EUA: autoridades questionam voos de treinamentos militares perto de aeroportos congestionados

EUA: autoridades questionam voos de treinamentos militares perto de aeroportos congestionados. A senadora Maria Cantwell, principal democrata do Comitê de Comércio no Senado dos EUA, disse ontem (30), que as autoridades devem repensar os de treinamento com helicópteros militares perto dos aeroportos mais congestionados do país.

A questão foi levantada por Cantwell após o grave acidente ocorrido quarta-feira (29) no Aeroporto Nacional de Washington, onde um helicóptero UH-60 Black Hawk do Exército Americano e um jato regional CRJ700 da American Airlines colidiram em voo, deixando um saldo de 67 pessoas mortas. Foi o acidente aéreo mais mortal dos EUA em mais de 20 anos.

Novos vídeos divulgados hoje nas redes sociais mostram mais claramente o momento da colisão (Fonte: X).

“Por que acontecem voos de treinamento militar tão perto das rotas de pouso dos voos de passageiros? Por que os trajetos dos voos militares convergem com a dos voos civis?”, questionou a senadora em entrevista.

De acordo com a agência Reuters, um documento de 2021 registrou uma média de 11.000 voos por ano com helicópteros militares voando em um raio de 30 milhas do Aeroporto Ronald Reagan National.

De acordo com o The Washington Post, o voo 4514 da Republic Airways estava se preparando para pousar quando os controladores de tráfego aéreo avisaram o piloto de que um helicóptero estava por perto. O sistema automatizado de prevenção de colisões do Embraer E-175 foi ativado, e um "aviso de resolução" foi emitido. O piloto então descontinuou a trajetória para circular antes de pousar com segurança (Fonte: @aviationbrk). — De acordo com o The Washington Post, o voo 4514 da Republic Airways estava se preparando para pousar quando os controladores de tráfego aéreo avisaram o piloto de que um helicóptero estava por perto. O sistema automatizado de prevenção de colisões do Embraer E-175 foi ativado, e um “aviso de resolução” foi emitido. O piloto então descontinuou a trajetória para circular antes de pousar com segurança (Fonte: @aviationbrk).

Autora de leis de reforma da segurança da aviação, Cantwell questionou a segurança de aeronaves militares e comerciais voando separadas por apenas 350 pés (107 m). “Não consigo imaginar que você possa ter uma separação visual segura voando tão próximas… Isso não faz sentido”, afirmou a senadora.

Outro ponto levantado por Cantwell é porque a Administração Federal de Aviação dos EUA (FAA), desde 2018 permite que aeronaves militares voem com seus equipamentos ADS-B desligados. Esta tecnologia embarcada permite que a localização da aeronave seja compartilhada automaticamente com os demais tráfegos na área. Cantwell quer mais informações sobre os acordos entre a FAA e o Pentágono sobre essas permissões.

“Eu acho que os militares devem pausar esses voos agora”, disse Cantwell.

Um avião aproxima para pouso no Aeroporto Nacional Ronald Reagan, com os destroços do Black Hawk e do CRJ700 no Rio Potomac (Foto: X).

O secretário de Defesa, Pete Hegseth, disse que o helicóptero envolvido no acidente tinha uma tripulação de três militares que realizava treinamento noturno. “Era uma equipe bastante experiente e estava fazendo uma avaliação noturna anual obrigatória”, disse Hegseth.

O secretário Hegseth informou ainda que especialistas estão investigando um possível problema técnico no Black Hawk. A altitude máxima naquele setor (chamada Route 4) onde estava o helicóptero é de 200 pés (61 metros), mas por algum motivo eles teriam ultrapassado. A colisão ocorreu a uma altitude de cerca de 300 pés, de acordo com o site de rastreamento de voo FlightRadar24.

Esquipes de resgatem trabalham para localizar as vítimas no jato regional (Foto: X).

O novo secretário do Exército, Dan Driscoll, disse que os voos de treinamento militar em áreas congestionadas deverão ser repensados. “Acho que precisamos analisar qual é o momento apropriado para assumir riscos no treinamento ao voar tão ser perto de um aeroporto como o Reagan”, disse.

Com três aeroportos comerciais e várias instalações militares importantes, o espaço aéreo da Capital dos EUA está frequentemente congestionado, o que gerou vários incidentes no Aeroporto Nacional Reagan, incluindo uma quase colisão em maio de 2024.