IMAGENS: Marinha dos EUA removeu Boeing P-8A do mar do Havaí. A Marinha dos EUA (USN) retirou do mar domingo (03/12), o Boeing P-8A Poseidon que há cerca de duas semanas varou a pista da Estação Aérea do Corpo de Fuzileiros Navais (MCAS) de Kaneoheno, em Honolulu. Como planejado, foram usadas bolsas infláveis para remover o pesado jato dos recifes de corais da Baía de Kaneohe, no Havaí.
Em entrevista coletiva, os militares da Marinha e dos Fuzileiros Navais dos EUA forneceram alguns detalhes sobre os trabalhos de resgate do avião. O processo de levantamento e remoção do P-8A de 60 toneladas ocorreu lentamente, com a utilização de diversas bolsas de borracha infláveis, colocadas sob a fuselagem. “Em alguns momentos o deslocamento não superou 1,5 metros por hora”, disseram os técnicos.
Em 20/11, o Boeing P-8A Poseidon BuNo 169561 código YD-561, do Esquadrão de Patrulha 4 (VP-4) “The Skinny Dragons”, ultrapassou os limites da pista de Kaneohe Bay após o pouso. A aeronave parou nas águas rasas da baía, ficando presa em um recife de corais. Nenhum dos nove tripulantes ficou ferido. As circunstâncias do incidente estão sob investigação.
O trabalho de remoção efetiva começou na manhã de sábado (02/12), aproveitando a maré alta. “Demorou cerca de sete horas para avançar 30 metros, porque começamos na maré alta, e a medida que a água baixou com a redução da maré, o local ficou muito raso”, disse o Contra-Almirante da Marinha. Kevin Lenox, responsável pela coordenação dos trabalhos. “Tínhamos as sacolas infláveis de tamanhos e pressões diferentes, que foram posicionados sob a aeronave conforme a necessidade de movimentação. Às vezes levávamos cerca de uma hora para manobrar e posicionar a fuselagem e puxá-la cerca de um metro e meio”, acrescentou.
Inicialmente a aeronave foi alinhada com a cabeceira da pista, rolando sobre diversas bolsas de borracha infladas. Em um segundo momento, o Boeing foi puxado lentamente de volta para a pista 04/22 de Kaneoheno. Em terra firme, o avião foi posicionado inicialmente sobre macacos hidráulicos, antes dos técnicos avaliarem e liberarem o uso dos trens de pouso. Durante todo o processo, os militares e técnicos de empresas contratadas tomaram cuidado com a aeronave e com o meio ambiente, especialmente os recifes e corais nos quais o avião ficou preso.
“Agora iremos lavar toda a aeronave e remover a água salgada do seu interior, para a equipe de investigação realizar o seu trabalho… O pessoal da 10ª Ala de Patrulha e Reconhecimento Naval também iniciará as suas avaliações para planejar o longo processo de recuperação da aeronave”, disse o Contra-Almirante Lenox.
Apesar de aparentemente estar em “boas condições”, a extensão dos danos não está totalmente clara. As duas semanas em que permaneceu na água salgada poderá deixar sérios danos de corrosão. Os motores ficaram praticamente submersos nesse período, o que pode ter afetado muitos componentes. Não se sabe quanta água salgada entrou pelas aberturas, antenas e compartimentos da parte inferior da fuselagem.
A Marinha tem muito interesse em recuperar o jato, cujo valor estimado é de aproximadamente US$ 170 milhões, de acordo com dados públicos da Defesa. O alto valor desta plataforma altamente especializada, construída com base no Boeing 737NG comercial, pode compensar o investimento no conserto, ao invés de comprar uma aeronave nova.
Este é o primeiro grande acidente com um dos P-8A da Marinha desde a sua entrada em operação em 2013. No total a USN pretende adquirir 128 dessas aeronaves, que substituirão os aviões de patrulha marítima P-3 Orion e as aeronave de inteligência, vigilância e reconhecimento EP-3E Aries II.
Embora normalmente seja conhecido como um avião de patrulha marítima e guerra antissubmarino, o P-8A é uma plataforma multimissão com capacidades de inteligência, vigilância e reconhecimento, o que outras aeronaves similares não oferecem. O aumento da tensão com a China, na região Indo-Pacífico e os temores crescentes de submarinos espiões russos no Atlântico, Ártico e Pacífico, tornaram o Poseidon uma ferramenta estratégica de grande importância para os EUA e seus Aliados.
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