Israel lança Operação “Leão Ascendente” contra instalações e alvos nucleares estratégicos no Irã
Israel lança Operação “Leão Ascendente” contra instalações e alvos nucleares estratégicos no Irã. Décadas de alertas israelenses e preparativos para uma ação militar contra o programa nuclear do Irã culminaram na Operação “Leão Ascendente”, desencadeada madrugada desta sexta-feira (13/06). O Estado judeu lançou uma grande ofensiva atingindo instalações nucleares, alvos militares, bases de mísseis e altos líderes da República Islâmica.
Jerusalém afirmou ter realizado um “ataque preciso e preventivo” contra o Irã, declarando uma ameaça iminente de seu programa nuclear e anunciando estado de emergência nacional, enquanto os cidadãos se preparavam para retaliações. Autoridades de alto escalão alertaram para um potencial conflito prolongado, observando que Teerã tinha o poder de infligir sofrimento significativo a Israel.
Várias ondas de ataques israelenses foram relatadas em todo o Irã por várias horas, começando por volta das 3h (horário local) e se estendendo pela manhã. Mais de 200 aeronaves da Força Aérea Israelense estiveram envolvidas nos ataques iniciais, e caças lançaram mais de 330 munições contra cerca de 100 alvos, informou as Forças de Defesa de Israel (IDF).
A Operação Leão Ascendente foi direcionada ao programa nuclear iraniano — os militares avaliaram que o país atualmente tem urânio enriquecido suficiente para construir 15 bombas nucleares — bem como suas fábricas de mísseis balísticos e suas capacidades militares, disseram o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e os Comandantes Militares das IDF.
Israel disse que não tinha escolha a não ser atacar o Irã, acrescentando que havia reunido informações de que Teerã estava se aproximando do “ponto sem retorno” em sua busca por uma arma nuclear. “O regime iraniano vem trabalhando há décadas para obter uma arma nuclear. O mundo tentou todos os caminhos diplomáticos possíveis para impedir isso, mas o regime se recusou a parar”, disseram os militares em um comunicado.
A morte confirmada nos ataques foi a do comandante da Guarda Revolucionária Islâmica, Hossein Salami. A agência de notícias semioficial iraniana Fars informou que o chefe das Forças Armadas iranianas, Mohammad Bagheri, também foi morto. Jerusalém avaliou que outros altos funcionários e cientistas nucleares de alto escalão também foram mortos. Explosões foram relatadas em Natanz, local de uma importante instalação nuclear, bem como na capital Teerã e arredores.
Todos os pilotos e tripulações da Força Aérea Israelense que participaram dos ataques retornaram ilesos às suas bases, disseram os militares na manhã de sexta-feira.
A operação israelense deve durar dias, de acordo com autoridades militares, que acrescentaram que as IDF estão se preparando para fogo pesado do Irã, mas afirmaram que “no final da operação, não haverá ameaça nuclear” da República Islâmica.
Pouco antes das 3h (horário local), surgiram relatos de forte presença de jatos sobre o Iraque. Sirenes foram ouvidas em todo o território israelense e alertas sonoros foram enviados aos celulares dos israelenses para alertá-los de que uma grande ofensiva estava em andamento e que a retaliação iraniana era esperada. As sirenes não soaram em resposta a nenhum disparo de míssil, mas os cidadãos foram instruídos a permanecer perto de áreas protegidas.
Enquanto isso, o Ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, anunciou estado de emergência enquanto Netanyahu convocou uma reunião de gabinete e Israel fechou seu espaço aéreo. As IDF disseram que dezenas de aeronaves participaram do “ataque inicial, que incluiu ataques a dezenas de alvos militares, incluindo instalações nucleares em várias áreas do Irã”.
Em uma declaração em vídeo, o chefe do Comando da Frente Interna israelense, Major-General Rafi Milo, disse que sirenes deveriam soar em grandes áreas de Israel quando o Irã iniciasse seu contra-ataque previsto.
O Chefe do Estado-Maior das IDF, Tenente-General Eyal Zamir, disse que os militares estavam mobilizando dezenas de milhares de soldados e se preparando em todas as fronteiras. “Povo de Israel, não posso prometer sucesso absoluto. O regime iraniano tentará nos atacar em resposta. O custo esperado será diferente do que estamos acostumados”, disse Zamir, mas enfatizou: “Estamos preparando esta operação há muito tempo.”
Na Cisjordânia, todas as cidades palestinas estavam sob bloqueio até novo aviso. No norte, as Forças de Defesa de Israel (IDF) informaram que estavam mobilizando tropas para estarem prontas para defender ou atacar, se necessário.
Instalação de enriquecimento de urânio em Natanz foi atingida várias vezes
Netanyahu e a TV estatal iraniana confirmaram que um dos alvos dos ataques era a instalação de enriquecimento de Natanz, uma das duas instalações nucleares subterrâneas do país, sendo a outra em Fordo. “A unidade de enriquecimento de Natanz foi atingida várias vezes”, informou a TV estatal, mostrando imagens de fumaça densa saindo do local. A extensão dos danos não foi definitivamente esclarecida.
A televisão estatal iraniana exibiu apenas brevemente a imagem ao vivo com um repórter. No entanto, autoridades de defesa israelenses indicaram que acreditavam que Natanz havia sido significativamente danificada.
A agência de notícias oficial iraniana IRNA também relatou uma série de mortes em Teerã, citando bairros em vários locais da capital, depois que prédios residenciais foram atingidos por ataques.
Mossad no terreno
Israel passou anos se preparando para a operação contra os programas nuclear e de mísseis do Irã, disse uma autoridade de segurança ao The Times of Israel, incluindo a construção de uma base de drones dentro do Irã e o contrabando de sistemas de armas de precisão e comandos para o país. O esforço dependia de um planejamento conjunto rigoroso entre as IDF e a agência de inteligência Mossad.
Segundo a autoridade, agentes do Mossad montaram uma base de drones em solo iraniano perto de Teerã. Os drones foram ativados durante a noite, atingindo lançadores de mísseis terra-terra apontados para Israel.
Além disso, veículos transportando sistemas de armas foram levados secretamente para o Irã. Esses sistemas destruíram as defesas aéreas do Irã e deram aos aviões israelenses supremacia aérea e liberdade de ação sobre o Irã.
O terceiro esforço secreto foi feito por comandos do Mossad posicionando mísseis de precisão perto de locais antiaéreos no centro do Irã. As operações se basearam em “pensamento inovador, planejamento ousado e operação cirúrgica de tecnologias avançadas, forças especiais e agentes operando no coração do Irã, enquanto escapavam totalmente aos olhos da inteligência local”, disse a autoridade.
Chefe do IRGC e cientistas nucleares mortos em ataques confirmados
A mídia estatal iraniana confirmou que o comandante da Guarda Revolucionária Islâmica, Hossein Salami, foi morto em um ataque israelense. A Guarda Revolucionária do Irã, um dos principais centros de poder dentro da teocracia do país, controla o arsenal de mísseis balísticos do Irã.
O chefe das Forças Armadas do Irã, Mohammad Bagheri, também foi morto, confirmaram as Forças de Defesa de Israel (IDF) e a TV estatal. As IDF disseram que o chefe do Quartel-General Central de Khatam-al Anbiya, Gholam Ali Rashid, também foi morto. Os cientistas nucleares Fereydoun Abbasi-Davani e Mohammad Mehdi Tehranchi também tiveram suas mortes confirmadas nos ataques pela TV estatal.
O exército israelense disse acreditar que mais autoridades iranianas de alto escalão foram mortas nos ataques.
Um oficial de defesa israelense disse à Rádio do Exército durante a noite: “O ataque inicial incluiu alvos de defesa aérea, [ataques a] mísseis superfície-superfície e uma grande onda de altos oficiais iranianos sendo neutralizados, cronometrados com grande precisão — atingindo simultaneamente o Estado-Maior iraniano e cientistas nucleares em todo o Irã.” Ele acrescentou: “Se esse ataque inicial tiver sucesso — então o que fizemos com altos funcionários do Hezbollah ao longo de 10 dias — fizemos com o Irã em 10 minutos.”
Washington: EUA não estão envolvidos e não devem ser atingidos em resposta
O presidente dos EUA, Donald Trump, deve convocar uma reunião do Conselho de Segurança Nacional na sexta-feira, às 11h, horário local (18h em Israel), para discutir o ataque, anunciou a Casa Branca. Os ataques ocorreram poucos dias antes da próxima rodada de negociações entre os EUA e o Irã sobre o seu programa nuclear.
Trump disse repetidamente que o Irã não deve ter uma bomba nuclear, mas enfatizou que preferiria evitar esse resultado por meio da diplomacia em vez de ação militar, e pediu publicamente a Israel que não atacasse, com as negociações em andamento, até a noite de quinta-feira.
A República Islâmica, que promete destruir Israel, afirma que seu programa nuclear é para fins civis. No entanto, enriquece urânio em até 60% — um nível que não tem fins civis e está próximo do limite de 90% necessário para uma ogiva nuclear — e tem impedido inspetores internacionais de verificar suas instalações nucleares.
O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, disse imediatamente após o início do ataque que Israel tomou “ações unilaterais contra o Irã”, enfatizando que os EUA não estavam envolvidos e alertando que Teerã não deveria atacar os EUA em resposta.
“Nossa maior prioridade é proteger as forças americanas na região. Israel nos informou que acredita que essa ação foi necessária para sua autodefesa”, disse ele em um comunicado. “O presidente Trump e o governo tomaram todas as medidas necessárias para proteger nossas forças e permanecer em contato próximo com nossos parceiros regionais”, acrescentou. “Deixem-me ser claro: o Irã não deve ter como alvo interesses ou pessoal dos EUA.”
O embaixador de Israel nas Nações Unidas disse que Israel mantém um diálogo contínuo com os Estados Unidos, mas sua determinação de atacar o Irã foi uma decisão israelense independente. Quando questionado em uma entrevista à CNN se Israel esperava que os EUA ajudassem Israel em caso de uma resposta iraniana, o embaixador de Israel na ONU, Danny Danon, disse: “Não acho que devemos entrar em especulações”.
Netanyahu: ‘Se não agirmos agora, simplesmente não estaremos aqui’
Em uma declaração em vídeo emitida separadamente em hebraico e em inglês na manhã de sexta-feira, Netanyahu apresentou os ataques aéreos como uma resposta preventiva a uma ameaça existencial iminente. “Não podemos deixar essas ameaças para a próxima geração”, disse Netanyahu, “porque se não agirmos agora, não haverá outra geração. Se não agirmos agora, simplesmente não estaremos aqui.”
Ele disse que o Irã enriqueceu urânio suficiente para nove bombas nucleares e que, nos últimos meses, tomou medidas sem precedentes em direção ao armamento. O Irã também construiu “um enorme estoque” de mísseis balísticos, continuou ele. “Esses mísseis chegam a Israel vindos do Irã em minutos. Cada um carrega uma tonelada de explosivos.” O Irã planejou produzir 20.000 desses mísseis em seis anos, afirmou Netanyahu, “portanto, estamos operando para removê-los também”.
“‘Nunca Mais’ é agora”, disse Netanyahu, usando o grito que emergiu do Holocausto. “Internalizamos as lições da história: quando um inimigo diz que pretende destruir você, acredite nele. Quando o inimigo desenvolve a capacidade de destruir você, impeça-o.”
O primeiro-ministro agradeceu a Trump “por sua posição firme”, dizendo que “repetidamente, ele deixou claro: o Irã nunca deve ter permissão para obter armas nucleares”.
Uma autoridade de defesa afirmou durante a noite que Netanyahu e Katz já haviam assinado na segunda-feira uma diretiva ordenando que as IDF se preparassem para a ação no Irã. Em coordenação com Zamir, Netanyahu e Katz “decidiram a data da operação — hoje”, acrescentou a autoridade.
Netanyahu ao povo iraniano: ‘Vocês não são nossos inimigos’
Em seu vídeo, Netanyahu também se dirigiu diretamente ao povo iraniano: “Nós não odiamos vocês. Vocês não são nossos inimigos. Temos um inimigo comum: um regime tirânico que os esmagou”, disse ele. “Por quase 50 anos, este regime roubou de vocês a chance de uma vida digna.”
“Não tenho dúvidas de que o dia da sua libertação desta tirania está mais próximo do que nunca. E quando esse dia chegar, israelenses e iranianos renovarão a aliança entre nossos dois povos ancestrais. Juntos, construiremos um futuro de prosperidade, um futuro de paz, um futuro de esperança”, continuou.
Fonte: Times of Israel
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