A Força Aérea Brasileira (FAB) iniciou recentemente o processo de desativação da última aeronave Gates Learjet R-35A, em operação no 1°/6° GAV – Esquadrão Carcará, sediado na Ala 2 – Base Aérea de Anápolis (GO).
Com mais de 33 anos de serviços prestados, o FAB 6000 realizou sua última missão operacional durante o Exercício Operacional Tínia (EXOP Tínia 2020), desenvolvido na Ala 4 – Base Aérea de Santa Maria (RS). No dia 14 de novembro, o “Carcará 00” decolou para participar de uma missão aérea composta (COMAO) durante o treinamento.
A frota de R-35A do 1°/6° GAV executou diversas missões de reconhecimento por imagem, com destaque para imageamento de alvos, localização de pistas de pouso clandestinas, áreas de garimpo, desmatamentos, aerolevantamento, entre outras. Trata-se de um jato versátil e veloz que foi empregado em todo território nacional em Ações de Reconhecimento Aéreo, com vistas à manutenção da soberania nacional.
Segundo explica o Comandante do Esquadrão Carcará, Tenente-Coronel Aviador Bruno Gadelha Pereira, a aeronave atendeu a todos os requisitos necessários enquanto esteve em operação e encerra suas atividades com um currículo de missões históricas e marcantes. “Toda a tecnologia embarcada no R-35A nos possibilitou realizar uma série de missões de Aerolevantamento em apoio a calamidades públicas, como ocorreu no rompimento da barragem de Brumadinho, no controle de desmatamentos e queimadas, entre tantas outras. Todos que um dia tripularam este jato guardarão em suas memórias emocionantes histórias, das quais este ícone da aviação participou”, disse.
Em dezembro deste ano, o FAB 6000 deverá realizar o seu último voo pela FAB, com o pouso final no Aeroporto do Campo dos Afonsos, no Rio de Janeiro, onde passará a compor a lista de aeronaves do acervo do Museu Aeroespacial (MUSAL), local que tem por finalidade preservar a memória da Aeronáutica Brasileira. No momento da sua desativação, o FAB 6000 acumulava mais de 11 mil horas de voo.
A partir de agora, o Esquadrão Carcará passará a realizar operações de reconhecimento aéreo, com foco em missões de inteligência de sinais (SIGINT), por meio dos sensores MAGE DR-3000 embarcados nas aeronaves mais modernas R-35AM (FAB 6003, 6004, 6005). Estes sensores têm a função de captar sinais eletromagnéticos. “Seguiremos mantendo a excelência e a sinergia no cumprimento das missões de Inteligência, Vigilância e Reconhecimento”, destacou o Tenente-Coronel Gadelha.
Com objetivo de substituir os três SC-130 Hércules (FAB 2458, FAB 2459 e FAB 2460) ativos no 1°/6° GAV designados para missões de aerofotogrametria, em 1987 a FAB adquiriu diretamente do fabricante americano, três Gates Learjet R-35A, que receberam as matrículas FAB 6000, FAB 6001 e FAB 6002. As novas aeronaves chegaram equipadas com modernas fotográficas analógicas de alta definição Zeiss, de fabricação alemã.
Em abril de 2011, o Esquadrão Carcará entrou na era digital com a implantação de uma nova doutrina de operação, quando substituiu o sistema analógico pelo sensor de imageamento vertical, o Sistema Aerofotogramétrico Digital (ADS-80), fabricado pela suíça LEICA Geosystems. Esses equipamentos são capazes de gerar imagens de até 15 centímetros de resolução espacial (tamanho mínimo de um objeto que o sensor é capaz de distinguir) tanto do campo visual, quanto do infravermelho próximo.
O 1°/6° GAV – Esquadrão Carcará tem a sua origem em 24 de janeiro de 1951, com a criação de Centro de Treinamento de Quadrimotores (CTQ), destinado à formação das primeiras equipagens da FAB nas famosas B-17 “Fortalezas Voadoras”. O CTQ foi extinto em 25 de setembro de 1953, quando foi criado o Sexto Grupo de Aviação, com o Primeiro Esquadrão (1°/6° GAV), Esquadrão Carcará, dedicado à Busca e Salvamento e o Segundo Esquadrão (2°/6° GAV), para missões de Reconhecimento Fotográfico.
Em dezembro de 1968, foi desativado o 2°/6° GAV, ao mesmo tempo em que as B-17 foram substituídas pelos C-130E Hércules. Em 20 de agosto de 1977, o 1°/6° GAV entrou na era da nacionalização dos equipamentos, quando passou a operar o Embraer R-95 Bandeirante.
Em julho de 1987 chegaram no 1°/6° GAV os novos R-35A Learjet, equipados para Missão de Reconhecimento Fotográfico, e os SC-130 foram transferidos para o 1º GTT no Rio de janeiro, e com eles a missão de busca e salvamento. Em dezembro de 2010 foram desativados os R-95, e o Esquadrão Carcará passou a operar exclusivamente com aeronaves R-35A Learjet. No mesmo ano, foi atribuída à Unidade Aérea a missão de Reconhecimento Eletrônico, passando a operar com aeronaves R-35AM modernizadas. Desde janeiro de 2017, o 1°/6° GAV encontra-se sediado na Ala 2 – Base Aérea de Anápolis (GO).
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