EUA atentos à aproximação das Filipinas com a China (Foto: USAF/Sgt. Braden Anderson). O recém-eleito presidente filipino, Ferdinand Marcos Jr., indicou que deseja relações mais próximas com Pequim, inclusive estaria aberto para acordos militares com a China, uma medida que complicaria os esforços da PACAF (US Pacific Air Forces) para proteger os interesses dos EUA com uma presença avançada na região do Pacífico Sul.
“Temos nosso relacionamento não apenas em uma dimensão. Vamos acrescentar e ter intercâmbios culturais, educacionais, e até militares, se isso for útil”, disse o novo presidente fiiipino em entrevista no último dia 05 de julho.
Os comentários de Marcos precederam uma visita de dois dias à Manila, realizada em 06 de julho pelo ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi. Até o dia 14 de julho o ministro chinês visitará diversas capitais do Sudeste Asiático, em um esforço para recrutar novos parceiros regionais para instalação de futuras bases militares.
As declarações mais ousadas do novo presidente filipino também são um sinal indesejável para as PACAF, que começaram a praticar Emprego de Combate Ágil (ACE) na cadeia de ilhas do Pacífico Sul.
Um acesso chinês às Filipinas deixaria Pequim a cerca de 2.700 quilômetros da Base Aérea dos EUA em Andersen, Guam, considerada altamente estratégica para o Departamento de Defesa norte-americano defender a região. Instalar um aprimorado sistema de defesa antimísseis em Guam está apenas em estudo.
Em uma entrevista para a Air Force Magazine em 09 de junho, o Gen. Kenneth S. Wilsbach, Comandante da PACAF, disse que esperava aprofundar os laços da Força Aérea com as Filipinas sob a nova administração.
“Realmente, fizemos uma quantidade muito limitada de operações ACE nas Filipinas, e certamente esperamos fazer mais treinamentos com eles hoje e no futuro”, disse Wilsbach, falando sobre o novo emprego de combate ágil e outros exercícios que ocorrem em Palau.
No mês de maio, os F-16 do 80th Fighter Squadron, da Base Aérea de Kunsan, na Coreia do Sul, realizaram uma operação conjunta com os F-16 da Força Aérea das Filipinas. “Há pouco tempo tive a oportunidade de visitar alguns aeródromos das Filipinas, além de me encontrar com o Chefe da Força Aérea, com quem temos um bom relacionamento”, disse o Oficila-General da PACAF.
A relação militar dos EUA com as Filipinas está degradada desde a administração do ex-presidente Rodrigo Duterte, que também tentou realinhar suas relações com a China, apesar das disputas marítimas no Mar da China Meridional. Em junho de 2020, Duterte cancelou o acordo das forças visitantes com os Estados Unidos antes de reverter sua decisão quatro meses depois.
“Acho que as Filipinas serão complicadas por causa da chegada de Bongbong [apelido de Ferdinand Marcos Jr.], mas ainda é muito importante. Há coisas que provavelmente podemos fazer com outros países do Sudeste Asiático, mas provavelmente serão mais limitadas. As opções de postura das ilhas do Pacífico são críticas, e estamos vendo os chineses fazendo um enorme avanço na região agora”, disse Zack Cooper , especialista em política de defesa do American Enterprise Institute Asia-Pacific , em entrevista recente à AFM.
Nos últimos meses, Wang visitou várias ilhas do Pacífico , e a China assinou recentemente um acordo de base com as Ilhas Salomão, adicionando um desafio imprevisto aos planos de defesa da Austrália, aliada dos EUA.
Em sua entrevista à AFM antes dos comentários do presidente filipino, o General Wilsbach estava confiante de que o relacionamento dos EUA com as Filipinas poderia se aprofundar, mas alertou que a incerteza política permanecia. “Eles obviamente tiveram uma eleição, e veremos como essa transição pode mudar o ambiente político ou não. E nós vamos a partir daí.”
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