EUA quer convencer o Reino Unido a liberar os F-16AM/BM à Argentina. Articuladores do Governo Americano estão tentando convencer o Governo do Reino Unido a autorizar a venda de aeronaves Lockheed F-16 usadas para a Argentina. O objetivo e afastar o país sul-americano da esfera de influência chinesa, que tem se aproximado muito da Argentina nos últimos anos.
Em agosto do ano passado, o Instituto Naval dos Estados Unidos (USNI), um dos principais centros de estudos da US Navy, publicou um relatório chamando a atenção para a crescente influência da China na Argentina por meio do comércio, da economia e de promessas de protagonismos no mercado mundial, que poderá rapidamente passar para o campo militar. O relatório expressa preocupação de que essa crescente proximidade entre os dois países possa se transformar em relações militares, com a permissão para a China ter bases militares no país.
No relatório, o USNI também discutiu como a política de segurança do Reino Unido, após a Guerra das Malvinas, trazia riscos de aproximar a Argentina da China e sugeriu um investimento conjunto e de cooperação de segurança entre Argentina com o Reino Unido.
Após a Guerra das Malvinas em 1982, o Reino Unido impôs um embargo de armas à Argentina para impedir que os militares argentinos se modernizassem. Como parte dessa política, Londres impediu que Buenos Aires adquirisse vários caças ao impor sanções às peças fabricadas no Reino Unido dessas aeronaves.
O exemplo mais recente desta política foi o embargo a armas e a peças dos assentos ejetáveis Martin-Baker Mk6 britânicos das cinco aeronaves francesas Dassault Super Etendard compradas pela Armada Argentina em 2020.
A política do embargo tem gerado problemas inclusive para os Estados Unidos, que se ofereceram para vender os antigos F-16AM/BM MLU dinamarqueses para a Argentina. Novamente os Britânicos tem imposto empecilhos, dando a entender que o negócio não sairia de jeito algum.
Esta resistência do Reino Unido à modernização da Força Aérea Argentina (FAA), está empurrando a Argentina para as mãos da China, que desde 2021 vem abrindo as portas para a compra de caças sino-paquistaneses JF-17. A sedução não pára por aí, e vários outros equipamentos tem sido aventados como possibilidades futuras.
Desde a saída dos Mirage III/Dagger em 2015, a Argentina não tem mais um caça interceptador supersônico, ao passo que seus vizinhos, Brasil e Chile, estão muito mais bem equipados, qualitativa e quantitativamente. Sem alternativas ocidentais, face ao embargo, o Governo de Buenos Aires decidiu em 2021 se envolver com a China para avaliar o sino-paquistanês JF-17 Thunder como uma possível opção para reforçar sua defesa aérea.
Tudo parecia correr bem. No entanto, o presidente argentino Alberto Fernández anunciou em dezembro de 2022, que o país havia interrompido seus planos de adquirir uma nova aeronave devido à falta de recursos e frente a uma crise econômica gigantesca, com inflação galopante e, inclusive, com protestos da população contra o governo. Isto pode ter posto fim ao sonho da FAA. No entanto, informações de bastidores dão conta que os chineses podem ter visto isto como uma oportunidade. Ao invés de cobrar pelos caças, eles poderia ser trocados pela permissão de instalar bases na Argentina, criando um importante posto avançado da China na América do Sul.
Por outro lado, apenas um mês antes do anúncio do presidente Fernández de cancelar a aquisição, uma delegação da FAA viajou à Dinamarca para inspecionar os caças F-16 usados oferecidos pelos Estados Unidos. Hoje, os EUA estão negociando com o Reino Unido para aprovar a venda. Segundo o relatório do USNI, que descreveu a política do UK como “desatualizada”, após a guerra das Malvinas, é preciso interver agora para não se abrir uma nova frente contra a China no futuro.
Portanto, ainda há esperança para os EUA, que querem vender esses F-16 dinamarqueses excedentes para a Argentina para impedir que a China ganhe uma posição na América do Sul. O relatório do USNI argumenta que Londres deveria reconsiderar seu embargo de armas à Argentina, enfatizando que é preferível que os militares argentinos sejam influenciados pelos EUA do que pela China.
@CAS