FAB 01: um pouso seguro do VC-1 no México. Após incidente com o VC-1 FAB 2101 (Airbus ACJ) do 1º Esquadrão do Grupo de Transporte Especial (GTE), logo após decolar do Aeroporto Internacional Felipe Ángeles, na Cidade do México, (MMSM/NLU) em 1 de outubro, apareceram muitas especulações, até mesmo, nos meios da mídia especializada.
O fato ocorreu logo após a decolagem para a perna NLU — BSB (México — Brasília), quando a aeronave passou a ter uma anomalia em um dos dois motores IAE V2527-A5. A FAB não confirmou ainda, mas o fato é que o motor apresentou uma pane, que trouxe consigo perda de potência. Portanto, a informação inicial que era um bird strike (colisão com uma ave) foi descartada. A FAB está investigando o problema, mas é provável ser uma falha técnica que foi rapidamente saneada pela tripulação.
O evento causou vibrações no motor afetado, e por motivos de segurança, a tripulação optou por regressar ao aeroporto da Cidade do México. Com isto, o VC-1 “Força Aérea Brasileira 01” (indicativo de chamada “BRS 01”) declarou “PAN-PAN” (um indicativo internacional de urgência) ao Controle de Tráfego Aéreo. Colisão com pássaros é um dos incidentes mais comuns no mundo e pode afetar qualquer aeronave.
Como o VC-1 FAB 2101 estava muito pesado (havia decolado full combustível), foi necessário realizar espera de cerca de 4 horas nos arredores da Cidade do México no FL130, visando queimar combustível para pouso, o que foi feito em segurança e sem deixar feridos. O Presidente Lula e sua comitiva embarcaram no “avião reserva”, um Embraer 190 (VC-2), que os trouxe de volta ao Brasil, após uma escala no Panamá.
Muitos questionamentos foram feitos, especulações e até afirmativas categóricas sobre erros de procedimentos e conduta da tripulação, sem, contudo, conhecer as características do ACJ. Mensagens e artigos falam que a aeronave poderia ter feito procedimentos previstos nos A319 e A320 comerciais, que em tese mandam a aeronave pousar e não voar 4 horas em emergência desnecessariamente. Vale lembrar que pelo manual, os Airbus da família A320, que inclui o ACJ, não possuem o dumping (alijamento) de combustível. E mesmo que tivesse, é provável que não poderia fazer isto sobre a cidade. Teria que ir para uma área autorizada para alijamento e, voando monomotor, isto poderia transformar uma emergência controlada em algo pior.
O VC-1 da FAB é um Airbus Corporate Jet (ACJ), uma versão VIP do A319, um dos membros da consagrada família A320. Ele tem características e procedimentos diferentes das versões comerciais, seguidos à risca pelo GTE. O ACJ da FAB guarda pouca correlação com os aviões de série. O checklist e os dados de desempenho tem modificações importantes relacionada à maior quantidade de combustível que o ACJ transporta.
A versão FAB tem sete células a mais de combustível que os A319/320 usados pela aviação civil. Ele pode levar até 40.570 l, ao passo que o A319 comercial 23.859 l. Para um pouso seguro, o ACJ precisaria de estar com 62 toneladas. Porém, como a altitude da Cidade do México é 7.400 ft, também devem ser lavados em conta os parâmetros para parada com peso acima ou próximo ao peso máximo para pouso para não varar a pista. Outra atenção da tripulação é para não haver overweight landing, que poderia causar a perda ou danos severos à aeronave.
O procedimento seguiu o previsto e o resultado foi um pouso seguro. É fundamental destacar o nível de preparo e treinamento da tripulação do GTE neste incidente.
@CAS