Força Aérea Canadense não estaria satisfeita com seus CH-148 Cyclone. O Comando da Força Aérea Real Canadense (RCAF) estaria preocupado com a capacidade operacional dos seus CH-148 Cyclones, uma versão militar naval do helicóptero civil Sikorsky S-92.
Documentos obtidos pela CBC News demonstram que, após 20 anos desde a assinatura do contrato de US$ 5,8 bilhões entre o Ministério de Defesa Nacional (MDN) e a fabricante americana Sikorsky, nem todos os 28 CH-148 foram entregues para a RCAF. Eles foram adquiridos para substituir a antiga frota de CH-124 Sea Kings.
De acordo com a reportagem, os CH-148 Cyclones ainda não atingiram sua Capacidade Operacional Final (FOC). Na terça-feira (09/01), o MND divulgou um comunicado à imprensa informando que está à procura de um consultor externo para “definir opções potenciais” para a frota de CH-148.
O Coronel Larry McWha, atualmente aposentado da RCAF, mas que comandou o Esquadrão 423 quando operavam os CH-124 Sea Kings e que conhece o programa CH-148, considera um desafio manter os novos helicópteros, particularmente porque o Canadá é o único país que voa essa versão militarizada do S-92.
“Os componentes serão mais difíceis de encontrar no mercado, e poderão ter que ser fabricados sob encomenda”, disse McWha.
A CBS News obteve com exclusividade uma apresentação em PowerPoint de 23/09/2023 e uma planilha que detalha todas as preocupações das Unidades que operam os helicópteros, incluindo a Ala 12 de Shearwater, que questionou a sustentabilidade do CH-148 a médio e longo prazo.
“A relevância operacional está em questão, pois sistemas críticos, como COMUNICAÇÃO SEGURA / LINK DE DADOS TÁTICOS / ARMA PRIMÁRIA, estão prestes a expirar sem uma substituição prevista”, diz a planilha. Os documentos recebidos pela CBC News, foram apresentados a altos líderes militares no anos passado.
Em declaração, o MND disse que a Força Aérea está ciente dessas preocupações. “A substituição dos equipamentos de comunicações seguras, datalinks táticos e armamentos (torpedos) estão procuradas no mercado, bem como o financiamento para concluir todas as atualizações”, disse o comunicado.
Os responsáveis da RCAF pelo projeto estimam que a conclusão não chegue até 2031, com isso o MND está considerando medidas paliativas. “Estão sendo procuradas medidas para identificar e implementar capacidades provisórias até 2025, tanto para os torpedos, comunicações seguras e datalinks táticos, com o objetivo de reduzir o impacto operacional”, disse o MND.
Quando foram encomendados em 2004, o governo previu que os helicópteros estariam em serviço entre 2010-2011. O cronograma ignorou as complicações técnicas que surgiriam com a conversão de um helicóptero civil para uso militar.
Em 2013, com apenas quatro helicópteros de testes recebidos, o governo contratou um consultor externo, pois considerava abandonar o projeto à medida que os custos e os atrasos aumentavam. A opção por manter o programa foi tomada diante os valores de US$ 1,7 bilhões investidos no CH-148.
Nos termos de um contrato revisado com a Sikorsky e assinado há quase uma década, a partir de 2018 a RCAF comeciaria a receber os 28 helicópteros CH-148 Cyclone com certificação FOC.
“As atuais restrições de pessoal e recursos, é improvável que a Ala 12 e a RCAF alcancem FOC até 2025”, diz o comunicado do MND. “Uma razão adicional para o atraso envolve interrupções na cadeia de abastecimento global que geram atrasos na maioria das indústrias”, salientou o DND.
As duas últimas aeronaves previstas no contrato ainda não foram entregues pela Sikorsky por falta de peças. A previsão é que o penúltimo CH-147 ( 27ª aeronave) seja recebida pla RCAF no primeiro semestre deste ano e o último (28ª) no segundo trimestre de 2025.
“Recentemente, alguns aliados do Canadá fizeram exatamente isso, procuraram alternativas para reduzir as perdas em helicópteros que estavam com baixo desempenho e procurar alternativas. Não sei se estamos ou não nessa situação”, disse Dave Perry, analista de defesa e presidente do Canadian Global Affairs Institute.
Fonte: CBS News
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