Japão e Alemanha vetam a aquisição de caças à Arábia Saudita. No último mês, a Arábia Saudita deve dois vetos importantes do mercado defesa. O primeiro da Alemanha e agora do Japão. Ambos se recusaram fornecer novos vetores de combate de caça, o que poderá favorecer agora a França e seu Rafale F4.
As razões citadas para essas rejeições são predominantemente diplomáticas, girando em torno da polêmica questão do conflito no Iêmen e da imperiosa necessidade de respeito aos direitos humanos.
Em meados de julho, veio à tona que o governo alemão havia frustrado definitivamente a venda de 48 aeronaves de combate Eurofighter EF-2000 Typhoon Tranche 4, um caça de 4,5 geração, incitando assim a ira do Reino Unido. Por outro lado, Espanha e Itália, ambos membros integrantes do consórcio europeu, optaram por manter uma postura um tanto branda de neutralidade em relação à Alemanha.
A Arábia Saudita tentou negociar um acordo com a Grã-Bretanha, estipulando que as 48 aeronaves fossem montadas exclusivamente pela BAE Systems. Esse arranjo excluía visivelmente a Airbus e a Leonardo, permitindo seu envolvimento apenas em processos secundários. A Royal Saudi Air Force (RSAF) planejava complementar os seus 72 Typhoons já existentes com estes 48 EF-2000, que permitiriam desativar os cerca de 80 Panavia Tornado IDS.
Quando se trata de examinar a Arábia Saudita, a questão dos direitos humanos freqüentemente surge como um ponto controverso. A postura da Alemanha, em particular, é caracterizada por certa contenção em aceitar que equipamentos de defesa, mesmo que apenas parcialmente produzidos por eles, sejam empregados no que é amplamente percebido como um conflito étnico que se desenrola atualmente no Iêmen.
Além disso, a predileção do sistema judiciário saudita pela aplicação da pena de morte — muitas vezes por decapitação ou apedrejamento — é vista com profunda desaprovação pelo público alemão, que se opõe veementemente a todas as formas de pena de morte.
Como se não bastassem as implicações com a Alemanha, uma potencial tensão diplomática entre Riad e Tóquio está surgindo. Vale ressaltar que a questão em questão não é a objeção do Japão à pena de morte na Arábia Saudita, visto que o próprio Império Japonês a tem, ainda que com execuções pouco frequentes.
De fato, Tóquio comunicou recentemente sua firme oposição à participação da Arábia Saudita na iniciativa de aeronaves de 6ª geração, identificada como Global Combat Air Programme (GCAP), anteriormente conhecido como Tempest. Essa postura é reforçada pelos japoneses destacando uma realidade inegável: deficiência de experiência em tecnologia aeronáutica na Arábia Saudita. A decisão foi ratificada pelo Japão (NHI) aos parceiros do GCAP — Reino Unido (BAE Systems) e Itália (Leonardo).
É palpável a apreensão de que este último cenário desacelere o programa euro-asiático a tal ponto que haja necessidade de adiar o voo inaugural. Isso, por sua vez, poderia afetar o cronograma para o início do serviço da aeronave de produção inicial.
A Royal Saudi Air Force apostara suas esperanças no Tempest (GCAP) como o sucessor de sua F-15C/D Eagle, uma frota que deve ser desativada em 15 anos. O veto da Alemanha pode de fato atuar como um catalisador em favor da Dassault Aviation. É de conhecimento público desde dezembro os sauditas estão o caça francês Rafale F4, face ao inesperado vetor ao Typhoon Tranche 4.
Em relação à intrincada questão dos Direitos Humanos, é amplamente reconhecido que a França ocasionalmente desvia o olhar, potencialmente minando sua própria credibilidade. No entanto, é pertinente reconhecer que, no âmbito das relações internacionais, as considerações emocionais muitas vezes cedem às necessidades pragmáticas.
Em uma escala de tempo mais extensa, é plausível que a Alemanha possa impor um veto semelhante ao SCAF como fez no Typhoon Tranche 4. Além disso, a Espanha poderia alinhar-se com a Alemanha nesta questão controversa. No caso do veto japonês, pode-se especular que Ryad poderia ser impelido para o abraço protetor dos Estados Unidos e seu NGAD.
@CAS