F-16 da Ucrânia realizam missões ELINT contra a Rússia. Em uma entrevista de 12 minutos divulgada recentemente, um piloto ucraniano de F-16 confirmou que os F-16AM/BM doados pelo Ocidente estão ativamente envolvidos em missões de inteligência eletrônica (ELINT) sobre a Ucrânia. O piloto, cuja identidade não foi divulgada por razões de segurança, também revelou que essas aeronaves estão conduzindo operações de combate e fornecendo suporte de escolta a outros aviões ucranianos em meio ao conflito em andamento com a Rússia desde 2022.
A entrevista, compartilhada por meio de uma publicação no X pela conta @Osinttechnical, oferece um raro vislumbre de como a Ucrânia está utilizando esses jatos avançados, originalmente fornecidos pelos países da OTAN para reforçar sua força aérea.
Este desenvolvimento marca um passo significativo nos esforços da Ucrânia para combater o domínio aéreo e eletrônico da Rússia, levantando questões sobre a adaptabilidade da plataforma F-16 e seu papel em uma guerra que já dura seu terceiro ano.
As declarações do piloto vêm em um momento em que a Ucrânia está cada vez mais dependente da ajuda militar ocidental para sustentar sua defesa contra as forças russas. O F-16, um caça multifunção projetado pela Lockheed Martin, tem sido um recurso há muito procurado por Kiev, que enfrentou um adversário formidável equipado com sofisticados sistemas de defesa aérea e capacidades de guerra eletrônica.
Conforme o piloto, os jatos não estão somente se envolvendo em combate direto, mas também reunindo inteligência eletrônica crítica, uma tarefa que envolve interceptar e analisar sinais de radar inimigo, comunicações e outros sistemas eletrônicos. Esse papel duplo ressalta a natureza evolutiva da estratégia aérea da Ucrânia, à medida que busca maximizar a utilidade de seus recursos limitados.
ELINT, ou inteligência eletrônica, refere-se à coleta de dados sobre emissões eletrônicas, tipicamente de radar ou sistemas de comunicação, para entender as capacidades e intenções de um adversário. No contexto das operações do F-16 da Ucrânia, isso significa que os jatos provavelmente estão sendo usados para detectar e localizar sistemas de defesa aérea russos, como o S-400, que representam uma ameaça significativa às aeronaves ucranianas.
Ao identificar as frequências, localizações e padrões operacionais desses sistemas, as forças ucranianas podem planejar melhor suas missões, evitar a detecção ou destruir estas defesas. A menção do piloto às missões ELINT sugere que os F-16s são equipados com sensores ou pods especializados capazes de capturar e processar esses sinais, uma capacidade que aumenta a consciência situacional no campo de batalha.
Embora o F-16 seja conhecido por sua versatilidade como um jato de caça, ele não é tradicionalmente projetado como uma plataforma primária para ELINT. Aeronaves como o RC-135 da Força Aérea dos EUA ou o EP-3 da Marinha são tipicamente encarregados de tais missões, ostentando sistemas dedicados para vigilância eletrônica.
Para que os F-16 da Ucrânia realizem ELINT, eles precisariam de equipamento adicional, provavelmente na forma de pods externos montados sob as asas. Um sistema possível é o AN/ALQ-131, um pod de contramedidas eletrônicas que pode ser adaptado para coleta de sinais. Este pod, embora usado principalmente para bloquear radares inimigos, poderia ser configurado para suportar funções ELINT limitadas.
O desafio de conduzir missões ELINT com F-16s é agravado pela presença da rede avançada de defesa aérea da Rússia. Sistemas como o S-400 e o S-300 podem detectar aeronaves em longas distâncias e engajá-las com mísseis guiados de precisão, forçando os pilotos ucranianos a operar em um ambiente de alta ameaça.
A integração das capacidades ELINT na frota F-16 da Ucrânia destaca a engenhosidade necessária em um conflito onde os recursos são escassos. Ao contrário das forças aéreas da OTAN, que podem contar com uma gama diversificada de aeronaves especializadas, a Ucrânia deve adaptar seu número limitado de jatos para cumprir múltiplas funções. A Ucrânia recebeu a promessa de cerca de 60 F-16AM/BM, embora nem todos estejam operacionais ainda, com entregas adicionais esperadas nos próximos meses.
O uso de F-16s para missões ELINT reflete a dinâmica mais ampla da guerra, onde a tecnologia e a adaptabilidade desempenham papéis essenciais. As defesas aéreas da Rússia forçaram a Ucrânia a repensar as operações aéreas tradicionais, confiando fortemente em drones e guerra eletrônica para compensar suas desvantagens em números e capacidade ofensiva.
Os F-16s, mesmo em quantidades limitadas, fornecem uma vantagem qualitativa, permitindo que a Ucrânia conteste o espaço aéreo que antes era dominado por forças russas. A referência do piloto a missões de escolta indica ainda mais uma mudança em direção a operações combinadas, onde os jatos protegem aeronaves mais antigas da era soviética ainda no inventário da Ucrânia, aumentando sua capacidade de sobrevivência contra interceptadores russos como o Su-35.
À medida que o conflito continua, o papel dos F-16 da Ucrânia provavelmente evoluirá ainda mais. A entrevista do piloto fornece um instantâneo de suas operações atuais, mas ainda há dúvidas sobre seu impacto a longo prazo. Uma pequena frota de jatos adaptados pode mudar o equilíbrio contra a força aérea maior e mais estabelecida da Rússia?
@CAS