F-35A: Suíça a caminho de um plebiscito. A aliança de esquerda suíça “Stop-F-35”, composta por vários grupos políticos suíços de esquerda, entregou mais de 120.000 assinaturas à Chancelaria Federal. São 20% a mais que as 100.000 assinaturas exigidas pelo sistema suíço de democracia direta, para que se coloque qualquer questão em votação popular. Com isto, deverá se repetir o que aconteceu em 2014 com o Gripen e por a compra do F-35 sob julgamento em um plebiscito.
Como aconteceu com o Gripen em 2013, a compra dos 36 F-35A pelo Governo da Suíça, fruto do Programa Air2030, deverá sofrer uma consulta popular, cujo resultado poderá ser o mesmo: embargo da compra. O projeto “Stop F-35” foi lançado pela Aliança Suíça de esquerda, que em 31 de agosto de 2021 impetrou uma ação popular federal visando arrecadar mais de 100 mil assinaturas, número mínimo para abertura de um pedido de plebiscito. Os 36 F-35A deve ter um custo de US$ 6,3 bilhões.
Uma vez que as autoridades tenham verificado as assinaturas, o governo deve definir uma data para a votação popular. “Esta iniciativa visa apenas o tipo de aeronave”, sublinha a aliança em um comunicado, acrescentando que se a Suíça escolher outra aeronave de combate, “a iniciativa será retirada”. No entanto a nota parece ter um tom não pró-Suíça, mas sim anti-americano, num ato mais ideológico do que preocupada com o orçamento.
Os ativistas do “Stop F-35” afirmam que o avião americano é uma aeronave de ataque muito cara e inadequada para as modestas necessidades de defesa aérea da Suíça, mesmo que o preço de compra seja relativamente mais baixo ou similar aos concorrentes, e tenha sido corroborado com dados e documentos emitidos pelo Canadá, Estados Unidos e Noruega.
O governo disse que o avião era o melhor, mas dois comitês parlamentares suíços iniciaram uma investigação sobre por que o modelo foi escolhido após uma série de problemas técnicos relatados com o avião nos Estados Unidos. Mas, apesar das preocupações, o governo anunciou em maio que queria acelerar o processo de compra, já que a oferta dos EUA deveria expirar no final de março de 2023, levantando temores de que Berna não esperasse uma votação popular sobre o assunto.
“O governo e o parlamento devem agora fazer todo o possível para permitir uma votação popular urgente e necessária e um debate público sobre o maior contrato de equipamento militar da história da Suíça”, diz a aliança em seu site.
Ainda não está claro se e quando a votação acontecerá. A coalizão, o Partido Social Democrata, o Partido Verde e o Grupo por uma Suíça sem Exército (GSoA), diz que uma votação popular pode ocorrer antes de 12 de março de 2023. O F-35 passará pelo meso crivo do Gripen E. Escolhido em 2013, o Gripen teve sua compra cancelada por veto popular, por um plebiscito realizado em 18 de maio de 2014, após um abaixo assinado similar ao do F-35A. Os 22 Gripens, que custariam US$ 3,5 bilhões, foram rejeitados por 51%.
Inicialmente, o governo planejava aguardar o resultado dessa iniciativa antes de fechar o negócio. No entanto, com a eclosão da guerra na Ucrânia e os movimentos de outros países para se rearmar, ele reconsiderou e sinalizou sua intenção de assinar o contrato antes que expire em março de 2023. Isso foi criticado por políticos de esquerda.
O fato é que a Shweizer Luftwaffe (Força Aérea Suíça) poderá ficar em uma situação muito ruim, pois seus F-5 e F/A-18 estão em fim de carreira e devem ser desativados até 2030. Se não forem substituídos, as unidades suíças e a defesa aérea do país correm o risco de simplesmente não existirem mais em meio a um cenário complexo que pode surgir a partir da crise na Ucrânia.
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