Ex-presidente russo ameaça Ucrânia e OTAN com armas nucleares. A Rússia pode ser forçada a usar armas nucleares se a contraofensiva da Ucrânia for bem-sucedida, disse Dmitry Medvedev, ex-presidente da Rússia e atual vice-presidente do Conselho de Segurança Nacional, em uma postagem publicada ontem (31) no Telegram. Esta é a mais recente de uma série de ameaças nucleares feitas pelo principal aliado do presidente Vladimir Putin em relação à guerra com a Ucrânia.
“Imagine se a contraofensiva, que é apoiada pela OTAN, fosse um sucesso e eles [a Ucrânia] arrancassem uma parte de nossa terra, então seríamos forçados a usar uma arma nuclear de acordo com as regras de um decreto do presidente da Rússia. Simplesmente não haveria outra solução. Nossos inimigos devem rezar a nossos combatentes para que não permitam que o mundo seja destruído por chamas nucleares”, alertou o político russo, que presidiu a Rússia de 2008 a 2012.
Em abril passado, Mededev alertou sobre a expansão nuclear russa caso a Suécia e a Finlândia se unissem à OTAN, o que acabou ocorrendo. Cinco meses depois, ele reafirmou que armas nucleares estratégicas poderiam ser usadas para defender territórios ucranianos incorporados pela Rússia. Finalmente, em janeiro deste ano, Medvedev alertou aos membros da OTAN que uma eventual derrota da Rússia na guerra poderia levar a um conflito nuclear.
“A perda de uma potência nuclear em uma guerra convencional pode provocar a eclosão de uma guerra nuclear. As potências nucleares não perdem grandes conflitos dos quais depende seu destino. Isso deveria ser óbvio para qualquer um. Mesmo para um político ocidental que reteve pelo menos algum traço de inteligência”, escreveu Medvedev no Telegram em janeiro deste ano.
A postagem de domingo, vinda do alto funcionário como Mededev, levanta a possibilidade de que a Rússia estaria dando sinais que poderá perder a guerra. Por outro lado, a manifestação do ex-presidente russo chegou poucas horas depois do Ministério da Defesa russo acusar a Ucrânia de atacar Moscou com drones na manhã de domingo.
Retórica nuclear
Os Estados Unidos já alertaram a Rússia contra o uso de armas nucleares na Ucrânia, tanto por meio de comunicações diretas privadas quanto por canais públicos, inclusive na Assembleia Geral da ONU no ano passado.
No mês passado, Putin disse que a Rússia havia transferido um primeiro lote de armas nucleares táticas para a Belarus, sob a alegação de “dissuasão”. Falando no Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo, Putin disse que o restante das armas nucleares táticas que a Rússia pretende transferir para a Belarus serão transferidas até o final do verão ou até o final do ano.
A Agência de Inteligência de Defesa dos Estados Unidos (DIA) disse que “não há razão para duvidar” da afirmação de Putin. Mas o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Matthew Miller, disse na época que os EUA “não viram nenhuma razão para ajustar sua própria postura nuclear, nem qualquer indicação de que a Rússia está se preparando para usar uma arma nuclear”.
O presidente belarusso, Alexander Lukashenko, disse no mês passado que, diante de uma agressão, ele não hesitaria em usar as armas nucleares táticas russas estacionadas em seu país. Altos funcionários do DIA disseram que não acreditam que Lukashenko tenha qualquer controle sobre o arsenal, que seria totalmente controlado pela Rússia.
De acordo com a Federação de Cientistas Americanos, a Rússia teria mais de 4.400 ogivas nucleares de reserva, com aproximadamente 1.900 delas em armas nucleares táticas.
@FFO