GAO a USAF: pense duas vezes antes de reparar os KC-46. O Government Accountability Office (GAO), órgão muitas vezes chamado de “vigilante do Congresso”, é uma agência independente e apartidária que trabalha para o Congresso. O GAO examina como os dólares dos contribuintes são gastos e fornece ao Congresso e às agências federais informações objetivas, não partidárias e baseadas em fatos para ajudar o governo economizar dinheiro e trabalhar com mais eficiência. Pois ele mandou um recado direto a USAF: pense bem antes de gastar mais dinheiro com as correções do Boeing KC-46.
Na prática o GAO quer que a Força Aérea faça mais testes e avaliações das correções feitas pela Boeing para o Remote Vision System (RVS) do KC-46A Pegasus antes de prosseguir com projeto, porque se não der certo, a USAF entraria em um “gancho financeiro”. Em um novo relatório divulgado em 27 de janeiro, o GAO disse que a correção da Boeing para o RVS – uma das várias deficiências do KC-46 ainda a serem corrigidas – envolve novas tecnologias que podem ainda não estar maduras o suficiente para avançar, representando um risco de crescimento de custo e no cronograma.
A Boeing consumiu mais de US$ 5,4 bilhões em em perdas com o programa Pegasus. Até agora no programa, “o risco financeiro do governo tem sido geralmente limitado ao preço máximo de US$ 4,9 bilhões expresso em seu contrato com a Boeing”, disse o GAO, mas “a USAF planeja encerrar a revisão do redesenho proposto pelo contratado e assumir a responsabilidade financeira por isso sem avaliar o nível de prontidão tecnológica do sistema”, diz o relatório.
O GAO teme que a USAF aceite um RVS “que contenha tecnologias imaturas e maior risco de crescimento de custo e cronograma”. Quanto mais cedo a Força Aérea fizer as avaliações de tecnologia e verificar o sistema operacionalmente, “mais cedo poderá identificar problemas de projeto e tomar medidas proativas para mitigar qualquer aumento de custos e atrasos na entrega da capacidade prometida”.
A Força Aérea discordou, dizendo que precisa adotar uma abordagem acelerada ao RVS para colocá-lo em campo na “velocidade da relevância”. Também discordou das conclusões gerais do GAO, dizendo que a agência de auditoria sugere que o novo RVS não funciona, quando “a USAF fez esforços extraordinários para garantir que o design do RVS 2.0 atenda aos requisitos dos combatentes”. O serviço fornecerá “capacidade significativamente aprimorada ao combatente” quando implantado. O projeto está “no caminho certo para atender a todos, exceto um requisito contratual relevante”, e a Boeing e a USAF estão trabalhando “colaborativamente em um plano de ação corretiva”.
A USAF e a Boeing ainda estão trabalhando em “sete deficiências críticas”, o que atrasará a declaração de produção de taxa total até “pelo menos setembro de 2024 e consimirá quase US$ 1 bilhão” , o informou o GAO. No entanto, a Força Aérea terá adquirido a maioria dos 179 KC-46 planejados “antes que as deficiências críticas sejam resolvidas” .
Dos sete, dois estão relacionados ao RVS. Os demais são: a rigidez excessiva na barra de reabastecimento; a instabilidade do sistema de gerenciamento de voo; rachaduras em um tubo de drenagem, rachaduras no mastro de drenagem, e o último é vazamentos no sistema de combustível.
Problemas anteriores com travas de paletes de carga se soltando e rachaduras nas braçadeiras dos dutos de ar foram resolvidos. As deficiências no RVS existente incluem: O sistema das câmeras – pelo qual o operador da lança, atrás da cabine, visualiza a operação de tanque – não fornece uma imagem clara da lança. Essa falta de clareza causou alguns contatos não intencionais com a aeronave receptora, o que pode causar acidentes. Embora o RVS deva fornecer uma imagem “3-D” ao operador da lança, a percepção de profundidade de campo tem sido um problema.
No KC-135 e KC-10, o operador da lança visualiza a operação de tanque diretamente, através de uma janela. A Força Aérea está assumindo mais responsabilidade — e riscos — pelo programa porque quer ir além dos requisitos originais do avião. O RVS 2.0 é visto pela USAF como um desbravador para um futuro sistema de reabastecimento autônomo que não exigirá um operador de lança.
A USAF e a Boeing concordaram com um acordo de compartilhamento de custos no novo sistema, que corrige as deficiências da Boeing. A Boeing está lançando atualizações de software provisórias a caminho do RVS 2.0. Ao contestar as descobertas do GAO, a Força Aérea disse que seu memorando de acordo com a Boeing sobre o RVS 2.0 permite uma abordagem “não padronizada” para alcançar um “cronograma acelerado” para colocar a capacidade em campo. O projeto foi avaliado “com um nível de detalhe que excede” o que normalmente ocorreria em uma revisão preliminar do projeto, disse a USAF. Além disso, a Força Aérea disse que é “improvável” que a avaliação de prontidão técnica descubra “riscos significativos ainda não identificados e rastreados pelo programa”, e essa etapa provavelmente adicionaria entre seis e 12 meses para ser realizada. Isso seria “tarde demais para afetar o design” ou atrasaria o RVS 2.0.
A Força Aérea também discordou da recomendação do GAO de desenvolver planos de maturação tecnológica para as tecnologias do RVS 2.0, pelo mesmo motivo: causaria atraso. Há um “plano abrangente” para eliminar todos os “riscos identificados” na maturidade da tecnologia, disse a USAF, e há inúmeras revisões em vários marcos para garantir que isso esteja acontecendo.
Finalmente, a Força Aérea discordou que deveria haver testes de um “protótipo completo” do RVS 2.0 no KC-46 em um “ambiente operacional” antes de fechar a revisão preliminar do projeto, dizendo que isso “não é prático”. O tempo que levaria para preparar um protótipo “é semelhante ao tempo necessário para obter o primeiro artigo de teste em desenvolvimento”.
Ter que cumprir essa recomendação adicionaria até dois anos ao cronograma de campo do RVS, disse a USAF, e é desnecessário porque “os protótipos das câmeras já voaram”. Os componentes do RVS 2.0 foram testados em laboratório e foi confirmado que o “ambiente de voo não resultará em desempenho degradado”. Além disso, haverá os habituais testes de desenvolvimento e operação do sistema, disse a Força Aérea.
Mesmo assim, a Força Aérea decidiu não encerrar a revisão preliminar do projeto, disseram oficiais do serviço, porque o sistema de visão panorâmica ainda não está no nível de conforto da USAF.
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