F-16 para Turquia: uma definição à vista. A longa novela sobre a compra de novos F-16 Bloco 70 e a venda de kits de modernização para os atuais F-16C/D da Turkish Air Force (TuAF) parece que está para chegar ao fim. Turquia e os Estados Unidos realizarão uma reunião técnica no da 15 de agosto que deve, finalmente, selar o negócio.
Agência turca Anadolu informou no dia 1º de agosto, que o Ministro da Defesa da Turquia Hulusi Akar disse que “a Turquia e os EUA realizarão uma reunião técnica sobre o acordo da compra dos F-16 em 15 de agosto, que deve selar o negócio”.
O ministro da Defesa observou que a Grécia tentou dissuadir os EUA de vender caças, mas falhou, em uma posição que ele chamou de “anormal”. Vale lembrar que além da pressão do governo grego, parlamentares americanos de origem grega também efetuaram movimentos para bloquear ou restringir a venda, em uma nítida tentativa de “desgastar o tempo negócio”, tornando ele inviável. Um destes movimentos foi a aprovação em julho pelo Congresso Americano de uma medida restritiva à venda dos F-16 e de kits de modernização.
O projeto de lei em questão incluiu a proibição da venda dos F-16 Block 70, a menos que a Turquia garanta que o espaço aéreo grego não será violado, o que parece na prática, uma “promessa infantil” e sem qualquer garantia. O projeto, que foi apresentado pelo congressista Frank Pallone, com apoio de vários outros, inclusive o democrata greco-americano Chris Papas, foi aprovado por 244 votos a favor e 179 votos contra. O projeto agora será adicionado à Lei de Autorização de Defesa Nacional dos EUA (NDAA — National Defense Authorization Act) de 2023.
A Turquia vem tendo impasses com os EUA desde a compra dos sistemas de defesa aérea russos S-400, que gerou seu alijamento do programa F-35. A compra e/ou modernização de seus F-16 é vista por muitos com uma compensação pela expulsão do JSF. Mesmo assim esta venda vem sendo questionada, apesar do forte interesse da Lockheed Martin no negócio.
A pressão efetuada pelo presidente Racep Tayyip Erdogan em junho, contestando e exigindo garantias da Suécia e Finlândia a seus interesses para poderem entrar na OTAN foi mal vista e teve momentos que beirou a chantagem. A solução, mediada pelos EUA, deu, além de garantias aos interesses turcos, a promessa de Biden da venda dos F-16. Isto gerou polêmicas, e para muitos, foi um golpe contra a Grécia.
O Presidente Biden pode vetar este projeto de lei, mas apenas 5 projetos de lei foram vetados até agora na história da NDAA. Na prática isto não deverá ocorrer, pois é interesse da administração Biden vender os F-16 e os kit de modernização à Turquia, que viraram moeda de troca para incluir não só Suécia e Finlândia na OTAN e uma compensação pelos F-35, mas também um plus na delicada questão de mediação feita pelos turcos com ucranianos e russo, pela liberação e transporte dos grãos por via marítima, retidos por causa da guerra.
“Ancara espera um resultado positivo das negociações sobre a entrega dos F-16 dos EUA. Caso contrário, já existem muitas alternativas no mundo. Novas soluções não estão excluídas”, disse um porta voz do Governo.
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