F-35A não atendente às necessidades da Austrália? A Austrália não é apenas um comprador, mas um parceiro industrial da Lockheed Martin no programa F-35. Como tal, deverá ter em breve um total de 72 F-35A a serviço da Royal Australian Air Force (RAAF). Porém o jato stealth da Lockheed Martin não está imune as críticas, que inclusive tem questionado se realmente atende as necessidades do país.
A RAAF está prestes a iniciar a formação de um quarto esquadrão de caças Lockheed Martin F-35A Lightning II. Hoje a RAAF tem esquadrões — 20 OCU, 3 Sq e 75 Sq e em breve deverá ter o 7 Sq. A Austrália não é apenas um comprador, mas um parceiro industrial da Lockheed Martin no programa F-35. A história da Austrália com o F-35 começou há vinte anos — em 2002. Como parceira no programa F-35 (JSF), Canberra se comprometeu a gastar mais de US$ 16 bilhões para adquirir 72 caças. Até o momento, 54 caças já foram entregues pela Lockheed Martin à RAAF. Em 2023 vence o prazo estabelecido pelo governo australiano para colocar todos os 54 caças já recebidos em prontidão operacional.
Porém, nem tudo são flores e os problemas operacionais já estão surgindo. O programa do governo para equipar um quarto esquadrão foi o primeiro a cair no radar dos especialistas. O mais respeitado especialista militar da Austrália e analista de defesa do país desde os anos 1970, o Sr. Brian Toohey discorda das intenções do governo. Toohey argumentou que a Austrália deveria exigir o reembolso do valor dado até o momento pela compra do F-35A, por este não atender as necessidades do país.
Existem várias razões. Primeiro de tudo — o custo de manutenção. Acontece que cada F-35 australiano passou 23% menos tempo no ar do que o planejado. Nos próximos três anos, essa tendência continuará. Isso significa mais tempo de inatividade que o previsto e maior custos de manutenção e armazenamento. A Austrália deve gastar US$ 11 bilhões para manter sua frota Lockheed Martin F-35A Lightning II até 2053. Isso imediatamente levanta a questão: se o motivo para menos horas de voo são problemas de manutenção, quantos bilhões a mais o contribuinte australiano terá que pagar para garantir que a aeronave esteja operacional até 2053?
Ele descreve o F-35 na RAAF como um desastre. Um exemplo é que os dois primeiros caças comprados em 2013 por US$ 280 milhões são tão antigos que não podem ser atualizados, de acordo com a configuração atual da Lockheed Martin. O Sr. Anthony Galloway, um jornalista de defesa australiano, pintou um quadro ainda mais sombrio. Segundo ele, o F-35 australiano não soma em nada as necessidades da Austrália. Um exemplo é a China. O F-35 australiano não pode alcançar o Mar da China Meridional a menos que seja reabastecido em voo. Ou seja, com um raio operacional de combate de 1.000 km, para atingir 1.500 km é preciso reabastecer. Isso significa colocar aeronaves como o KC-30 no ar, que seriam alvos fáceis em um conflito com a China.
Galloway ainda vai mais longe em sua análise, afirmando que o alcance real da aeronave é de 500 km durante o combate, pois precisaria acelerar, acelerar ou desacelerar. Ao forçar e acelerar durante o combate, gasta-se muito mais combustível, o que reduz automaticamente o alcance operacional em km.
Outros especialistas militares locais dizem que a opção “supersônica” anunciada não corresponde à realidade, já que a tal velocidade de Mach 1.6 só pode ser mantida por 90 segundos. Após esses 90 segundos, o piloto do F-35 deve desacelerar.
Existem mais problemas. Por exemplo, o F-35 australiano usa o software Block 3F. É um sistema eletrônico digital projetado e fabricado pela Lockheed Martin. A manutenção e atualização deste sistema operacional são muito mais extensas e caras do que seus sistemas concorrentes ao redor do mundo. Esta opinião não é apenas o comentário de um analista australiano, mas também o comentário de um alto funcionário americano.
No ano passado, o Tenente-general S. Clinton Hinote, vice-chefe de gabinete da USAF, expressou sérias preocupações sobre o software Block 3F, dizendo: “o bloco que está saindo da linha agora não é um bloco com o qual me sinto bem ao enfrentar a China e a Rússia. Torna-se ainda mais assustador depois que ficou claro que nem mesmo os primeiros caças americanos usam o software Block 3F desde 2019.
A RAF foi um dos primeiros operadores do F-35 fora dos EUA, já com quase 10 anos de serviço e pelo jeito está pagando pela primazia e pressa de comprar o novo caça. Para muito analistas a solução, que seria atualizar parte da frota, faria o custo explodir.
@CAS