F-35 Lightning II falhou? Segundo declarações do Pentágono e da USAF. Sim. Tanto que a USAF declarou que gostaria de desenvolver um caça leve, acessível e barato para substituir centenas de F-16 e complementar uma pequena frota de sofisticados e caros caças stealth.
O resultado seria uma mistura do F-22 e do F-35, segundo informou Chefe do Estado-Maior da Força Aérea, General Charles Brown Jr. Ao declarar isto a impensa, Chefe do Estado-Maior da USAF admitiu algo que vem sendo discutido a dois anos: o F-35 não conseguiu atingir seus objetivos operacionais e, mesmo com mais investimentos, não deverá conseguir. A USAF já tem consciência disto, e informou que está realizando um estudo, denominado TACAir, para desenvolver um novo caça leve.
É bem verdade que o F-35 nunca foi uma unanimidade e sempre esteve envolto em superlativos por seu desempenho e poder de fogo, mas também, por pejorativas indagações sobre falhas, inconfiabilidades de software e claro, atrasos, custos altos e manutenção questionável. A equação parece que nunca fechou (ou teve um equilíbrio) e os custos estimados de US$ 100 milhões por cada F-35A não “vele o show”. Será que não?
Apensar de todos os problemas, o Lockheed Martin F-35 conseguiu ser o caça do século XXI de várias nações. Além dos EUA – que o emprega não só na USAF, mas na USN e USMC em versões navais ele foi vendido a pelo menos outras 12 nações e é candidato a pelo menos mais três.
Será que Austrália, Japão, Itália, Reino Unido, Coreia do Sul, Dinamarca, Holanda e Israel, que já operam a aeronave tem a mesma opinião? E a USN e o USMC, possuem a mesma visão? Ou para as necessidades operacionais dos demais operadores, o F-35, apesar de caro, atende a demanda? Israel por exemplo já empregou a aeronave em combate e seu aparente sucesso, fez a IDF solicitar mais unidades. São questões a serem melhor discutidas e avaliadas.
O que é fato é que em mais de 20 anos de desenvolvimento, o caça que seria o substituto de outro campeão de vendas, o F-16, tornou-se muito caro e deixou mais pesado o orçamento à medida que a USAF ia acrescendo tecnologias e investindo em correções. A complexidade do projeto e as dificuldades de integração agregaram custos, que de certa forma foram divididos por todos os parceiros do JSF.
Matérias, há bem pouco tempo, questionavam os custos do JSF e países membros do programa não consumaram a compra, como foi o caso do Canadá e outros como Itália e UK reduziram ou renegociaram a quantidade de aeronaves. Turbulências sobre o custo final de cada aeronave F-35A, B e C foram evidentes e pesam a esta altura do campeonato.
Se esse plano do TACAir for adiante, será uma volta ao passado, porque a Força Aérea estará lançando um novo programa para, em tese, substituir as centenas de F-16 e complementar o F-22. O F-35 se tornaria assim o problema que ele deveria ter resolvido. Vale lembrar que o plano original era adquirir cerca de 1.800 F-35A para substituir a frota de F-16, que atuariam ao lado de cerca de 180 F-22A.
Hoje 15 anos após o seu primeiro voo, a USAF tem cerca de 289 F-35A dos atuais 1760 planejados. Já existem sinais no Pentágono que poderá haver possíveis cortes no programa, que podem se confirmar após o anúncio do TACAir. A produção do F-22 se encerrou com 195 unidades e o F-35 pode acabar tendo sua produção limitada, mas que mesmo assim ainda seria bem mais expressiva que o F-22. Hoje 975 F-35 das tres versões já saíram da linha de montagem.
Mas, se a questão é substituir o F-16, porque não substituir ele por um novo F-16, em sua versão F-16V? Apesar de isto ter sido ventilado dentro da própria USAF, como algo prático objetivo e direto – similar ao que está sendo feito com os F-15, que serão substituidos pelos F-15EX, o F-16 não conta com a aprovação do Estado-Maior.
O F-16 é muito difícil de atualizar com o softwares mais recente, explicou Brown. “Em vez de encomendar novos F-16, a Força Aérea deveria iniciar um ‘projeto de folha em branco’ de um novo caça de baixo custo”.
De acordo com Brown, a USAF não precisa apenas do caça NGAD (Next Generation Air Dominance), uma aeronave de 6ª geração – ela também precisa de uma nova “aeronave de 5ª geração ou ao menos uma 4,5″. O General Brown reconheceu em sua entrevista alguns problemas recentes com o F-35 e sugeriu que uma solução potencial seria voar com o avião com menos frequência. “Quero reduzir o uso dessas aeronaves. Você não dirige sua Ferrari todos os dias para o trabalho, só dirige aos domingos. Não queremos queimar capacidade do F-35 toda de uma vez, pois gostaria de tê-lo mais a frente, caso necessário”, disse Brown.
Os comentários de Brown são certamente um admissão que o F-35 ainda não entregou o que a USAF esperava. Para muitos o F-35 entra numa encruzilhada, num “Go. No Go”. Ou o Pentágono continua com o projeto original ou encerra a produção e investe os recursos em um novo projeto. Mas pela posição do Estado Maior da USAF, a hora da decisão é agora.
@CAS