Jatos de ataque A-10 Warthog para a Ucrânia? O Comandante da USAF, General Charles Q. Brown, disse que a Ucrânia terá de iniciar a transição dos seus antigos jatos de combate soviéticos por modernos aviões ocidentais “não russos”. Na mesma linha de pensamento, o Secretário da USAF, Frank Kendall, surpreendeu jornalistas ao afirmar que não rejeita a ideia de transferir jatos de ataque A-10 Warthog para a Força Aérea da Ucrânia (UAF). As afirmações foram feitas durante o Fórum Anual de Segurança de Aspen, no Colorado (EUA), que iniciou ontem (20/07) e deve durar até o final da semana.
“O venerável A-10… não é um sistema que vamos precisar contra os tipos de adversários que mais nos preocupam agora”, respondeu Kendall a um questionamento do jornalista David Ignatius, do Washington Post.
“Por que não fornecemos aqueles A-10 para a Ucrânia?” perguntou Ignatius para Kendall após terminar sua resposta.
“O General Brown abordou essa questão esta manhã sobre quais aviões de combate a Ucrânia pode estar interessada. Isso depende em grande parte deles… Sistemas mais antigos dos EUA são uma possibilidade. Estaremos abertos a discussões sobre quais são seus requisitos e como podemos satisfazê-los”, respondeu Kendall.
Cabe lembrar que na sua solicitação de orçamento mais recente para o ano fiscal de 2023, a USAF pediu para desativar 21 Warthogs. Essas aeronaves certamente provaram ser úteis nas últimas duas décadas ao apoiar operações de combate de baixa intensidade em ambientes permissivos, mas há dúvidas crescentes sobre sua utilidade em futuros conflitos de alto nível em espaço aéreo contestado.
Em sua palestra, o General Brown foi questionado sobre o treinamento de pilotos ucranianos nos Estados Unidos. “Não posso especular qual aeronave eles podem querer. Será algo não-russo”, respondeu o Oficial-General da USAF, observando que existem ofertas europeias, além das americanas, como possibilidades.
Na semana passada a Câmara dos Representantes dos EUA votaram a favor de financiamento para treinamento de pilotos de caça ucranianos em uma emenda no projeto de Lei da National Defense Authorization Act (NDAA) para ano fiscal de 2023. A emenda precisa ser finalizada e reunida na versão que está no Senado, antes de seguir para a votação final e ir para a sanção do presidente Joe Biden.
Sem dúvidas, os comentários de Kendall e Brown são notavelmente diferentes das respostas que deram no mês de março passado, quando foram questionados sobre o envio dos A-10 para a Ucrânia. Na época, ambos foram enfáticos que não nenhuma possibilidade, discussão ou planos para tal transferência.
A questão de enviar jatos de combate ocidentais para a Ucrânia foi levantada várias vezes desde que a Rússia iniciou a invasão em fevereiro. Apesar de fortes apelos de membros do Congresso dos EUA, autoridades e militares ucranianos e da comunidade internacional, o governo Biden tem resistido fortemente essa hipótese, alegando preocupações sobre uma possível escalada e generalização do conflito.
Entretanto, essa atitude tem mudado nas últimas semanas, inclusive com a transferência de Sistemas de Foguetes de Artilharia de Alta Mobilidade (HIMARS) e Sistemas de Mísseis Avançados de Médio Alcance Terra-Ar (NASAMS). Até pouco tempo, esse tipo de fornecimento de armas era visto como totalmente fora dos limites.
Até pouco tempo atrás, a possibilidade de aposentadoria de jatos A-10 era motivo para amplas discussões no Congresso Americano. Inclusive os legisladores bloquearam os planos da USAF de alienar qualquer Warthogs, sob a exigência de comprovação que não haverá perdas de capacidades de apoio aéreo aproximado. Esta posição de longa data está agora cedendo, e a versão atual do NDAA concorda com a proposta da USAF de aposentar 21 jatos A-10 no próximo ano fiscal.
Em um editorial publicado no mês de março, o General Aposentado da USAF Philip Breedlove (ex-Chefe do Comando Europeu dos EUA) e Kurt Volker (ex-representante especial dos EUA para Ucrânia), afirmaram que graças aos programas de intercâmbio militar anterioresao conflito com a Rússia, a Força Aérea Ucraniana teria um pequeno número de pilotos treinados em jatos A-10 da USAF.
Parece que linhas distantes estão convergindo lentamente para um ponto em comum. A aposentadoria contestada dos A-10 da USAF e o fornecimento desses jatos ocidentais para as forças armadas ucranianas. Esse cenário satisfaria os EUA, a Ucrânia e seus Aliados. Mas como agiria Vladimir Putin diante disso? Aguardemos as cenas dos próximos capítulos.
Siga-nos no Twitter @RFA_digital
@FFO