto para o bem-sucedido Embraer EMB-110 Bandeirante.
Além disso, nos últimos dez anos, Portugal e Brasil mantiveram uma parceria no setor de defesa e segurança, com o objetivo de capacitar a Força Aérea Portuguesa. Nesse contexto, o país europeu adquiriu aviões dos modelos KC-390 e A-29 fabricados pela Embraer. O programa LUS-222 visa recolocar em prática essa parceria, mas no sentido inverso, com a compra do avião português pelas forças militares brasileiras.
Foco em sustentabilidade
O primeiro voo do LUS-222 está previsto para o início de 2028. O conceito da aeronave já está fechado, e as equipes de engenharia trabalham agora no desenho de detalhes. O investimento no projeto ultrapassa os 220 milhões de euros, já incluindo o valor destinado à construção da fábrica onde será feita a montagem do avião, em Ponte de Sor, Portugal.
O programa da aeronave inclui um braço de pesquisa e desenvolvimento focado em estudar e avaliar a utilização de motores e combustíveis alternativos, bem como de materiais e processos de fabricação e montagem mais sustentáveis. A ideia é incorporar fontes de energia limpa (como hidrogênio, sistemas de propulsão elétrica ou híbridos e baterias de amônia), usar fibras naturais no isolamento acústico e empregar a realidade aumentada para otimizar a manutenção da aeronave e reduzir custos.
A fábrica de Ponte de Sor foi projetada para a montagem de 12 aviões LUS-222 por ano, com funcionamento em um turno. Dependendo da demanda, será possível duplicar a produção, com a operação da unidade em dois turnos. Iniciativas comerciais com quatro forças aéreas e empresas globais de transporte de carga já estão em andamento.
Imagens de satélite de alta resolução
Outro produto do CTI Aeroespacial que será apresentado na LAAD Defence & Security 2025 é o Radar de Abertura Sintética (SAR), satélite capaz de gerar imagens de 30 centímetros de resolução. Criada para integrar a Constelação do Atlântico — sistema de observação de territórios terrestres e marítimos desenvolvido por Portugal e Espanha —, a tecnologia visa apoiar a gestão de emergências.
A Constelação do Atlântico inclui 16 satélites e um centro de processamento e fusão de dados, o Atlantic Data Hub. O sistema gera imagens submétricas com revisita intradiária, com impactos na Defesa e Segurança, na Economia e na Sustentabilidade.
O CTI Aeroespacial reúne as três entidades responsáveis pela implementação da Constelação do Atlântico em Portugal: a Geosat, operadora do sistema; o CEiiA; e a Força Aérea Portuguesa.
Sobre o CTI Aeroespacial
Nascido de uma parceria entre a Força Aérea Portuguesa, o CEiiA e a Geosat, o CTI Aeroespacial é um centro de tecnologia e inovação dedicado à criação e ao desenvolvimento de conhecimentos, tecnologias e aplicações para a indústria aeroespacial, a fim de dar resposta a desafios globais e auxiliar a construção de uma sociedade mais segura e sustentável. Nos próximos anos, as atividades do CTI Aeroespacial vão focar o desenvolvimento da aeronave regional ligeira LUS-222 e da capacidade SAR (Radar de Abertura Sintética), bem como a articulação do conhecimento com universidades e a indústria para a formação de cadeias de valor na área da defesa e segurança.
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