

Israel afirma que um país ocidental forneceu urânio ao Irã. Em entrevista à Fox News recentemente, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou que um país ocidental teria colaborado clandestinamente com o Irã no fornecimento de urânio — contribuindo para os avanços do programa nuclear do país.
Sem citar nomes, o premier israelense afirmou categoricamente que houve ajuda ilegal de um país ocidental. A informação teria sido obtida pelo Mossad, o serviço secreto israelense.

A fala, em meio ao ataque preventivo de Israel ao Irã, visando eliminar sua capacidade nuclear, reacendeu suspeitas sobre o Brasil, que tem uma relação diplomática conturbada com Israel ao mesmo tempo que tem estreitado laços com o Irã. É uma acusação forte, que precisa de provas, mas não é impossível que o atual governo federal tenha colaborado com o regime dos aiatolás.
Em 2023, a atracação de dois navios de guerra iranianos no Rio de Janeiro, mesmo sob protestos dos Estados Unidos, e o episódio da Declaração de Teerã assinada em 2010 por Lula, já havia gerado desconfiança no Ocidente sobre a real postura brasileira diante das ameaças nucleares do Irã.

Em maio de 2010, Brasil, Irã e Turquia assinaram a Declaração de Teerã, propondo soluções diplomáticas para a crise entre o Irã e o Conselho de Segurança da ONU em torno do programa nuclear iraniano. O acordo reafirmava o compromisso do Irã com o Tratado de Não Proliferação Nuclear e seu direito de pesquisa, produção e uso de energia nuclear para fins pacíficos. Assinaram o documento o presidente Lula, o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, e o premiê da Turquia, Recep Erdoğan, com aval do então O chanceler brasileiro, Celso Amorim, que novamente está no terceiro mandato de Lula.
Em Angra dos Reis
Curiosamente, em 17 de agosto de 2023, a empresa estatal Indústrias Nucleares do Brasil admitiu o desaparecimento de cápsulas com urânio enriquecido (gás hexacloreto de urânio ou UF6). Eram 19 amostras de gás UF6 usado na produção de combustível para as usinas de Angra dos Reis, no Estado do Rio. Durante uma auditoria em 17 de julho, constatou-se que duas havia sumido. Estavam armazenadas em instalações da INB em Resende, a 130 quilômetros das usinas nucleares.
A INB só admitiu o sumiço um mês depois, após revelado pela repórter Tania Malheiros. Em nota pública informou ter avisado sobre “o evento” a Polícia Federal e o Gabinete de Segurança Institucional.
Eram porções demonstrativas do padrão de urânio utilizado na produção dos elementos combustíveis para as recargas das usinas de Angra. Essas amostragens compõem o inventário de material nuclear que é periodicamente verificado durante inspeções das agências internacionais — no caso, a Agência Internacional de Energia Atômica e Agência Brasileiro-Argentina de Contabilidade e Controle de Materiais Nucleares.
O governo não sabe explicar até hoje o sumiço de um par de tubos de 8 cm de comprimento, com 8 gramas cada de gás hexafluoreto de urânio enriquecido (UF6), pertencentes ao lote de uma recarga da Usina Nuclear de Angra 2, comprado da Urenco, consórcio de indústrias nucleares da Alemanha, Holanda e Inglaterra.
Assim que a notícia do sumiço veio a público, a INB apressou-se a minimizar o potencial do perigo. Tratando dos riscos radiológicos, em nota oficial, afirmou que “a liberação parcial ou total do conteúdo dos dois tubos não acarreta danos à saúde do público em geral, ou ainda, de um indivíduo ocupacionalmente exposto”. No mesmo dia 17, em nota oficial, a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), fiscal da INB, ratificou a nota.

Nas redes sociais foram levantadas hipóteses de que urânio tenha sido transportado durante a visita dos navios. Além de não existam provas concretas, os navios estiveram no Rio de Janeiro em março de 2023, mais de cinco meses antes do sumiço do UF6.
Os navios IRINS Makran e IRINS Dena chegaram na manhã de 26/02 e permaneceram na cidade até 04 de março, com autorização publicada no Diário Oficial da União de 24 de fevereiro de 2023. Se o UF6 seguiu para Teerã, não foi a bordo destes navios da Marinha Iraniana.
Relatórios da AIEA apontam que o Irã acumula material suficiente para produzir até dez armas nucleares, tornando qualquer cooperação externa extremamente difícil.
O governo brasileiro ainda não se manifestou sobre as declarações de Netanyahu. Caso se confirme algum nível de envolvimento, o Brasil poderá enfrentar sanções severas, isolamento diplomático.

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