Israel x Irã: sete dias de guerra. O conflito entre Israel e Irã completa uma semana, sem perspectivas de uma solução pacífica e já envolvendo outros jogadores, como os EUA, China, Rússia, Reino Unido e China. A segunda semana promete seguir com os ataques mútuos.
Além dos ataques diretos de ambos os lados, muitas ameaças de iranianos e israelenses, o assunto mais comentado do conflito nos últimos quatro dias foi a participação direta ou não dos EUA nos ataques. A USAF mobilizou também diversas aeronaves de reabastecimento em voo – mais de 35, que teriam transladado diversos caças F-35A e F-22A dos EUA para a Europa, e de lá, supostamente, espalhado-os por bases no Oriente Médio como Jordânia, Catar e Arábia Saudita.
Ontem, o presidente americano Donald Trump disse em coletiva que ainda não tomou uma decisão e que esta seria somente dele. El avisou que irá pensar nas próximas duas semanas sobre o assunto, isto é, se realiza ataques aéreos ao lado de Israel contra o Irã. As tais duas semanas, segundo a imprensa americana, já são um mantra de Trump, que costuma “dar este tempo” em vários assuntos de relevância.
Porém, ao posicionar vetores da USAF e US Navy ao alcance do território do Irã e inclusive cogitar o uso dos Northrop Grumman B-2A armados com a bomba Boeing GBU-57A/B Massive Ordnance Penetrator (MOP) o presidente dos EUA dá sinal que está “cercando” o Irã. A pressão de Trump ao Irã é por rendição incondicional. O que significa abdicar do programa nuclear e derrubar o regime criado em 1979, após a Revolução Islâmica.
Hoje, além de mais de 35 aeronaves de Reabastecimento em Voo (REVO) espalhadas pela região, há aeronaves F-16C/D, F-15E, F-22A e F-35A da USAF cercando o Irã. Tabém a USA Navy está apta, com dois porta-aviões. O USS Nimitz (CVN 68) que está chegando à região hoje e o USS Carl Vinson (CNV 70) continuam na região.
Porém, o “buraco é mais embaixo” e esta situação difere de uma guerra tarifária, onde o empresário Donaldo Trump lida mais à vontade e tem margem de “manobra”. Derrubar o regime pode criar um novo Iraque ou Líbia, onde o “caos passou a reinar” fomentando muitos dos problemas que vemos hoje. O Estado Islâmico (ISIS) nasceu disto. Além disso, o Irã pode se fragmentar e se dividir, com parte do país passando para o controle dos curdos, xiitas e azeris, entre outros. Além disto, envolve questões nucelares.
O presidente Emmanuel Macron da França falou sobre isto no encontro do G7 – que derrubar o regime não é a solução. Apesar da comunidade europeia apoiar Israel, poucos falam abertamente em derrubar o regime. A exceção é a Alemanha, que através do Chanceler Joachim-Friedrich Martin Josef Merz.
Trump, além de ouvir outros países interessados, também deve esperar em duas semanas que “algo novo aconteça”. Tipo, a guerra se resolva. Cessar-fogo. Rendição do aiatolá. Aliás, a possibilidade de queda do regime tem aguçado a lista de sucessores, a maioria no Irã formada por opositores ou regime e presos políticos. Porém, até mesmo o filho mais velho do último xá do Irã, Reza Pahlavi, é candidato à sucessão. Ele vive exilado nos EUA na Virgínia.
Reza Pahlavi é filho do antigo xá Mohammad Reza Pahlavi e de Farah Diba, e era o príncipe herdeiro antes da Revolução Islâmica de 1979. Após a revolução, ele e sua família foram exilados e se estabeleceram nos Estados Unidos, onde ele continuou seus estudos universitários. Desde então, Reza Pahlavi tem se dedicado a atividades políticas, buscando o apoio internacional para uma transição democrática no Irã. Ele lidera o Conselho Nacional do Irã, um grupo de oposição exilado, e tem feito aparições públicas e entrevistas para discutir a situação no Irã e promover a mudança política.
O Irã disse que está atacando instalações militares e de defesa em Israel, mas também atingiu um hospital e outras instalações civis. Israel acusou o Irã na quinta-feira (19/06) de alvejar civis deliberadamente com o uso de munições de fragmentação, que dispersam pequenas bombas por uma ampla área.
A missão do Irã nas Nações Unidas não respondeu imediatamente a um pedido de comentário. Como nenhum dos países recuou, os ministros das Relações Exteriores do Reino Unido, França e Alemanha, juntamente com a chefe de política externa da União Europeia, devem se reunir em Genebra com o ministro das Relações Exteriores do Irã para tentar acalmar o conflito nesta sexta-feira (20/06). Ato sem efeito.
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, disse nesta sexta-feira (20) que o conflito entre Israel e o Irã pode “acender um fogo que ninguém poderá controlar”. “Nós temos de evitar isso”, disse o português ao comentar a guerra, que entrou em sua segunda semana.
Guerra por procuração
Apesar de ser um conflito direto entre Israel e Irã, na prática, ela também é uma guerra por procuração, onde aliados de Israel têm dado não só apoio político, como militar indireto, fornecendo armas, missões de inteligência e até interceptando mísseis e drones iranianos. O caso mais visível é dos EUA, que contam com respaldo de países da OTAN, da Arábia Saudita e da Jordânia.
Por outro lado, China e Rússia têm validado o Irã, pois tem investimentos fortes no país em áreas nucelares, marítimas e comerciais. A China, por sua vez, teria inclusive enviado aeronaves ao Irã, provavelmente com insumos ou mesmo armas, para ajudar na guerra contra Israel. A Rússia tem boas relações com Israel e, por isto, Vladimir Putin declarou hoje necessário evitar uma 3ª Guerra Mundial, que ocorrerá com uma escalada do conflito e a entrada de outros players.
A grande mudança será se os EUA entrarem de fato no conflito, atuando diretamente nos ataques. Isto poderá mudar muitas coisas, desde a posição de China e Rússia, até mesmo de alguns países da região, que podem ver isto com uma interferência para com Israel que envolva não só soberania, mas questões religiosas, algo que, no fundo, é um dos pilares deste conflito. O presidente russo, Vladimir Putin, e o presidente chinês, Xi Jinping, condenaram Israel e concordaram que a distensão é necessária, disse o Kremlin na quinta-feira (19/06).
Trump declarou hoje (20/06) que a OTAN não irá entrar no conflito. Macron, por sua vez, falou que é preciso retirar a capacidade de enriquecimento de urânio do Irã, mas não vetar o uso da energia nuclear, desde que esta seja fiscalizada com mais rigor. Algo que não se provou eficiente.
+ ataques aéreos de Israel
Nos últimos três dias, Israel, através da IAF com apoio do IDF, intensificou os bombardeios aos diversos alvos no Irã. Surtidas de até 50 aeronaves decolam durante todos os períodos do dia e da noite. O que se tem visto é que quatro alvos são prioritários para Israel. Toda a infraestrutura nuclear. Sítios de lançamentos de mísseis e estruturas militares, o que inclui aeroportos, bases, comunicações e comando e controle. Fábricas de mísseis e áreas de produção de insumos militares. Alvos específicos de alto valor, incluindo aí alto escalão da IRCG, IRIAF, IRIRN e do Governo Xiita do Aiatolá (“sinais de Alá” ou “sinais de Deus”) Ali Khamenei.
O conflito aéreo entre Israel e Irã entra na segunda semana nesta sexta-feira (20/06). OS números são controversos, mas informações dos ataques aéreos israelenses já teriam matado mais 640 pessoas no Irã e deixado mais de 1500 feridos, informou a Agência de Notícias de Ativistas de Direitos Humanos. Entre os mortos, a lista inclui desde o alto escalão militar e cientistas nucleares até civis.
Israel afirmou que pelo menos 24 civis israelenses morreram em ataques com mísseis iranianos e que ao menos 200 feridos já foram registrados. Nenhuma agência independente conseguiu verificar a veracidade dos números.
Israel tem superioridade aérea aparentemente total. Não há registros de aeronaves da IRIAF criando obstáculos ao “vai e vem” dos caças que fazem surtidas a qualquer hora do dia ou da noite. A IAF tem como alvo instalações nucleares e capacidades de mísseis, mas também busca destruir o governo do líder supremo aiatolá Ali Khamenei, de acordo com autoridades ocidentais e regionais.
“Estamos visando a queda do regime? Isso pode ser um resultado, mas cabe ao povo iraniano se levantar por sua liberdade”, disse o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu na quinta-feira (19/06) em uma declaração.
A maioria dos voos, para cobrir os em média 1500 km de ida e mais 1500 km de volta, precisa de REVO feito pelos KC-707 Re’em do 120 Sq sediados em Nevatim (LLNV). Somente os F-16I e F-15I têm a “força” de ir e vir sem necessidade de dois REVOS ou mesmo direto, caso dos F-16I. Isto tem gerado um problema para a IAF. A frota envelhecida de KC-707 tem dificuldades de manter o ritmo. Fontes não confirmadas dizem que a IAF poderá ter ajuda de reabastecedores da USAF. Algo que não é bem-visto pela própria USAF.
Entre os ataques mais comentados nos últimos dias, ocorreu na usina nuclear de Arak, em 19 de junho. Jatos israelenses bombardearam um reator nuclear em construção no centro do Irã durante uma onda de ataques aéreos no sétimo dia do conflito entre os dois países.
O exército israelense disse que atacou o núcleo do reator de água pesada de Arak para impedir que ele fosse usado para “desenvolvimento de armas nucleares”. O IDF disse que seus caças atingiram dezenas de locais no Irã, incluindo Natanz e o reator nuclear de água pesada, que originalmente era chamado de Arak e agora se chama Khondab.
Os militares disseram que o ataque teve como alvo específico “a estrutura do selo central do reator, que é um componente essencial na produção de plutônio”.
A Agência Internacional de Energia Atômica confirmou que o reator foi atingido e que não continha material nuclear. O combustível irradiado de reatores de água pesada contém plutônio adequado para uma bomba nuclear. O Irã – que afirma que seu programa nuclear é inteiramente pacífico – concordou, em um acordo de 2015 com potências mundiais, em redesenhar e reconstruir Arak para que não pudesse produzir plutônio para armas.
Mais de 25 caças da IAF atacaram e destruíram mais de 35 instalações de armazenamento e lançamento de mísseis nas áreas de Tiberíades e Kermanshah, no Irã, na manhã de 20 de junho. Isto virou cotidiano nos últimos sete dias.
Caças Boeing F-15D Baz da Força Aérea Israelenses do 133 Sq sediada em Tel Nof (LLEK) foram vistos decolando para realizar missões de reconhecimento de ataque sobre o Irã, não armado com bombas, mas com um pod de câmera “Ophir” de Fotografia Oblíqua de Longo Alcance (Long Range Oblique Photography – LOROP). As forças israelenses provavelmente estão usando essa configuração para caçar lançadores de mísseis balísticos iranianos. Curiosamente, foram vistos com mísseis AIM-7 Sparrow. Algo raro hoje em dia.
O irã ataca de volta
No mesmo dia do ataque a Arak, o Irã revidou com um bombardeio de mísseis iranianos que atingiu vários locais em Israel, danificando um hospital no sul do país, e Israel atacou o reator nuclear de água pesada de Arak, no Irã, enquanto os dois países trocam tiros pelo sétimo dia consecutivo.
Pelo menos 240 pessoas ficaram feridas nos ataques iranianos, incluindo quatro gravemente, conforme o Ministério da Saúde de Israel. A maioria sofreu ferimentos leves, incluindo 70 no Centro Médico Soroka, na cidade de Bersheba, no sul de Israel.
O Irã afirmou que o ataque tinha como alvo uma instalação militar. O Ministro das Relações Exteriores, Abbas Araghchi, afirmou que o ataque com mísseis atingiu um centro militar e de inteligência israelense localizado perto do hospital de Soroka, causando apenas “danos superficiais a uma pequena parte” da unidade de saúde.
Projéteis iranianos também causaram impactos em pelo menos seis outros locais, incluindo Tel Aviv e dois de seus distritos — Holon e Ramat Gan, de acordo com relatos da mídia local.
Um ataque com míssil iraniano feriu 23 pessoas na parte norte de Israel na sexta-feira (20/06), informou o Magen David Adom dos serviços de emergência, enquanto os dois países continuam trocando mais ataques.
Três pessoas ficaram gravemente feridas, incluindo um adolescente de 16 anos, que sofreu ferimentos por estilhaços na parte superior do corpo, informou o MDA. Outros dois – um homem de 40 anos e um homem de 54 anos – tiveram ferimentos por estilhaços nas pernas, e uma mulher sofreu um ataque cardíaco enquanto se abrigava e morreu, disseram os paramédicos.
Uma autoridade militar israelense disse que o Irã disparou aproximadamente 20 mísseis contra Israel no ataque, que ocorreu enquanto um esforço diplomático para negociar uma solução para o conflito começou em Genebra entre ministros das Relações Exteriores europeus e o ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araghchi.
Antes da reunião, Araghchi disse que seu país “não tem nada a discutir” com os Estados Unidos enquanto Israel continuar seus ataques ao Irã, mas está aberto ao “diálogo” com outros, embora não a negociações.
Entre os alvos mais notáveis atingidos em Israel hoje estava a cidade portuária de Haifa. O prefeito local, Yona Yahav, confirmou que o Irã havia atingido “dois pontos estratégicos” na cidade próximo ao porto.
Haifa abriga a principal base naval das Forças de Defesa de Israel, que abriga submarinos, corvetas e outras embarcações. Ainda não está claro se este era o alvo pretendido e se foi atingido ou não.
O canal de TV israelense Canal 12 informou hoje que a empresa de transporte marítimo internacional Maersk decidiu suspender todos os seus movimentos de embarque para o porto até novo aviso.
Israel x Irã: os primeiros 4 dias. O conflito Israel x Irã completou o quarto dia de guerra, onde a temática segue o mesmo ritmo. Irã atacando com mísseis balísticos e drones e Israel realizando intensa saturação aérea dentro do território iraniano.
Áreas residenciais, refinarias de petróleo e instalações nucleares foram atingidas em bombardeios desde a sexta (13/06). Até o início desta segunda-feira (16/06), ao menos 224 pessoas morreram no Irã e 28 em Israel — incluindo crianças, deixando dezenas de feridos.
Seguem os ataques de Israel
Desde o segundo dia dos ataques ao Irã, Israel alega ter superioridade aérea no país, ou ao menos na região oeste e sobre a capital Teerã, criando um corredor seguro direto ligando Israel ao Irã. De fato, não há registros de combates aéreos, dando a entender que houve pouca resistência da IRIAF. Segundo o IDF, não há registros de perdas de aeronaves da IAF na operação Leão Ascendente!
Nas últimas 48 horas, os militares israelenses realizam vários ataques contra alvos militares em Teerã e em outras partes do país, em especial o complexo de enriquecimento de urânio de Natanz. Neste domingo (15/06), uma autoridade israelense informou ao “The Wall Street Journal” que os bombardeios podem ter implodido as instalações subterrâneas de Natanz.
Outro fato curioso foi um terremoto de M 2.5 Richter, registrado na província de Qom, onde fica a instalação nuclear de Fordow. O abalo teria ocorrido na mesma hora em que os caças da IAF estavam atacando a região, por volta das 20h do dia 15 de junho de 2025. Isto pode conotar que os ataques aéreos com bombas de penetração podem ter implodido a usina nuclear de Fordow.
A Força Aérea de Israel atingiu e desmantelou alvos militares em Teerã, disseram as Forças de Defesa de Israel (IDF) no domingo. “A IAF atacou e desmantelou locais de produção de mísseis terra-terra, locais de radar de detecção e lançadores de mísseis terra-ar em Teerã, sob a direção da Diretoria de Inteligência da IDF”, disse a IDF em um comunicado.
Desde esta manhã de 16/06, a IAF identificou vários caminhões contendo armas, incluindo lançadores de mísseis terra-ar, avançando do oeste do Irã em direção a Teerã. Vários foram destruídos pelos ataques de caças F-16C/D/I e F-15I. Além disto, sistemas de radar, sistemas de controle de tráfego aéreo e comunicações foram atacados.
As IDF disseram que a IAF atacou “infraestrutura de mísseis terra-terra” no oeste do Irã nesta segunda-feira (16/06). As IDF também afirmaram ter atingido lançadores de mísseis e veículos aéreos não tripulados (VANTs) iranianos, frustrando uma tentativa de lançamento desses VANTs em direção a Israel.
Ataque a infraestrutura de energia do Irã
O Irã compartilha o campo de gás de South Pars, o maior do mundo, compartilhado com o Catar. O local foi atingido por Israel no sábado (14/06), fazendo com que o Irã suspendesse parcialmente a produção de gás. Segundo dados iniciais, os ataques foram nas áreas de refino e armazenamento do lado iraniano.
Israel atacou a indústria energética e o Ministério da Defesa do Irã na noite de sábado (14/06), deixando um depósito de combustível em chamas durante a noite nos arredores de Teerã. Em seguida, enviou alerta de evacuação para civis que moravam perto de fábricas de armas e, no domingo, lançou um raro ataque diurno à capital.
O Ministério do Petróleo do Irã confirmou que o depósito de combustível e gasolina de Shahran, em Teerã, pegou fogo durante o ataque israelense na noite de sábado. Testemunhas relataram que o depósito foi tomado por um grande incêndio.
Destruíndo aeronaves no solo
Ao que consta, várias aeronaves da IRIAF e da IRCG teriam sido atacadas ainda no solo pela IAF, que destruiu e danificou várias delas. Entre as mais divulgadas, estão os relatos de destruição no solo do Aeroporto de Mashad MHD (ICAO/OIMM), onde estava o único KC-747 operacional da IRIAF – matrícula 5-8107, baseado na plataforma civil de um Boeing 747-100(SF) convertido para missões de reabastecimento em voo.
A Força Aérea Israelense confirmou o ataque ao Aeroporto de Mashhad, distante aproximadamente 2.300 km do seu território. No comunicado, a IAF disse que um avião-tanque foi destruído, mas não especificou o modelo da aeronave atingida. Foi o ataque mais longe de seu território já efetivado pela IAF.
Para este profundo ataque em território iraniano, Israel teria utilizado mais uma vez os seus caças F-16I Sufa, os quais são equipados com tanques de combustível conformais, bem como 3 tanques alijáveis externos, além do suporte de reabastecimento em voo dos KC-707 da IAF. As imagens também mostram que um Boeing 747-200 configurado para transporte de passageiros também foi afetado pelo ataque de Israel em Mashhad..
Outra informação divulgada pelas Forças de Defesa de Israel (IDF) em 16/06 diz respeito à Israeli Air Force (IAF) que destruiu em solo dois Grumman F-14A Tomcat da Islamic Republic of Iran Air Force (IRIAF).
“Há poucos minutos, um avião da Força Aérea Israelense sobrevoando Teerã alvejou dois caças F-14 em uma base militar em Teerã. Esses caças estavam sendo usados para interceptar aeronaves da Força Aérea Israelense operando em céus iranianos”, publicou as IDF em sua contra no X.
Aparentemente, o ataque foi feito na área militar do Tehran Mehrabad International Airport (THR/OIII), que abriga uma base aérea com várias unidades de transporte e uma de MiG-29. Os F-14A estariam de alerta para interceptar os caças israelenses que, desde o dia 12/06, vêm efetivando diversos ataques aéreos ao país. O “strike” teria sido feito com bombas GBU-39/B SMB. Informações não confirmadas dão conta de que eles teriam sido danificados pelo Mossad.
A IRIAF ainda tem cerca de 30 F-14A dos 79 recebidos a partir de 1976, antes da Revolução Islâmica. Eles operam em três unidades (81, 82 e 83 Esquadrão de Caças Táticos) sediados na Base Aérea de Shahid Beheshti anexa ao Aeroporto Internacional Esfahã (OIFM).
Ataques a Tel Aviv, Jerusalém e Haifa
Irã alertou a população para evacuar áreas próximas a importantes instalações militares e de segurança de Israel. Até o dia 16/06, nove ondas de ataques de mísseis balísticos e drones foram feitos desde o início do conflito. Mais de 350 mísseis já foram disparados contra Israel.
O coronel Reza Sayad, porta-voz das forças armadas do Irã, fez o anúncio enquanto uma saraivada de projéteis iranianos caía em vários locais de Israel. Sayad alertou a população de Israel para não morar perto ou viajar para “locais vitais, sensíveis e importantes”, porque o exército iraniano tem um banco de dados desses alvos que continua atacando. Ele disse que o Irã já “atingiu com sucesso alvos sensíveis e importantes, incluindo centros militares e de segurança” em Israel.
O alerta do Irã ocorre após Israel ter emitido um alerta semelhante no domingo. Israel ordenou que os iranianos que vivem perto de instalações de produção de armas evacuassem, alegando que a proximidade colocaria suas vidas em risco.
“Israel continuará a intensificar sua operação contra o Irã, diz chefe do Estado-Maior das IDF”.
Duas pessoas foram evacuadas para o hospital com “ferimentos leves por estilhaços” depois que um bombardeio iraniano atingiu o norte de Israel, informaram os serviços de emergência no dia 15/06. Um vídeo do serviço nacional de emergência de Israel, Magen David Adom (MDA), mostrou equipes de resposta atendendo a um grande incêndio na área de Haifa em meio a cenas de destruição.
O Grupo Bazan, que tem sede em Haifa, em Israel, informou que todas as instalações de sua refinaria foram fechadas após um ataque do Irã ter danificado uma usina de energia usada para produzir vapor e eletricidade, de acordo com um documento divulgado nesta segunda-feira (16/06). A refinaria está localizada na Baía de Haifa. O grupo afirmou que o ataque iraniano matou três funcionários da empresa. A ofensiva teria acontecido na manhã desta segunda.
Um oficial militar israelense, falando sob condição de anonimato, disse que mesmo as defesas aéreas avançadas não conseguiram parar todos os mísseis quando o Irã lançou grandes barragens, como fez na noite de sábado.
“Com essas quantidades, de centenas de projéteis, infelizmente haverá acertos”, disse o oficial. “Mesmo o melhor sistema de defesa aérea não chega a 100%”.
A organização Islamic Republic of Iran Broadcasting (IRIB), da qual a emissora de TV estatal do Irã – Islamic Republic of Iran News Network (IRINN) é parte, sofreu um ataque aéreo. O ataque ao prédio foi atacado no momento em que a apresentadora Sahar Emami fazia comentários sobre a guerra.
A IRIB disse que um de seus funcionários foi morto no ataque aéreo israelense feito dia 16/06. A emissora estatal não especificou se o funcionário, identificado como Masoume Azimi, morreu quando Israel atacou o prédio do canal da televisão estatal iraniana IRINN, que faz parte da IRIB.
As IDF disseram que a IAF havia atacado um “centro de comunicação que estava sendo usado para fins militares pelas Forças Armadas Iranianas”.
Trump vetou um plano para atar o líder iraniano
O presidente dos EUA, Donald Trump, rejeitou um plano dos israelenses para matar o líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, disseram duas autoridades americanas à CNN.
No fim de semana, um segundo alto funcionário americano disse à CNN que os israelenses tiveram a oportunidade de matar o líder supremo do Irã. Os EUA comunicaram aos israelenses que o presidente Trump se opôs a esse plano e o plano não foi executado.
Em meio a ondas constantes de ataques recíprocos entre Israel e Irã, o presidente Donald Trump vem deixando claro, pública e privadamente, seu desejo de manter os Estados Unidos fora da briga por enquanto, receoso de se envolver em outra guerra no Oriente Médio e altamente atento às mudanças políticas de seu partido. Mas os Estados Unidos estão ajudando a interceptar mísseis do Irã direcionados a Israel.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse a Bret Baier, da Fox News, na manhã de domingo, que há “tantos relatos falsos de conversas que nunca aconteceram e não vou entrar nesse assunto” quando questionado sobre as notícias sobre o plano. Um porta-voz de Netanyahu disse à CNN que as notícias de que Trump rejeitaria um plano israelense são “FALSAS”.
Netanyahu: atacamos o Irã para evitar “holocausto nuclear”
O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu disse à Fox News no domingo (15/06) que lançou ataques aéreos contra o Irã para evitar “um holocausto nuclear”, alegando que seu governo tinha informações de que o Irã estava a meses de desenvolver uma arma nuclear inicial. “Tínhamos que agir”, disse Netanyahu a Bret Baier, da Fox, no domingo. “Era a última hora, e agimos. Para nos salvar, mas também… para proteger o mundo deste regime incendiário. As informações que obtivemos e compartilhamos com os Estados Unidos foram absolutamente claras: eles estavam trabalhando em um plano secreto para transformar o urânio em uma arma, estavam avançando muito rapidamente e conseguiriam um dispositivo de teste e possivelmente um dispositivo inicial em poucos meses, e certamente em menos de um ano”, disse ele.
“Isso é algo que não poderíamos aceitar”, continuou ele. “Não teremos um segundo holocausto, um holocausto nuclear. Já tivemos um, no século passado – o Estado judeu não vai permitir que o holocausto seja cometido contra o povo judeu. Isso não vai acontecer.”
Questionado se a mudança de regime estava entre seus objetivos no Irã, Netanyahu disse: “Certamente poderia ser o resultado, porque o regime iraniano é muito fraco. 80% das pessoas expulsariam esses bandidos teológicos. Eles atiram em mulheres porque seus cabelos estão descobertos. Atiram em estudantes. Eles simplesmente sugam o oxigênio dessas pessoas corajosas e talentosas, o povo iraniano. A decisão de agir, se fizer cair desta vez o regime, é a decisão do povo iraniano”.
Os líderes do G7 que viajam para o Canadá para uma cúpula que começa na segunda-feira provavelmente tentarão usar seu tempo com o presidente dos EUA para instá-lo a manter os EUA fora do conflito e usar sua influência com Israel para intermediar um cessar-fogo.
Trump alegou estar trabalhando nos bastidores em um acordo. “Em breve, teremos PAZ entre Israel e o Irã!”, disse ele em uma publicação em sua plataforma Truth Social. “Muitas ligações e reuniões estão acontecendo agora. Eu faço muita coisa e nunca recebo crédito por nada, mas tudo bem, o POVO entende”.
Trump falou sobre a guerra com o aliado iraniano Vladimir Putin e o emir do Catar, Tamim bin Hamad al-Thani, que está em contato direto com o presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, desde sexta-feira.
Friedrich Merz, o chanceler alemão, telefonou para o líder de Omã, o sultão Haitham bin Tariq al-Said, que sediaria as negociações entre os EUA e o Irã, segundo um porta-voz do governo. Eles discutiram a importância de interromper o conflito e impedir que o Irã obtenha armas nucleares.
Israel x Irã: primeiras 48 horas
Nas primeiras 48 horas, o confronto aberto entre Israel e Irã ganhou as manchetes, com ambos os lados realizando ataques diretos ao território inimigo, deixando o mundo em compasso de espera. O que se sabe de mais este conflito até aqui?
Ataques de Israel
Um ataque sem precedentes de Israel contra o Irã. Duzentos caças israelenses bombardearam mais de 100 locais em todo o Irã durante a madrugada de sexta-feira e continuaram durante o dia, no que chamaram de “ataques preventivos”, visando instalações nucleares e altos funcionários iranianos. As Forças de Defesa de Israel (IDF) disseram que os ataques mataram o Chefe do Estado-Maior do Exército iraniano, o chefe da Guarda Revolucionária, o comandante de elite das Forças Quds e três cientistas nucleares seniores.
Israel teve como alvo principal a instalação nuclear de Natanz, no centro do Irã, que, segundo Israel, sofreu danos significativos. O armamento utilizado pelo F-16I Sufa nos ataques de 13 de junho incluía a Small Diameter Bomb (SDB) GBU-39/B e o míssil AIM-120B AMRAAM. Cada jato carregava oito bombas GBU-39, totalizando 48 em toda a formação, além de dois mísseis AIM-120 e três tanques de combustível externos.
Imagens do Ministério da Defesa de Israel mostraram que o F-16I do 107 Sq, sediados na Base Aérea de Hatzerim (LLHB). Estas aeronaves voaram mais de 2000 km para atingir seus alvos na “Operação Leão Ascendente”.
O F-16I Sufa – “Tempestade” em hebraico, é uma versão customizada do Lockheed Martin F-16D Block 50/52 Fighting Falcon, projetado especificamente para a IAF e lançado em 2004 pelo programa Peace Marble V. Projetado tanto para missões de superioridade aérea quanto de ataque ao solo, ele tem peso de decolagem de 23.600 kg, o que é uma capacidade de carga útil maior do que os F-16 padrão. É considerado o F-16 mais poderoso já construído.
Israel declarou estado de emergência em todo o país, aguardando a resposta de Teerã. O Irã lançou mais de 150 drones contra Israel na manhã de quinta-feira e pelo menos 200 mísseis balísticos em três ondas de ataque.
O primeiro-ministro Netanyahu disse que presumia que a retaliação do Irã “poderia vir em ondas muito pesadas”. O Secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, disse que os EUA “não estavam envolvidos” na ação “unilateral” de Israel contra o Irã.
Os 200 caças israelenses atingiram mais de 100 alvos em todo o Irã. Entre as aeronaves empregadas estão os F-35I Adir, F-15I Ra’am, F-15C Baz e F-16C/D Barak e o vetor principal da operação, o F-16I Sufa.
Os “ataques preventivos” são parte da “Operação Leão Ascendente” e começaram na noite de sexta-feira, 13/06, e continuaram durante todo o dia. As IDF disseram que os ataques mataram o chefe do Estado-Maior do Exército iraniano, Mohammad Bagheri, o comandante da Guarda Revolucionária Islâmica, Hossein Salami, e o comandante da Força Aérea da Guarda Revolucionária Islâmica, Amir Ali Hajizadeh.
Autoridades iranianas disseram ao The New York Times que o comandante da Força de elite Quds da Guarda Revolucionária, Ismail Ghaani, também foi morto. Três cientistas nucleares iranianos de alto escalão, Fereydoon Abbasi (ex-chefe da Organização de Energia Atômica do Irã e sancionado pelo Conselho de Segurança da ONU em 2007), Mohammad Mehdi Tehranchi (trabalhou em projetos de armas nucleares iranianos e foi sancionado pelos EUA em 2020) e Ahmadreza Zolfaghar, teriam sido mortos.
Israel atacou a instalação nuclear de Natanz, que abriga atividades de enriquecimento de urânio, no centro do Irã. As Forças de Defesa de Israel (IDF) afirmaram que a instalação, incluindo seu complexo subterrâneo onde estão localizadas as centrífugas, foi danificada “significativamente”.
A organização de energia atômica do Irã relatou um vazamento radioativo no local, mas sem contaminação fora da instalação. Mais tarde, na sexta-feira (13/06), as Forças de Defesa de Israel (IDF) afirmaram que Israel havia atacado uma instalação nuclear em Isfahan e que a operação estava em seus estágios iniciais. Ainda na sexta-feira (13/06), a mídia iraniana noticiou que explosões foram ouvidas na cidade de Qom e na instalação nuclear subterrânea de Fordow, bem como na cidade de Isfahan e nos aeroportos de Bushehr e Bushanad. Segundo a Al Jazeera, drones israelenses atacaram perto do aeroporto de Tabriz.
As Forças de Defesa de Israel (IDF) afirmaram que os drones destruíram posições de radar e lançadores de mísseis terra-ar em todo o país. Ataques aéreos israelenses teriam como alvo bases de mísseis perto de Teerã e nas cidades de Kermanshah, Khondab e Khorramabad.
O jornal iraniano Nour News informou que 82 pessoas foram mortas e mais de 329 ficaram feridas em ataques a áreas residenciais em Teerã.
A agência de inteligência israelense Mossad estabeleceu uma base para drones carregados de explosivos dentro do Irã, que foi ativada durante o ataque israelense, disse uma fonte de segurança israelense na sexta-feira, lançando ataques contra lançadores de mísseis terra-terra em uma base perto de Teerã.
Paralelamente aos ataques aéreos, o Mossad teria realizado diversas operações de assassinato dentro do Irã. Segundo a fonte de segurança, unidades de comando do Mossad operaram no centro do Irã, posicionando sistemas de armas guiadas de precisão perto de baterias de mísseis terra-ar iranianos.
O primeiro-ministro Netanyahu disse que a operação contra o Irã “continuará enquanto for necessário para eliminar a ameaça existencial que paira sobre nós”. Ele descreveu a campanha como “um momento decisivo na história de Israel”. O conselheiro de segurança nacional de Israel disse que Israel não tem intenção atual de atacar a liderança política do Irã. O chefe das IDF, Eyal Zamir, disse que Israel “lançou a ofensiva porque chegou a hora, chegamos ao ponto sem retorno”, chamando-a de “campanha crítica para evitar uma ameaça existencial de um inimigo que clama abertamente por nossa destruição”. Ele acrescentou que “um alto nível de prontidão e disciplina é necessário na frente civil”.
As IDF disseram na sexta-feira que o Irã estava “avançando com um plano secreto” para obter armas nucleares, no qual “cientistas nucleares seniores no Irã estavam trabalhando para desenvolver secretamente todos os componentes necessários para o desenvolvimento de uma arma nuclear”.
Trump, que presumivelmente considera a ação israelense aceitável, agora precisará agir rapidamente para extinguir o fogo de uma guerra regional, que ameaça os interesses americanos em outras frentes e deve elevar os preços do petróleo. A liderança iraniana é considerada radical há anos, mas não irracional. Ela terá que avaliar os riscos após ter sido surpreendida e duramente atingida no ataque inicial de Israel. É provável que altos líderes iranianos se sintam pessoalmente ameaçados após o assassinato de vários oficiais de defesa.
IRIAF
Algo importante chamou a atenção nestes dois dias de ataques mútuos. Se o Irã não enviou aeronaves de combate tripuladas (apenas UAS) para o espaço aéreo israelense, o contrário não ocorreu. A IAF “alugou” o espaço aéreo iraniano, chegando a ter mais de 200 aeronaves de combate sobre o país persa. Onde estava a IRIAF ou Islamic Republic of Iran Air Force?
A IRIAF tem cerca de 550 aeronaves de combate, sendo a maioria vetores antigos, como o F-4D/E, F-5E/F, F-5E Saeghe, F-14A, F-1BQ/EQ, F-7N, FT-7N, MiG-29A e Su-24MK. Talvez o mais moderno deles sejam os Su-35E, recém-incorporados em janeiro de 2025. E, ao que consta, poucos exemplares (quatro?) estariam em serviço.
É uma miscelânea. Mas, por que a IRIAF não foi capaz de interceptar os caças da IAF? Apesar de raros relatos sem comprovação de que poderia ter um F-35I sido abatido, o fato é que as aeronaves da IAF foram e voltaram sem ser incomodadas.
A IAF teria atacado ao menos seis bases aéreas e alega ter destruído aeronaves no solo. Ainda carece de comprovação. Mas o fato é que os caças israelenses voaram mais de 2000 km e entraram no Irã, sem ter sido incomodados. E mais, Israel alega ter conseguido superioridade aérea a ponto de criar uma estrada para Teerã.
Talvez a explicação esteja no fato de que a IAF teria anulado parte das bases onde estariam os caças do Irã ou estes estavam em sua maioria fora de ação. Ao que consta, seis bases aéreas foram atacadas. Que bases foram estas? Ao que se sabe, seis foram atingidas. Entre elas estão:
Tabriz/Shaheed Fakouri (OITT) – Unidades de F-5E/F (1), F-5F Saeghe (1) e de MiG-29 (1).
Hamadan/Nojeh (OIHS) – Unidades de F-4E (1) e RF-4E (1).
Dezful/Vahdati (OIAD) – Unidades de F-5E/F (2).
Internacional Esfahã/Shahid Beheshti (OIFM) – Unidades de F-14 (4) e F-7N (1).
Aeroporto Internacional de Shiraz/Shahid Dastghaib (OISS) – Unidades de Su-24Mk (3), C-130E/H (2), IL-76TD (1) e P-3F (1).
Teerã-Mehrabad (OIII) – Unidades de MiG-29 (1), B707-3J9C (Elint) (1), 747 e 707 REVO (1), RC-130H (1), C-130E/H (1), VIP (1), CH-47 (1) e outras de transporte.
Não há confirmação se a base de Oghab 44 AB, onde ficam os Su-35E e uma unidade de F-4E, foi atingida.
A reação dos EUA
O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, disse que os EUA “não estavam envolvidos” na ação “unilateral” de Israel contra o Irã , e que a principal prioridade era proteger as forças americanas na região. O presidente Trump disse que “os EUA defenderão a si mesmos e a Israel se o Irã retaliar”, horas depois de Israel lançar ataques aéreos contra o Irã.
Trump também disse à Fox News que “o Irã não pode ter uma bomba nuclear e esperamos voltar à mesa de negociações . Veremos. Há várias pessoas na liderança que não voltarão”. Trump disse à Reuters na sexta-feira que não estava claro se o Irã ainda tinha um programa nuclear após os ataques israelenses.
E então há uma pergunta final: como tudo isso afetará a situação em Gaza, onde Israel continua a travar uma guerra de atrito contra o Hamas e onde 53 reféns israelenses, 20 deles supostamente vivos, ainda estão detidos pelo grupo terrorista palestino?
Algumas autoridades israelenses apressaram-se a informar a imprensa após os ataques ao Irã, alegando que isso facilitaria a obtenção de um acordo com o Hamas, já que o grupo se sentirá isolado quando a ameaça do Irã sobre Israel for removida. Mas o oposto também pode ocorrer: o Hamas pode perder a pouca confiança que tinha em Trump e em seu enviado especial, Steven Witkoff, diante do que parece ser uma farsa americana e israelense contra Teerã.
Reação Internacional
O chanceler alemão, Friederich Merz, disse que Israel tem o direito de se defender e que o Irã não deve desenvolver armas nucleares, acrescentando: “Pedimos a ambos os lados que se abstenham de medidas que possam levar a uma nova escalada e desestabilizar toda a região”.
O presidente francês Emmanuel Macron disse que a França participaria da defesa de Israel no caso de um ataque iraniano ao país. O ministro das Relações Exteriores francês, Jean-Noël Barrot, disse que a França “expressou repetidamente nossas sérias preocupações em relação ao programa nuclear do Irã” e afirmou “o direito de Israel de se defender contra qualquer ataque”.
Já a Arábia Saudita condenou os “ataques hediondos” de Israel, dizendo que o Conselho de Segurança da ONU tem “uma grande responsabilidade de interromper imediatamente esta agressão”.
O Catar denunciou o ataque israelense como uma “violação flagrante” da soberania do Irã e uma clara violação do direito internacional.
O Hamas elogiou o Irã, dizendo que o país está “pagando o preço por suas posições firmes em apoio à Palestina e sua resistência, e por sua adesão às suas decisões nacionais independentes“.
O Contra-ataque do Irã
O Irã lançou pelo menos três ondas de mísseis balísticos contra as principais cidades israelenses, incluindo Tel Aviv, Jerusalém e Haifa, após as Forças de Defesa de Israel (IDF) terem instruído a população a se abrigar até novo aviso. Durante a segunda saraivada de mísseis, explosões foram ouvidas na área de Tel Aviv, onde moradores relataram impactos diretos.
Mais de 80 de pessoas ficaram feridas em estado leve a moderado e três morreram, informaram os serviços de emergência. Na sexta-feira à noite, a IDF disse ter identificado o lançamento de mísseis iranianos contra Israel e pediu ao público que se abrigasse até novo aviso.
O Irã lançou mais de 150 drones contra Israel na manhã de sexta-feira, os quais as Forças de Defesa de Israel interceptaram principalmente fora das fronteiras do país. A Jordânia afirmou ter também interceptado vários drones em seu espaço aéreo, com sirenes de foguetes soando em Amã.
O líder supremo iraniano, Ali Khameinei, afirmou que “Israel não permanecerá ileso” após os ataques e que Teerã “não adotará meias medidas” em retaliação. Um porta-voz das Forças Armadas iranianas alertou que” o Irã responderá com firmeza aos ataques israelenses “e acrescentou que “os Estados Unidos e Israel pagarão o preço”.
O primeiro-ministro Netanyahu alertou sobre um contra-ataque iraniano em uma declaração pública em vídeo: “Presumo que haverá um ataque contra nós, e poderá ocorrer em ondas muito pesadas”, disse ele. Netanyahu também afirmou que o sucesso do ataque no Irã “terá um impacto positivo na situação em Gaza e nos reféns”.
Em imagens de vídeo divulgadas até o momento, muitos dos mísseis puderam ser vistos sendo interceptados em baixas altitudes, em plena fase terminal de voo. Porém, em Tel Aviv e Jerusalém podem ser vistos prédios sendo atingidos e alguns incendiando. Imagens sugerem que um dos alvos importantes foi o prédio do Ministério da Defesa israelense em Tel Aviv. Teerã também ameaçou expandir o escopo de sua lista de alvos para novos ataques contra Israel caso sua infraestrutura de petróleo e gás natural seja atingida.
A CNN informou que o exército americano auxiliou de alguma forma na interceptação de mísseis e drones iranianos nas últimas 24 horas. Caças da IAF decolaram desde o final do dia em Israel para interceptar drones, entre eles F-16C/D Barak, F-16I Sufa e F-15C Baz.
A Força Aérea Israelense divulgou imagens que mostram um helicóptero não especificado, muito provavelmente um AH-64 Apache, derrubando um drone kamikaze iraniano com uma arma hoje mais cedo. Mais dois “alvos aéreos suspeitos” também foram interceptados na região de Arava, no sul de Israel, conforme as IDF.
A IAF também afirma ter interceptado um “alvo aéreo suspeito” nas proximidades da cidade portuária de Eilat. Militantes houthis apoiados pelo Irã no Iêmen já atacaram Eilat com drones no passado e podem estar apoiando a resposta do Irã.
Nas duas saraivadas de mísseis contra Israel, conforme as IDF, os alvos foram também as bases aéreas israelenses de Nevatim e Hatzerim. Segundo a IAF não foram perdidas aeronaves no solo e nem no ar, nas atividades de ataque e defesa entre 12 e 14 de junho.
A USAF enviou um esquadrão de caças F-15 para a Jordânia há cerca de duas semanas para ajudar a interceptar drones e mísseis iranianos no caso de um ataque a Israel. As IDF anunciaram a convocação de soldados da reserva na sexta-feira, “como parte dos preparativos para defesa e ataque em todas as frentes”.
Irã ameça EUA, França e Reino Unido
O Irã vai intensificar seus ataques contra Israel e mirar as bases regionais de qualquer país que tentar defendê-lo, disse um alto funcionário iraniano à CNN nesta sexta-feira (13/06). “O Irã reserva-se o direito – conforme o direito internacional – de responder de forma decisiva a esse regime”, afirmou o funcionário. “Qualquer país que tentar defender o regime contra as operações do Irã verá, por sua vez, suas bases e posições regionais se tornarem novos alvos”, acrescentou.
As ameaças são dirigidas diretamente aos EUA, Reino Unido e França, além de outros como Alemanha. A mensagem cria um alerta, pois grupos terroristas financiados pelo Irã estarão dispostos a prover estes ataques. Hamas, Houthis e Hezbollah e grupos armados xiitas no Iraque e na Síria estão na lista de prováveis candidatos a ‘vingar’ o Irã.
Aeroporto Fechado
O Aeroporto Internacional Ben-Gurion, em Tel Aviv, em Israel, foi fechado até novo aviso. Ben Gurion International Airport (TLV/LLBG) é o principal aeroporto do país. As companhias aéreas israelenses El Al, Arkia e Israir retiraram seus aviões do aeroporto após sirenes de foguetes soarem em todo o país. Companhias aéreas internacionais também retiraram seus aviões de Israel e todos os voos estão suspensos. O espaço aéreo da região está fechado.
O revide de Israel
Israel atacou 150 alvos no Irã durante a noite, diz as IDF, que afirma que agora existe uma “estrada aérea para Teerã efetivamente aberta” após operação militar. Isto significa que a IAF tem superioiridade aérea. Entre os 150 alvos está um dos aeroportos de Teerã. Além do aeroporto de Teerã – Tehran Imam Khomeini International Airport (IKA/OIIE) a capital tem o Tehran Mehrabad International Airport (THR/OIII), que abriga uma base aérea com várias unidades de transporte e uma de MiG-29.
A IAF também atingiu diversos alvos e bases iranianas, onde os caças sobrevoaram a capital do Irã por mais de 2h30, atingindo bases, sistemas de defesa e infraestruturas essenciais. O porta-voz das IDF, Brigadeiro-General Effie Defrin, disse que mais de 70 caças israelenses atingiram 40 alvos dentro e ao redor da capital iraniana durante a noite. Drones da IAF mantêm vigilância sobre os alvos, segundo o IDF.
“Esta é a primeira vez que operamos neste espaço aéreo”, declarou Defrin, acrescentando que esta é a ofensiva mais profunda no Irã até o momento. Se isto for de fato verdade, a IAF tem total superioridade aérea. A IAF teria enviado caçs F-16I, F-15I e F-35I. Além disto, foram usadas aeronaves de ISR e de Reabastecimento em Voo. “Dezenas dessas aeronaves agora operam livremente sobre Teerã, graças aos nossos ataques iniciais, que eliminaram muitas ameaças à defesa aérea iraniana”, acrescentou.
A autoridade afirmou que os ataques às instalações nucleares iranianas em Natanz e Isfahan foram capazes de causar danos “significativos”. O Irã afirmou anteriormente que os danos às instalações foram limitados. Existe, portanto, uma guerra de versões.
“Ouvi alguns especialistas ou pessoas falando na mídia dizendo que tudo o que podemos fazer é adiar o plano nuclear por algumas semanas. Quero dizer novamente que, de acordo com nosso entendimento inicial… levará muito mais do que algumas semanas para ser reparado”, disse um oficial da IDF. Segundo a fonte do IDF, Israel tinha “informações concretas” de que o Irã estava “avançando para uma bomba nuclear” na instalação de Isfahan.
Apesar de avançar significativamente em seu enriquecimento de urânio, o Irã afirmou repetidamente que seu programa nuclear tem fins pacíficos e negou estar desenvolvendo uma bomba atômica.
Próximos episódios
O inédito confronto aberto entre Irã e Israel não é uma surpresa, mas acontece em um momento muito tenso para o Oriente Médio, com a Guerra na Faixa de Gaza, as tensões ao redor na Síria, Iraque, Iêmen e, claro, todas as questões que envolvem a Região após da II Grande Guerra. A tensão está no ar que se respira por lá. Some-se a isto a Guerra na Ucrânia, onde OTAN, EUA e Rússia estão em um impasse, e as questões da China no Indo-pacífico, que envolvem aliados dos EUA, como Taiwan, Japão e Austrália e a recente guerra Indo-Paquistanesa, e temos uma previsão de uma tempestade perfeita. Isto que nem somamos outras questões belicosas na África e América do Sul.
O que vai acontecer é algo imprevisível. Uma escalada? Ou apenas ataques preventivos? A entrada de outros atores do Oreinte Médio? Participação de membros da OTAN após alguma ação do Irã ou seus aliados? Atentados terroristas? O tempo nos dirá. Mas o fato é que Israel não parece estar interessado em refutar. Ele quer destruir a infraestrutura militar e nuclear do Irã, que, por sua vez, quer aniquilar Israel. Novos e lamentáveis capítulos deverão ser escritos em breve.
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