Indústria aeronáutica russa foca nos projetos locais para suprir o mercado interno. A fabricante de aeronaves russa United Aircraft Corporation (UAC) irá produzir vinte bimotores de longo alcance Tu-214 para transporte de passageiros, com objetivo de substituir a frota de Boeing e Airbus. A informação foi divulgada por Yuri Slyusar, CEO da empresa, em recente entrevista à agência TASS.
Falando sobre a necessidade de ampliar a produção de aeronaves, Slyusar disse que estão na linha de produção os primeiros 20 Tu-214. “Precisamos aumentar a produção em série das aeronaves Tu-214, Il-96 e Il-76”, acrescentou.
A indústria de aviação comercial russa tenta refazer as suas estratégias diante dos bloqueios internacionais impostos após a invasão do território ucraniano. Com uma frota baseada em aeronaves ocidentais, as companhias aéreas russas necessitarão suprir a falta de componentes, peças de reposição e itens de manutenção para manter os seus voos.
Para suprir essa necessidade, a UAC – conglomerado estatal que reúne diversas fábricas – trabalha para ampliar a produção de aeronaves projetadas no período soviético como o quadrimotor intercontinental Il-96-400M e o jato de transporte Il-76, além do Tu-214 um projeto mais novo desenvolvido na década de 1990.
Também está nos planos da UAC acelerar a homologação do bimotor Irkut MC-21, o seu mais novo jato comercial de médio curso. Os dois protótipos construídos antes da guerra, foram certificados com motores norte-americanos Pratt & Whitney, cujo fornecimento foi interrompido pelas sanções.
A fabricante trabalha em parceria com a Aviadvigatel no desenvolvimento dos motores PD-14, produzidos localmente, como uma alternativa aos importados. O projeto de substituição dos motores P&W estava em andamento, com um protótipo do MC-21 tendo realizados diversos voos de testes com os motores russos.
Falando sobre os motores PD-14, Slyusar disse: “Esperamos que agora, juntamente com os nossos parceiros da indústria de motores, possamos reduzir ao máximo possível o tempo do programa, para que recebamos o certificado de tipo do novo motor o mais rápido possível”.
Falando sobre os esforços contínuos para substituir componentes importados, o executivo da UAC disse que o projeto MC-21 ainda tem 50% de peças fabricadas no exterior. “Precisamos substituir os 50% restantes o mais rápido possível. A tarefa é bastante ambiciosa. No entanto, conhecemos nossas empresas e quais soluções domésticas podem ser realizadas”, afirmou Slyusar.
A UAC pretende acelerar a certificação do MC-21 com motores PD-14, e começar as primeiras entregas para as companhias aéreas locais a partir de 2024.
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