Fim da novela? Argentina abandona projeto dos jatos navais Super Etendard. O Ministro da Defesa da Argentina, Jorge Taina, confirmou que o governo não vai mais investir no projeto de ativação dos jatos navais franceses Dassault Super Etendard Modernisé (SEM). A informação foi tornada pública ontem (17/05), em uma entrevista coletiva durante as comemorações do Dia da Marinha.
“Tínhamos planejado recuperá-los, por isso falei com o Ministro da Defesa da França, que me disse que não podem ser recuperados, por duas razões: por causa dos assentos ejetáveis de origem britânica, e porque um conjunto de peças dos Super Etendard Modernize que estão desprogramadas, e por isso eles, que inicialmente tinham visto a possibilidade de produzir esses componentes, e que agora não poderão fazê-los”, disse Taina aos jornalistas.
De acordo com o Pucará Defensa, chama a atenção que, tendo recebido os aviões em 2019 e desde então se conheça o problema dos assentos ejetáveis Martin-Baker, bem como o fato de terem sido feitas negociações com a Task Aerospace, uma empresa conhecida por fornecer componentes de assentos sem as limitações impostas pela Grã-Bretanha. Apesar disso, e do avanço desses projetos, agora o Ministério da Defesa considera desprogramar os aviões sob alegação da resposta francesa para um fato que é conhecido há muito tempo.
Chama a atenção também que se sugira que outro motivo é que a França não opera mais a aeronave. Ora, mas a Aviação Naval francesa não opera os Super Etendards há muito anos, fato que era conhecido pelos argentinos na época da compra e durante todo o tempo em que trabalho foi feito para recolocar os aviões em serviço.
Até agora, os relatórios técnicos da Armada Argentina afirmavam que era “apenas necessário recuperar o sistema de acionamento da ejeção do assento”, para colocar os aviões em serviço. Inclusive, o 2º Esquadrão Naval de Caças e Ataque fez diversos testes em solo dos aviões, incluindo corridas de pista, e não decolou com os mesmos “apenas pela inoperância do sistema de ejeção”.
A Armada estava trabalhando com duas opções: o desenvolvimento do sistema de acionamento ou a instalação de um novo assento. Conforme a reportagem de Pucará Defensa, embora o alto custo desses projetos, permitiria manter a operação por mais alguns anos e recuperar a capacidade de ataque aeronaval a um custo muito menor do que a compra de uma nova aeronave.
O texto chama a atenção para outro fato ocorrido durante a cerimônia de “Portões Abertos” realizado na Base Aérea Naval Comandante Espora, onde o Alto Comando emitiu a ordem para não expor, “por qualquer motivo”, nenhuma dos jatos Super Etendard, tanto as originais quanto as Modernisé, apesar de serem uma das aeronaves mais esperadas pelo público visitante.
Diante de uma possível substituição, Taiana disse que “obviamente, se não houver possibilidade de solução e não houver recurso local para tanto, terá que se pensar em outra opção“, o que indica que atualmente o Ministério da Defesa não tenha alguma solução planejada para o problema, afirmou a reportagem de Pucará.
Relembrando o caso
Em 2018 o governo argentino adquiriu um lote de cinco Dassault Super Étendard Modernize aposentados pela França, com objetivo de reativar a 2ª Escuadrilla Aeronaval de Caza e Ataque, da 3ª Escuadra Aeronaval (EA32). Em maio de 2019, os jatos chegaram por via marítima ao Porto de Buenos Aires. Desde então, os aviões foram armazenados na Base Aeronaval Comandante Espora (BACE), Villa Espora, província de Buenos Aires, aguardando o fim da novela dos assentos ejetáveis.
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