Insegurança e caos interrompem todos voos no Aeroporto de Cabul. Militares dos EUA cancelaram todas as decolagens do Aeroporto Internacional Hamid Karzai (KBL/OAKB), em Cabul, na segunda-feira (16/08). A decisão veio depois que uma multidão desesperada invadiu a área operacional do aeroporto, buscando uma maneira de deixar o Afeganistão, apos o Talibã tomar o controle do país.
As operações de transporte aéreo permanecerão interrompidas até que cheguem os reforços de cerca de 2.500 soldados americanos até hoje (17/08). Somente assim, poderão restabelecer um perímetro de segurança para as operações das aeronaves, relatou o porta-voz do Pentágono John Kirby.
“Não há voos militares ou civis chegando ou saindo, e isso por causa das grandes multidões que ainda estão na pista, principalmente do lado sul, a área civil do aeroporto”, disse Kirby.
O Talibã não atacou o aeroporto, mesmo depois que as suas forças entraram em outras instalações do governo em Cabul. O chefe do Corpo de Fuzileiros Navais do Comando Central dos EUA, General Frank McKenzie, negociou diretamente com os líderes do Talibã, desde Doha, confirmou Kirby. “Ele emitiu um aviso muito claro e inequívoco, de que qualquer ataque às nossas operações e ao nosso pessoal, haverá uma resposta enérgica”, disse.
Um porta-voz do Talibã disse na MSNBC ontem, que o grupo afirmou às autoridades dos EUA que não atacará os americanos enquanto eles deixam a capital Cabul. Suhail Shaheen também disse que não impedirá ninguém de deixar o Afeganistão, incluindo aqueles que ajudaram os governos dos EUA e seus aliados. “Não vamos puni-los … não vamos prendê-los”, disse Shaheen.
Diversos vídeos amplamente divulgados nas redes sociais, mostraram um C-17 da USAF taxiando cercado por centenas de pessoas correndo, alguns tentando se agarrar e subir em qualquer parte externa do avião. Imagens terríveis logo após a decolagem, mostram pelo menos, duas pessoas caindo do avião. Kirby disse que não pôde confirmar a autenticidade dos vídeos, mas disse que a falta de segurança em torno dos jatos foi o motivo da paralisação temporária dos voos. “Obviamente, não queremos que mais ninguém se machuque”, disse ele.
O porta-voz do Pentágono disse ainda, que as Forças dos EUA foram alvejadas e responderam ao fogo em dois incidentes separados, matando duas pessoas.
O número de soldados americanos indo para Cabul para proteger a evacuação dos EUA aumentou para cerca de 6.000, incluindo cerca de 1.000 soldados da 82nd Divisão Aerotransportada, que foi redirecionada do Kuwait para o Afeganistão. O secretário de Defesa Lloyd Austin ordenou que o batalhão fosse imediatamente enviado para Cabul, devido ao crescente desespero dos afegãos que tentam fugir do país.
Assim que os voos de evacuação forem retomados, os EUA deverão ser capazes de “retirar 5.000 [pessoas] ou mais, por dia, em algumas dezenas de voos diários”, disse Kirby.
Os militares também estão aumentando a capacidade das Bases Americanas para receber até 22 mil requisições de vistos especiais de imigração de afegãos e suas famílias, além de pessoas que eles identificam como “vulneráveis”, sob o regime do Talibã.
O presidente Joe Biden ordenou que as tropas fossem totalmente retiradas até 31 de agosto, e esse ainda é o objetivo, disse Kirby – acrescentando que a mudança na situação de segurança no local pode afetar isso. “Teremos que aceitar como vier”, disse ele.
Fonte: Defense One