Ex-chefe do MI6 alerta: “a Rússia pensa que está em guerra com UK”. Sir Alex Younger, ex-chefe do MI6 (serviço secreto britânico), que destacou as ameaças cada vez mais complexas representadas por estados adversários como Rússia, China, Coreia do Norte e Irã. A declaração foi dada no inquérito do Comitê de Defesa sobre “Defesa na Zona Cinzenta”.
Sir Alex descreveu como essas nações exploram vulnerabilidades em democracias liberais, com a Rússia se destacando por sua percepção de estar em estado de conflito com o Ocidente. Sir Alex forneceu uma avaliação severa da abordagem da Rússia à guerra híbrida.
“Olhando para a Rússia, a assimetria no relacionamento com a Rússia é, claro, toda sobre capacidades e sistemas, mas é fundamentalmente sobre o fato de eles acham que estão em guerra conosco, e nós não achamos que estamos em guerra com eles”.
Ele explicou como o presidente Vladimir Putin vê as táticas híbridas como uma forma de escalada horizontal — uma maneira de retaliar ações ocidentais percebidas na Ucrânia.
“Putin está tomado pela ideia de escalada horizontal, que ele acredita ser uma resposta recíproca ao que estamos fazendo na Ucrânia. É completamente falso e errôneo, mas é assim que ele vê”, explicou Sir Alex.
Essa mentalidade leva a Rússia a implantar ativamente capacidades logo abaixo do limiar do conflito armado, como ataques cibernéticos, campanhas de desinformação e sabotagem, para minar o Reino Unido e seus aliados.
Em contraste, Sir Alex descreveu as atividades híbridas da China como movidas por uma agenda fundamentalmente diferente.
“Olhando para a China, é uma situação completamente diferente”, disse ele. “Eles não se concebem como estando em guerra conosco, e os objetivos chineses são, de fato, muito diferentes. Eles são essencialmente que a China deve se erguer e ter permissão para perseguir seus próprios interesses sem restrições”.
Sir Alex destacou a campanha da China contra Taiwan como um excelente exemplo de guerra híbrida, descrevendo-a como um “manual sobre subversão, assédio cibernético e político”. Embora menos abertamente combativo do que a abordagem da Rússia, o uso sofisticado de táticas híbridas pela China continua sendo um desafio significativo.
Sir Alex enfatizou que o Reino Unido enfrenta ameaças híbridas de um “número limitado e reconhecível de atores”. Ele identificou a Rússia, a Coreia do Norte, o Irã e a China como as principais fontes de preocupação, cada um moldando suas estratégias híbridas com base em suas situações e objetivos nacionais únicos.
Para a Rússia, a combinação de sua crença em um conflito em andamento com o Ocidente e suas capacidades em desinformação e ataques cibernéticos a torna uma ameaça particularmente potente. Enquanto isso, países como a Coreia do Norte e o Irã usam métodos híbridos para compensar suas fraquezas militares convencionais, focando em táticas assimétricas.
Um tema recorrente no depoimento de Sir Alex foi como regimes autoritários exploram as vulnerabilidades inerentes dos sistemas democráticos. “Uma das manifestações dos nossos valores é um conjunto de leis e limites”, ele explicou. As democracias diferenciam entre ações em tempo de guerra e em tempo de paz, com estruturas legais e institucionais que limitam as respostas durante a paz.
“Se você é de uma linha política que não faz essas coisas, não tem nenhuma responsabilidade política e pode se mover na velocidade do capricho autocrático, em oposição à vontade democrática, você terá algumas vantagens potenciais”.
Ele alertou que os adversários poderiam “fazer coisas que têm o efeito de guerra, mas não cruzam nosso limite, sabendo que seremos limitados em nossa resposta”.
Sir Alex enfatizou a importância de reconhecer e lidar com essas ameaças, pedindo maior resiliência diante da guerra híbrida. “Há coisas que você precisa para administrar uma democracia liberal que são intrinsecamente vulneráveis”, disse ele, acrescentando que a defesa contra essas ameaças requer uma abordagem diferenciada e robusta.
@CAS