EUA realiza resgate cinematográfico na África

Na madrugada 31 de outubro, membros da elite da Marinha dos EUA, equipes “SEAL Team Six” ou “DEVGRU” (Development Group), foram acionados para um resgaste cinematográfico, do cidadão americano, Philip Walton (27), sequestrado por rebeldes no norte da Nigéria. Toda a operação foi planejada e executada, com base em informações coletadas pela Agência Central de Inteligência dos EUA (CIA), usando modernos protocolos de monitoração de telefonia celular móvel.

O cidadão sequestrado, seria um fazendeiro de camelos, ovelhas e aves, além de cultivar frutas tropicais, em uma fazenda no norte da Nigéria, região de Massalata, próximo à fronteira com o Níger. Uma semana antes da operação, ele foi raptado por motociclistas armados com rifles de assalto AK-47, em frente a sua família. O jornalista Eric Schmidt, do New York Times, descreveu assim o fato:

“O Sr. Walton, filho de missionários, mora com sua esposa e filha em uma fazenda perto de Massalata, uma pequena vila perto da fronteira com a Nigéria. Autoridades americanas e nigerianas disseram que Walton foi apreendido em seu quintal na segunda-feira na frente de parentes depois que agressores pediram dinheiro a ele. Ele ofereceu US$ 40 e foi levado embora por homens armados em motocicletas, disseram as autoridades. Os captores exigiram quase US $ 1 milhão em resgate pela libertação do Sr. Walton.”

A operação secreta das forças especiais americanas, começou com a infiltração de paraquedistas próximo da “área-alvo”. Eles se deslocaram a pé por aproximadamente cinco quilômetros até o local do cativeiro de Walton. Segundo informações, durante o resgate ocorreu um tiroteio breve, porém intenso, com a equipe removendo o cidadão americano a pé para o local de exfiltração, onde os CV-22 aguardavam para levá-los para, possivelmente, a Base Aérea 201, do Níger.

O porta-voz do Pentágono, Jonathan Hoffman, disse em entrevista coletiva no sábado (31): “As forças armadas realizaram uma operação de resgate de refém durante as primeiras horas de 31 de outubro no norte da Nigéria para recuperar um cidadão americano mantido como refém por um grupo de homens armados”. Hoffman acrescentou que o cidadão americano resgatado, estava seguro e aos cuidados do Departamento de Estado dos EUA. Durante a coletiva de imprensa do Pentágono, a identidade do refém não foi revelada.

Um grupo de pesquisadores, percorreu os sites de monitoração de aeronaves on-line, e chegaram a um mapa com a visão geral da operação de resgate.

Em 29 de outurbo, aeronaves MC-130J Comando II, CV -22B e AC-130J, das forças especiais americanas, AFSOC – Air Force Special Operations Command, foram deslocadas dos Estados Unidos para a Estação Naval de Rota, no sudoeste da Espanha.

Um MC-130J do USSOCOM – U.S. Special Operations Command, foi deslocado para realizar a missão HAAR – Helicopter Air-to-Air Refueling, reabastecimento em voo de helicópteros e triltores CV-22 do SOF – Special Operations Forces. Essas aeronaves tiveram papel primordial na missão, executando infiltração, exfiltração e desembarque de tropas. Um AC-130J Ghostrider forneceu a cobertura aérea no cenário.

Seis aeronaves KC-135R reabastecedores do 100th Air Refueling Wing (110th ARW), sediados em RAF Mildenhall, foram enviados para a Base Aérea Espanhola de Moron. Quatro deles voaram em 30 de outubro, apoiando o “pacote” de operações especiais.

Por volta das 18:30 ZULU, uma esquadrilha com quatro CV-22, código rádio JOLT31 à JOLT34, decolou de Rota, em voo direto para o continente africano, seguidos de quatro MC-130J, código PINCH41 à PINCH44. Pouco depois das 19:00Z, decolou o AC-130J, seguindo a rota via Zagoro (Marrocos), Gao (Mali) e direto até Niamey (Nigéria).

Os quatro KC-135R apoiaram as esquadrilhas em deslocamento para a África, fornecendo suporte de combustível até a fronteira entre o Mali e o Níger. A operação toda durou em média entre seis e sete horas, com as primeiras aeronaves pousando na Espanha perto das 2 horas da madrugada.

Uma aeronave de patrulha naval P-8A Poseidon, da U.S. Navy, esteve na Espanha, e na madrugada de 31 de outubro voou por mais de uma hora sobre a região da cidade de Tahoua, no Níger. Possivelmente a sua capacidade de Inteligência, Vigilância e Reconhecimento foram utilizadas em apoio a missão.

O Aeroporto Internacional Diori Hamani (DRRN), de Nyamey, capital do Níger, atuou como um hub para a operação, recebendo diversas aeronaves de transporte C-17, além de um misterioso Gulfstream V, com matrícula civil N800PM. Esta aeronave, teria sido vista em imagens de satélite, no Campo de Testes da Base Aérea da USAF, em Tonopah, nos mes de setembro. Ele chegou em Nyamey com o código de chamada-rádio “REACH 581” (RCH581), um indicativo usado por aeronaves de transporte da USAF, e também pelos C-32B do 486th FLTS (Flight Test Squadron), da Base Aérea de Eglin, Flórida.

Apesar de sua designação oficial, o 486º FLTS não é uma unidade de testes, mas sim um esquadrão de transporte de resposta rápida, utilizado por agências e órgãos federais dos EUA, em apoio logístico às operações especiais de inteligência em todo o mundo. Suas operações estão sob o comando do AFSOC e suas aeronaves aparecem nos locais mais incomuns do mundo, quase sempre usando matrículas falsas e sempre mudando códigos hexadecimais para evitar rastreio on-line (ADSB).

Não ficou claro qual foi o papel que desempenhou o G-V N800PM, na operação de resgate, mas a presença de uma aeronave tão misteriosa no Níger no dia anterior ao ataque (29), não pareceu ser uma pura coincidência.

Abaixo a lista completa de aeronaves detectadas, monitoradas ou rastreadas online antes, durante ou depois da invasão, em um levantamento realizado por usuários dos sites de monitoração on-line, e compilado pelo The Aviationist.

@FFO