

FAB prevê receber o último Saab F-39 Gripen E apenas em 2032. Em recente apresentação feita na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) do Senado Federal, o Tenente-Brigadeiro do Ar Walcyr Josué de Castilho Araújo, Chefe do Estado-Maior da Aeronáutica, informou que a Força Aérea Brasileira (FAB) prevê receber o último caça Saab F-39 Gripen E apenas em 2032, ou seja, com pelo menos oito anos de atraso em relação ao plano original.

Expondo a situação aos senadores durante o debate da PEC 55/2023 — proposta que define o orçamento mínimo de 2% para o Ministério da Defesa — o Brigadeiro Walcyr apresentou uma tabela mostrando o cronograma original que previa os 36 recebidos até 2024 e a posição atual, onde após sucessivos aditivos contratuais o último Gripen deverá chegar apenas em 2032.
“Temos aí um orçamento, aquém daquele que tínhamos como necessário para pagar o contrato, e tivemos que fazer um novo termo aditivo. Então, senhores, imaginem: esse contrato foi feito para que nós tivéssemos o encerramento das 36 aeronaves em 2024. Nós fizemos sucessivos termos aditivos, estamos hoje no décimo segundo, e os senhores veem que já temos a perspectiva de ter a última aeronave em 2032“, afirmou o Oficial.

Desde a assinatura do contrato original em 2014, os custos do programa F-X2 — que definiu o caça sueco Saab Gripen E como seu futuro vetor de combate — aumentaram na ordem de 13%. Além disso, o atraso na modernização da frota de caças atrasa ainda mais a aposentadoria dos envelhecidos Northrop F-5M Tiger II, que neste ano completaram 50 anos de operações na FAB.
“Senhores, imaginem a dificuldade da Força Aérea Brasileira, que previa desativar aeronaves compatíveis com essa data de 2025, mas nós estamos estendendo a operação de aeronaves até 2032. Isso mostra o gasto de recursos para manter aeronaves que já tínhamos a intenção de desativar“, destacou o Brigadeiro Walcyr, ressaltando os elevados custos de manutenção para manter a antiga frota de caças em serviço.
Sobre o programa Gripen
O programa Gripen brasileiro foi anunciado em 2013, quando o caça JAS-39E fabricado pela empresa sueca Saab foi escolhido para substituir a frota de aeronaves de caça da Força Aérea Brasileira, assim como beneficiar a indústria nacional de Defesa. O contrato foi assinado em 2014, envolvendo 28 caças Gripen E (monoposto) e 8 Gripen F (biposto).

Desde então foi iniciado o maior programa de transferência de tecnologia já feito pela Saab, incluindo aeronaves, suporte logístico, sistemas, equipamentos relacionados, treinamento, armamentos em um grande acordo de cooperação industrial. Mais de 350 profissionais brasileiros foram capacitados pela Saab com treinamentos teóricos e práticos. Em parceria com a Embraer, foram criadas em Gavião Peixoto (SP) o Centro de Projetos e Desenvolvimento do Gripen (GDDN), o Centro de Ensaios em Voo do Gripen (GFTC) e a linha de produção da aeronave.
Apesar dos atrasos no programa, a Saab já entregou para a FAB dez caças F-39E, sendo nove operacionais e um usado como plataforma de testes (matrícula 4100). De acordo com a tabela apresentada pelo Brigadeiro Walcyr, mais dois F-39E deverão chegar esse ano, ambos os primeiros montados no Brasil.
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