FAB está cogitando a compra de F-16? Já faz algum tempo que circula informações que a Força Aérea Brasileira (FAB) estaria interessada em adquirir um segundo vetor de caça para operar ao lado do F-39E/F. A notícia voltou a circular esta semana, motivando uma nota sobre o assunto emitida pela FAB.
A informação, primeiramente dada pela Janes, criou uma série de ilações e até mesmo comparações com o programa F-X encerrado em 2003, ao qual o F-16C/D foi um dos concorrentes, e também, a oferta posterior da Holanda em 2004 por um lote de F-16AM/BM ex-RNLAF. A título de curiosidade, o Chile (FACH) acabou arrematando 18 estas aeronaves em novembro de 2005, seguido de mais 18 em maio de 2009.
Para esclarecer a situação, a FAB soltou, no dia 14 de junho, uma declaração aos veículos de mídia, ao qual replicamos abaixo.
Nota da FAB a imprensa:
A Força Aérea Brasileira (FAB) informa que está levantando dados para a realização de um estudo sobre a possibilidade de aquisição de aeronaves de caça usadas F-16 Fighting Falcon. A análise, no entanto, não guarda relação com as capacidades da aeronave F-39 Gripen.
Destaca-se, ainda, que, até o momento, não estão sendo realizadas negociações com governos ou empresas, nem foram definidas quantidades ou versões. As únicas interações realizadas sobre o tema tiveram como objetivo o levantamento de dados.
Foi a primeira vez que o Comando da Aeronáutica citou publicamente a informação de que a FAB estuda a compra de uma aeronave de caça. No entanto, esta situação é um assunto que vem sendo debatido desde o ano passado. Inclusive, em outubro de 2023, vazou nas redes sociais a imagem de um slide de uma apresentação interna sobre “Projetos Futuros”, com a foto de um F-16C ao lado de um F-39. Dando a entender que outro vetor de caça, estaria sendo cogitado, justamente para voar ao lado do F-39.
Nada de oficial havia confirmado pela FAB sobre este assunto, até a nota divulgada ontem, que agora confirma, que está, sim, estudando uma possível compra de um lote de F-16 usados. Pouco ou quase nada pode se afirmar hoje, exceto que a FAB olha para o mercado, e está, sim, interessada em no mínimo “saber mais” sobre o F-16 e por hora, nada mais. Além disto, ela deixa claro que o estudo sobre o F-16 não invalida as capacidades do F-39, que diga-se de passagem, é de uma geração diferente do F-16.
Porém, isto não impede constatações, em cima de fatos. Quando da escolha do F-39E/F, em dezembro de 2013 e o posterior firmamento de contrato em 2018, ficou claro que o Gripen seria o caça padrão da FAB, onde o ideal era 72 unidades, podendo, até, ter um terceiro lote que elevaria a frota para 108 F-39E/F. O primeiro lote foi adquirido. O segundo está na pauta de negociações e poderá ter um número menor que as 36 unidades originalmente previstas.
Passados mais de 10 anos, o projeto evoluiu, a linha de montagem do Gripen E já começa a dar os primeiros frutos em Gavião Peixoto e a FAB já ativou sua primeira unidade — 1º GDA (BAAN) com o F-39E, curiosamente, antes mesmo da Suécia. Hoje a FAB possui sete F-39, dos 36 encomendados.
Então, qual a razão deste estudo? O que mudou? Podemos ter dois vetores de caça, como na época do F-103 e F-5? Seria ele um stop-gap até a chegada de todos os F-39 e a definição do 2º lote? Qual a versão e para onde o estudo aponta o emprego dos F-16? Preço? Vale lembrar que os A-1M estão para serem desativados e os F-5M caminham para o fim de sua vida útil em poucos anos e o número de F-39 recebidos, ainda não permite a ativação imediata de mais uma unidade.
O Lockheed Martin (Original General Dynamics) F-16, que completou 50 anos do seu primeiro voo este ano, é um dos projetos mais bem sucedidos do mundo. Está em hoje produção, e rumo a fechar 5 mil unidades produzidas, algo que raros caças supersônicos conseguiram. Sua versão atual de fábrica é o F-16C/D (F-16V) bloco 70/72. Além disto, os F-16A/B/C/D excedentes, podem receber itens das versões atuais, trazendo eles para um padrão similar ao Bloco 70/72.
São mais de 30 usuários, dos quais 30 são operadores, afora seu uso por empresas privadas de treinamento dissimilar, como a Top Aces, que emprega ele em missões de Advanced Aggressor Mission System (AAMS).
Nenhum caça em serviço tem a ficha corrida do F-16, com inúmeras missões em combate e um escore de 72 vitórias ar-ar para apenas uma perda. Junto com o F-35, é o caça mais vendido da atualidade, seguido pelo francês Dassault Rafale.
@CAS