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Guerra tarifária dos EUA coloca em risco acordo com a Indonésia para compra dos F-15ID

17 de abril de 2025
Guerra tarifária dos EUA coloca em risco acordo com a Indonésia para compra dos F-15EX. Foto: USAF.
Guerra tarifária dos EUA coloca em risco acordo com a Indonésia para compra dos F-15ID. Foto: USAF.

Guerra tarifária dos EUA coloca em risco acordo com a Indonésia para compra dos F-15ID. Um acordo para vender duas 24 de caças Boeing F-15ID, versão customizada do F-15EX para a Indonésia, um importante parceiro dos EUA no Sudeste Asiático, está face às tensões comerciais.

Em agosto de 2023, a Boeing assinou um memorando de entendimento com a Indonésia para 24 jatos F-15EX Eagle II (F-15ID), uma medida que prometia fortalecer os laços entre Washington e Jacarta, ao mesmo tempo, em que reforçava as defesas do arquipélago.

Mas em 2 de abril de 2025, o presidente Donald Trump anunciou uma tarifa de 32% sobre as importações indonésias, parte de uma política comercial “recíproca” mais ampla, visando lidar com os desequilíbrios das balanças comerciais. As tarifas, que visam têxteis, eletrônicos e outros produtos da Indonésia, lançaram uma sombra sobre o acordo de US$ 13,9 bilhões e gerando temores de que pressões econômicas possam paralisá-lo ou inviabilizá-lo completamente.

Para a Boeing, que já enfrenta desafios de produção e dificuldades financeiras, os riscos são altos — não somente para este contrato, mas também para sua posição mais ampla em uma região crucial para os interesses estratégicos dos EUA. Por que um acordo de defesa agora está envolto em disputas comerciais e o que isso significa para a influência dos EUA no exterior?

O F-15ID Eagle II, peça central da potencial venda, representa a mais recente evolução de uma aeronave histórica. A variante EX, desenvolvida pela Boeing, traz atualizações de ponta: sistemas de radar avançados, capacidades aprimoradas de guerra eletrônica e capacidade de carga de até 29.500 libras, incluindo mísseis ar-ar e munições guiadas de precisão.

Com um alcance de combate de cerca de 1.770 km e uma velocidade máxima superior a Mach 2,5, ele pode atingir alvos a longas distâncias enquanto carrega mais munições do que a maioria dos caças de sua classe. Para Jacarta, o jato representa um avanço em relação à sua frota envelhecida de F-16s e Su-27s russos, prometendo dissuasão contra rivais regionais e flexibilidade para patrulhas marítimas.

O interesse da Indonésia no F-15EX decorre de sua posição estratégica em rotas marítimas vitais no Indo-Pacífico, onde as tensões com a China sobre o Mar da China Meridional perduram há anos. Em 2022, o Departamento de Estado dos EUA aprovou a possível venda de até 36 jatos. O acordo de 2023 tenha sido confirmados em 24, com um custo estimado cobrindo aeronaves, peças de reposição e suporte.

O acordo, se finalizado, marcaria a Indonésia como a primeira compradora internacional do F-15EX. As tarifas, anunciadas pela Casa Branca, têm como alvo países com superávits comerciais, com a Indonésia enfrentando uma taxa de 32% para combater o que o governo alega serem altas taxas sobre produtos americanos, como 30% sobre o etanol americano. A Indonésia exportou US$ 23,28 bilhões em mercadorias para os EUA em 2023, incluindo óleo de palma, eletrônicos e vestuário, tornando-se um parceiro comercial significativo.

As tarifas ameaçam aumentar os custos para essas indústrias, enfraquecendo potencialmente a economia da Indonésia. O presidente Prabowo Subianto, falando em Jacarta dias após o anúncio, descreveu o comércio global como “em crise” devido às políticas da maior economia do mundo, segundo a Associated Press.

Seu ministro-chefe da Economia, Airlangga Hartarto, sinalizou disposição para negociar em vez de retaliar, uma atitude pragmática, considerando o PIB da Indonésia de US$ 1,4 trilhão, em comparação com os US$ 27,7 trilhões dos EUA. Para um país que planeja gastar bilhões em defesa, a pressão econômica pode desviar as prioridades de aquisições custosas como o F-15EX.

A posição da Boeing nesta saga é precária. A empresa enfrentou anos de turbulência, desde os acidentes com o 737 MAX até interrupções na cadeia de suprimentos e greves trabalhistas. Sua divisão de defesa, que inclui o F-15EX, tem sido uma força estabilizadora, mas perder uma grande venda internacional seria doloroso.

A política comercial mais ampla que impulsiona essas tarifas reflete uma mudança na estratégia dos EUA. A abordagem de Trump, apelidada de “América Primeiro”, busca equilibrar os déficits comerciais impondo impostos com base em uma fórmula vinculada aos superávits, e não somente direitos recíprocos.

O Sudeste Asiático sentiu o impacto: o Camboja enfrenta tarifas de 49%, o Vietnã, 46%, e a Tailândia, 36%, segundo a Foreign Policy. A alíquota de 32% da Indonésia, embora menor, ainda afeta setores como o têxtil e o de calçados, que empregam milhões.

Muhammad Edhie Purnawan, economista da Universitas Gadjah Mada, alertou que as exportações indonésias podem se tornar “mais caras e menos competitivas”, projetando um impacto no superávit comercial do país de US$ 16,84 bilhões com os EUA em 2024. Essa pressão econômica pode forçar Jacarta a reavaliar compras de alto valor, mesmo aquelas vinculadas à segurança nacional.

Para os EUA, as tarifas visam impulsionar a produção nacional, mas arriscam alienar aliados como a Indonésia, um elemento fundamental na contenção das ambições regionais da China.

Para a Boeing, o risco não é somente perder um contrato, mas ceder terreno em uma região onde a influência americana é contestada. A Indonésia, buscando equilibrar sobrevivência econômica e segurança, pode se comprometer com os jatos, mas o caminho é mais obscuro do que há um ano.

As tarifas, destinadas a fortalecer a influência dos EUA, podem, na verdade, enfraquecer uma aliança fundamental, deixando a Boeing arcar com o custo. À medida que as negociações se desenrolam, uma questão persiste: os Estados Unidos podem se dar ao luxo de permitir que guerras comerciais minem seus objetivos estratégicos?

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@CAS

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