KC-46 flying boom: erro da USAF custa US$ 100 milhões. Recentemente a Inspetoria Geral do Departamento de Defesa dos Estados Unidos – órgão que fiscaliza as ações e decisões das Forças Armadas Americanas, apresentou um relatório (DODIG-2021-088) que afirma que “ao ignorar as mudanças de projeto feitas pela Boeing no flying boom (lança de reabastecimento do KC-46A), a USAF perdeu oportunidade de detectar antecipadamente os problemas no sistema, a tempo de evitar um esforço de redesenho do projeto que custou US$ 100 milhões”.
Outro ponto do relatório diz que o serviço realizado pelo fabricante também “não garantiu que tecnologias críticas para a lança de reabastecimento da aeronave fossem demonstradas em um ambiente de teste relevante”, disse o Inspetor Geral do Departamento de Defesa em um relatório divulgado em 21 de maio.
O relatório da inspetoria geral também adiciona outros detalhes a senda de problemas que continuam a assombrar e perseguir o programa KC-46A. Muitos desses problemas, incluindo o com o flying boom são descritos como “tecnologia imatura”, que não foi suficientemente testada antes do início da produção da aeronave. Um destes apontamentos fala que “a lança de reabastecimento do KC-46A é muito rígida e, portanto, não é capaz de se estender ou se retrair enquanto estiver conectada a uma aeronave receptora de combustível. Como resultado, os pilotos das aeronaves reabastecidas precisam fazer grandes correções de potência do motor, para ajustar a posição da aeronave para frente ou para trás para manter contato com a lança de reabastecimento. As grandes correções de potência do motor podem resultar em operações de voo potencialmente inseguras durante o processo de desconexão da aeronave receptora da aeronave de reabastecimento. Um destes processos perigosos é que ao usarem inadvertidamente o excesso de potência do motor ou mesmo não usassem potência suficiente para manter a conexão, o piloto, ao se desconectar da lança após sua aeronave ser reabastecida, poderia enfrentar uma situação em que sua aeronave aceleraria rapidamente em direção ou para longe do KC-46″.
Além disto, ao manter “acelerada” para ficar em contato com a lança de reabastecimento, os pilotos podem acidentalmente empurrar a lança, causando danos, acrescenta o relatório. Como resultado, o KC-46A não pôde reabastecer a aeronave de apoio aéreo aproximado Fairchild Republic A-10 ou as várias variantes do Lockheed Martin C-130. A USAF disse que o A-10 não tem o impulso necessário para conectar e se manter ligado ao flying boom. Além de “proibir REVOS” com o C-130 a A-10, a USAF teve que emitir ordens técnicas operacionais limitando outras aeronaves que teoricamente podem reabastecer como o Pegasus, como os Boeing B-52, C-17 e F-15; os Lockheed Martin F-16, F-35A, o McDonnell Douglas KC-10 e mesmo vetores de REVO como Boeing KC-135 e o próprio KC-46A. Estas restrições vão desde limitar aeronaves quando a amplitude de movimento da lança é reduzida, até as aeronaves estão proibidas de reabastecer a noite ou em cenários de visibilidade ruim.
O projeto da lança de reabastecimento do KC-46A foi baseado na lança do KC-10 e suas posições de controle e movimento baseadas na lança do KC-767A italiano e do KC-767J japonês. Essas tecnologias foram consideradas bem comprovadas e, portanto, maduras o que retirou a necessidade de mais análises. No entanto, durante a revisão preliminar do projeto em 2012, a Boeing apresentou um novo projeto de lança que “significativamente diferente”, segundo o Inspetor Geral do Departamento de Defesa. A nova lança do KC-46A passava a ser controlada por computador e não mais hidromecanicamente como a do KC-10. Aqui, segundo o relatório, foi o salto drástico, pois o flying boom do KC-46A era novo e deveria ter sido revisado, analisado e, posteriormente, testado in loco. Ao invés disto foi aprovado, sem que as mudanças de design e revisões necessárias fossem feitas.
“Se os funcionários do escritório do programa KC-46 tivessem administrado efetivamente o desenvolvimento e o teste do flying boom, a USAF não teria que gastar US$ 100 milhões adicionais para o redesenho da lança de reabastecimento para atingir o desempenho necessário”, afirma o relatório. O trabalho de retrofit não deve começar antes de janeiro de 2024 e o valor inicial de US$ 100 milhões não inclui a mão de obra.
“Esse atraso limita o uso do tanque KC-46A. Além disso, o Comandante do Comando de Transporte dos Estados Unidos apontou que a frota de reabastecimento aéreo é a mais estressada de toda a força de transporte e afirmou que qualquer atraso na produção do KC-46 colocará em risco a capacidade de executar planos de guerra com eficácia”, conclui o relatório.
Fonte: USAF
@CAS