Houthis realizam ataques com drones aos UAE. O grupo Houthis do Iêmen, alinhado ao Irã, atacou no dia 16 de janeiro os Emirados Árabes Unidos (UAE – United Arab Emirates) em uma operação usando mísseis e drones. O ataque foi em Mussafah, a área industrial de Abu Dhabi, perto dos depósitos da Companhia Nacional de Petróleo (ADNOC) e do aeroporto. O ataque resultou na explosão de três tanques de combustível e um incêndio em um canteiro de obras no aeroporto internacional dos Emirados Árabes Unidos (OMAA). A zona industrial também fica próxima à base aérea de Al-Dhafra, que abriga tropas americanas e francesas. O resultado foram seis feridos e três pessoas mortas.
O ataque a um importante aliado do Golfo Árabe dos Estados Unidos leva a guerra entre o grupo Houthi e uma coalizão liderada pela Arábia Saudita a um novo nível e pode dificultar os esforços para conter as tensões regionais, ao mesmo tempo que Washington e Teerã trabalham para resgatar um acordo nuclear.
“Os Emirados Árabes Unidos condenam este ataque terrorista da milícia Houthi em áreas e instalações civis em solo dos UAE. Ele não ficará impune”, disse o Ministério das Relações Exteriores. “Os Emirados Árabes Unidos se reservam o direito de responder a esses ataques terroristas e à escalada criminal”.
Os Emirados Árabes Unidos é m membro da coalizão que luta contra os Houthis, que armaram e treinaram forças locais iemenitas que recentemente se juntaram à luta contra os as forças dos Houthis nas regiões produtoras de energia Shabwa e Marib do Iêmen.
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, em um telefonema com seu colega dos Emirados, condenou o ataque. O conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, disse que Washington trabalharia para responsabilizar os Houthis.
Os Houthis frequentemente lançam mísseis e ataques com drones transfronteiriços na Arábia Saudita, mas são poucos os ataques neste nível nos Emirados Árabes Unidos. O porta-voz militar Houthi, Yahya Sarea, disse que o grupo disparou cinco mísseis balísticos e “um grande número” de drones contra os aeroportos de Dubai e Abu Dhabi, uma refinaria de petróleo em Musaffah e vários locais “sensíveis” nos Emirados Árabes Unidos na chamada ‘Operation Hurricane Yemen’.
No entanto, ao que consta apenas em Musaffah houve efetividade. A polícia de Abu Dhabi disse que três pessoas morreram e seis ficaram feridas quando três caminhões-tanque explodiram na área industrial de Musaffah, perto das instalações de armazenamento da empresa de petróleo ADNOC. A mídia estatal disse que os mortos eram dois indianos e um paquistanês. A polícia informou que as investigações iniciais encontraram partes de pequenos aviões que poderiam ser drones nos locais em Musaffah e no aeroporto de Abu Dhabi, mas não fizeram menção a mísseis.
A ADNOC disse que um incidente em seu depósito de combustível de Mussafah às 10h resultou em um incêndio. A polícia fechou a estrada que leva à área, onde imagens não verificadas nas redes sociais mostraram uma fumaça espessa. “A ADNOC está profundamente triste em confirmar que três colegas morreram. Outros seis colegas ficaram feridos e receberam atendimento médico especializado imediato”.
A aliança liderada pela Arábia Saudita realizou ataques aéreos na capital do Iêmen, Sanaa, controlada pelos Houthis, como retaliação após o ataque aos Emirados Árabes Unidos e depois que a coalizão interceptou oito drones lançados em direção à Arábia Saudita na segunda-feira 17/01. O secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, condenou o ataque aos Emirados Árabes Unidos e pediu que “todas as partes exerçam a máxima contenção e evitem qualquer escalada”.
Caças da Royal Saudi Air Force (RSAF) como Panavia Tornado IDS e Boeing F-15SA fizeram incursões sobre a capital do Iêmen, empregando bombas inteligentes.
“Em resposta à ameaça e por necessidade militar, ataques aéreos começaram em Sanaa”, disse a agência oficial de imprensa saudita oficial no Twitter, poucas horas após os UAE. O canal de TV Houthis ‘Al-Masirah confirmou as incursões da coalizão, informando que pelo menos 20 pessoas morreram com dezenas de feridos.
Abdul Ilah Hajar, conselheiro do presidente do Conselho Político Supremo dos Houthis em Sanaa, disse que foi um tiro de advertência dos rebeldes. “Enviamos a eles uma mensagem clara de alerta, atingindo lugares que não são de grande importância estratégica”, disse ele à AFP. “Mas é um aviso se os Emirados Árabes Unidos continuarem sua hostilidade ao Iêmen, não poderão no futuro resistir aos próximos ataques”.
A Arábia Saudita, à frente de uma coalizão árabe apoiada pelos EUA, lançou uma ação militar contra o Iêmen e impôs um bloqueio terrestre, aéreo e marítimo de 26 de março de 2015. A coalizão luta contra as forças terroristas dos Houthis do Iêmen. Os Houthis, que depuseram o governo internacionalmente reconhecido do Iêmen da capital Sanaa, controlam a maior parte do norte do Iêmen. A ONU tenta retomar as negociações de paz para encerrar a guerra que gerou uma grande crise humanitária no país.
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