EUA e Guiana realizam exercícios militares conjuntos em meio às crescentes tensões com Venezuela. O Comando Militar Sul dos Estados Unidos (USSOUTHCOM) e as Forças de Defesa da Guiana (GDF) realizaram exercícios aéreos conjuntos, em meio ao aumento das tensões geradas com a Venezuela pela disputa da Região de Essequibo. A informação foi divulgada pela Embaixada dos EUA na Guiana.
“O exercício baseia-se em compromissos e operações de rotina para melhorar a parceria de segurança entre os Estados Unidos e a Guiana e fortalecer a cooperação regional”, observou a Embaixada em comunicado.
O vice-presidente da Guiana, Bharrat Jagdeo, disse que não comentaria o assunto. “Posso assegurar-vos, no entanto, que cada movimento que os venezuelanos fazem, especialmente nas nossas fronteiras está sendo rastreado”, observou ele em conferência de imprensa.
O Ministro da Defesa venezuelano, Vladimir Padrino López, reclamou a posição dos EUA. “Esta infeliz provocação dos Estados Unidos em favor dos pretorianos da ExxonMobil na Guiana é mais um passo na direção errada. Advertimos que eles não nos desviarão de nossas futuras ações para a recuperação do Essequibo. Não se engane!”, escreveu Padrino nas suas redes sociais.
Esta infeliz provocación de Estados Unidos a favor de los pretorianos de la ExxonMobil en Guyana es otro paso en la dirección incorrecta. Advertimos que no nos desviarán de nuestras futuras acciones por la recuperación del Esequibo ¡No se equivoquen! ¡Viva Venezuela! pic.twitter.com/1UIfPNQODY
— Vladimir Padrino L. (@vladimirpadrino) December 7, 2023
Caracas acusou o presidente da Guiana, Irfaan Ali, de dar “luz verde” para instalação de bases militares dos EUA em Essequibo.
A Casa Branca, porém, indicou que se opõe à violência”na disputa territorial. “Obviamente não queremos que ocorra violência ou conflito” entre as partes, disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby, aos jornalistas.
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, conversou nesta semana com Ali para “reafirmar o apoio inabalável dos Estados Unidos à soberania da Guiana. O que não queremos é uma guerra”, disse o Departamento de Estado.
Em declaração conjunta, Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai, Chile, Colômbia, Equador e Peru instaram a Guiana e a Venezuela a dialogarem em busca de solução pacífica para o assunto. O Brasil, por sua vez, reforçou sua presença militar nas fronteiras com a Guiana e a Venezuela.
Enquanto isso, o secretário de Relações Exteriores britânico, David Cameron, destacou que a Venezuela não tem motivos para justificar uma ação unilateral e chamou a reivindicação venezuelana de “retrógrada”.
“A única coisa retrógrada são as dificuldades políticas, econômicas e sociais em que mergulharam o Reino Unido (…) pelas quais David Cameron é diretamente responsável”, respondeu a vice-presidente venezuelana, Delcy Rodríguez, no X (antigo Twitter).
Lo único retrógrado es la penuria política, económica y social a la que han sumido al Reino Unido, especialmente desde el Brexit, del cual @David_Cameron es directamente responsable. Una seguidilla de primeros ministros sin ningún respaldo popular desgobierna el Reino Unido.… https://t.co/XXxZIveNJT
— Delcy Rodríguez (@delcyrodriguezv) December 8, 2023
A Venezuela realizou no domingo (03/12) um referendo no qual mais de 95% dos eleitores que participaram aprovaram a criação de uma província venezuelana em Essequibo e a atribuição de nacionalidade aos 125 mil habitantes da região.
Após a consulta, o presidente venezuelano Nicolás Maduro propôs uma lei para criar uma província venezuelana na área disputada e ordenou a concessão de licenças para extração de petróleo na região.
A Venezuela sempre considerou o Essequibo como sua – a região fazia parte do seu território durante o período colonial, porém a reivindicação se intensificou com a descoberta de grandes reservas de petróleo pela americana ExxonMobil em 2015 (saiba mais aqui).
@FFO