Irã e seus aliados realizam uma série de ataques a Israel. Em uma operação anunciada com 48 horas de antecedência, o Irã desencadeou na noite de sábado (13/04) — aproximadamente 20h no Brasil (2h de domingo–14/04, em Israel) — uma série de ataques com drones e mísseis balísticos/cruzeiro ao território israelense. O ataque foi apoiado por grupos terroristas como o Houthis (Iêmen) e Hezbollah (Líbano), este último que também lançou drones e foguetes contra Israel.
O Irã justificou a sua operação como uma retaliação ao ataque aéreo da Israeli Air Force (IAF), feito no dia 1º de abril, que destruiu o consulado iraniano em Damasco, na Síria. No ataque, pelo menos oito militares de alta patente da Guarda Revolucionária Iraniana foram mortos. Jurando se vingar, o Governo de Teerã prometeu um ataque ao território de Israel, efetivado neste sábado −13/04.
Na hora do ataque, estimava-se que 100 drones kamikazes e cerca de 200 mísseis teriam sido disparados do Irã em ondas que duraram algumas horas. Após sobrevoar o espaço aéreo do Iraque e da Jordânia, alguns artefatos atingiram parte do território israelense, incluindo a capital Tel Aviv, as Colinas de Golan, Hebron, Berseba e vários outros pontos do país.
Além disto, a fronteira com o Líbano foi alvo de foguetes Katyusha lançados pelo Hezbollah contra o quartel-general da defesa aérea da IsraeIi Defense Force (IDF), nas Colinas de Golã. Em uma ação coordenada. Os Houthis também alegaram ter participado das ações, mas não foi confirmado até agora.
Segundo o Comandante das IDF, o tempo de voo estimado entre Irã e Israel (1.500 km) é de 9 horas para os drones; 2h para mísseis de cruzeiro e 12 minutos para mísseis balísticos. Os sistemas de defesa das IDF estavam atentos, principalmente, o IAI Arrow-3, o Iron Dome, que emprega mísseis Rafael Python 5 e I-DERBY e o MIM-104 Patriot. Todas as cidades já esperavam um ataque, sendo acionado um plano de contingência.
Os números finais pós-ataque são contraditórios, algo normal em um evento deste porte e em tempo de mídias sociais, com muitas informações circulando rapidamente. Mas o que é fato é que o ataque foi feito com drones Kamikazes, mísseis balísticos e mísseis de cruzeiro. Entre os drones é provável que modelos como Ababil-2T, Ababil-Jet, Shahed-131, Shahed-136, entre outros tenham sido usados.
Entre os mísseis de cruzeiro, foi identificado o Paveh com 1.650 km de alcance e, entre os mísseis balísticos, o Fattah-1 (1.500 km) e o Ghadr (1.600 km). Mas é provável que outros mísseis de cruzeiro tenham sido usados.
Segundo as informações da IDF, cerca de 99% dos artefatos foram destruídos em voo, o que representou cerca de 300 artefatos aéreos. Segundo as IDF, foram aproximadamente 170 drones; 120 mísseis balísticos foram abatidos e 30 mísseis de cruzeiro. Conforme a imprensa israelense, citando um Brigadeiro da IAF, a ação de defesa do país na madrugada 14/04 custou US$1 bilhão, entre somente no uso de mísseis e aeronaves. A grande pergunta é se Israel consegue sustentar financeiramente e, claro, manter os estoques de armas.
Os caças da IAF, como F-35I, F-16C/D/I e F-15C/I decolaram de várias bases para o que o IDF definiu como “missão de defesa no espaço aéreo israelita”. De acordo com um oficial militar, as forças israelitas tinham como objetivo interceptar os drones antes que estes cheguem aos céus israelitas. No vídeo divulgado pela IAF é possível ver drones como Ababil Jet e Shared-136.
A maioria foi interceptada na fronteira, sem se quer entrar em espaço aéreo israelense. Além dos sistemas do “Domo de Ferro” e Patriot da IDF, caças da USAF (F-15/F-16), RAF (Typhoon), França e da Jordânia (F-16), também aturaram na derrubada de drones e mísseis iranianos. Muitos foram abatidos ainda em espaço aéreo do Iraque e da Jordânia.
A US Navy alega ter destruído ao menos três misseis de cruzeiro e 70 drones, usando seus vasos de guerra no mediterrâneo e aeronaves embarcadas (F/A-18E/F) na região. Segundo um funcionário do US DoD, os 3 mísseis balísticos de médio alcance (MRBM) lançados pelo Irã foram interceptados por destróieres da classe Arleigh Burke, equipados com o sistema Aegis. Os MRBM foram interceptados pelos mísseis Standard SM-3.
Algumas fontes israelenses relataram que a Base Aérea de Nevatim (LLNV), no deserto de Negev, no sul de Israel, foi atingida por mísseis balísticos do Irã. A Base, uma das principais da IAF, é lar dos caças F-35I Adir dos Esquadrões 116, 117 e 140, além de unidades de transporte (131 Sq) e de EW e SIGINT (103, 120 e 122 Sq). Surgiram informações que diversas aeronaves foram deslocadas de Nevatim para locais seguros. Outra base aérea atacada foi Ramon (LLRM) perto de Eilat, sem damos maiores, onde estão sediados esquadrões de F-16I (119, 201 e 253 Sq) e AH-63 (113 e 190 Sq).
Abrigos públicos foram abertos em todo o território israelense. A IDF fechou o espaço aéreo do país, da mesma foram que fez a Jordânia, Iraque e Líbano. Enquanto isso, o Comando da Frente Interna de Israel anunciou que seriam proibidas reuniões de mais de mil pessoas. Segundo o Governo de Israel, apenas uma menina foi ferida por estilhaços nos ataques.
O presidente dos EUA, Joe Biden, reuniu-se no sábado à noite com a sua equipe de segurança nacional para avaliar a situação no Oriente Médio. “Biden mantém constante comunicação com autoridades israelenses, bem como com outros parceiros e aliados”, informou a porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, Adrienne Watson, enfatizando que o “apoio do governo à segurança de Israel é inflexível”.
Representantes do Irã na ONU confirmaram que a ação foi a uma resposta ao ataque contra o seu consulado em Damasco, acrescentando que o assunto agora foi “considerado concluído”, alertando que “se o regime israelense cometer outro erro, a resposta do Irã será consideravelmente mais severa. É um conflito entre o Irã e o regime desonesto israelita, do qual os EUA DEVEM FICAR LONGE!”
Os receios de que a guerra de Israel em Gaza possa evoluir para um conflito regional mais amplo aumentaram muito, desde que Teerã acusou Tel Aviv de bombardear a sua embaixada na Síria.
O ataque ao consulado em Damasco, feito pela IAFm matou Mohammad Reza Zahedi e Mohamad Reza Zahedi e Mohammad Hadi Haji Rahimi, comandantes sêniores da Guarda Revolucionária do Irã (IRGC). A morte de Zahedi foi considerada o alvo iraniano de maior valor, deste que o então presidente dos EUA, Donald Trump, ordenou o assassinato do General da IRGC Qassem Soleimani, em Bagdá no início de 2020.
O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, disse que Israel seria punido pelo ataque, enquanto o presidente Ebrahim Raisi disse que “não ficaria sem resposta”, informou a agência de notícias estatal IRNA. O grupo militante libanês Hezbollah, apoiado pelo Irã, disse que o ataque seria recebido com “punição e vingança”.
Israel não reconheceu publicamente a responsabilidade pelo ataque, mas disse acreditar que o alvo em Damasco era um “edifício militar das forças Quds” — uma unidade do IRGC, responsável por operações estrangeiras. Israel acusa o Irã de ser o financiador, o “sujeito oculto” que financia todo o terrorismo na região, visando destruir o estado judaico.
Os EUA alertaram durante vários dias sobre uma ameaça real de ataques retaliatórios iranianos contra Israel. Como parte da sua resposta, os EUA enviaram para Tel Aviv o Chefe do Comando Central, General Michael Kurilla, para encontros com militares da IDF.
Por outro lado, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou em comunicado no sábado à noite, antes da ofensiva de Teerã que seu País estaria preparado para um “ataque direto do Irã”.
Imediatamente após a ação iraniana, Israel começou uma rodada de negociações diplomáticas visando isolar Teerã, usando o ataque a seu favor. Uma reunião entre os aliados (EUA, Reino Unido, Jordânia, França e Israel) foi feita, onde os EUA pediram para Israel não atacar o Irã, para não haver uma escalada.
Neste dia 14/04, uma reunião de emergência do Conselho de Segurança das Nações Unidas foi convocada para avaliar a situação e promover sanções. Se houver alguma restrição ou sanção contra o Irã, é provável que aliados como China e Rússia, vetem.
No entanto, informações vindas da imprensa israelense de que um contra-ataque estaria sendo planejado. Parte do governo israelense pede uma contraofensiva militar. Se tal fato ocorrer, poderá ter consequências indefinidas e uma escalada da guerra no Oriente Médio.
@CAS/FFO