Esteira de turbulência derrubou F-35A da USAF em 2022. O 421º Esquadrão de Caça “Black Widows” (421st FS), subordinado à 388ª Ala de Caça (388rh FW) da USAF, perdeu um F-35A Lighttning II em acidente ocorrido em 19 de outubro de 2022, durante o pouso na Base Aérea de Hill, em Utah. Felizmente, o piloto conseguiu ejetar com sucesso momentos antes do jato impactar contra o solo.
O resultado do relatório da investigação foi divulgado na quinta-feira passada (27/07), e concluiu que uma falha no software de gerenciamento de voo do caça foi a principal causa do acidente. A pane se iniciou depois que o moderno caça entrou na esteira de turbulência do outro F-35A que estava pousando na sua frente (relatório completo).
A aeronave acidentada, matrícula 15-5197, era o número #4 de uma esquadrilha com quatro F-35s que retornavam de um treinamento no South Utah Test and Training Range. Naquela noite, a velocidade do vento para o pouso na Base Aérea de Hill era de 5 nós (cerca de 9km/h). De acordo com o relatório, a doutrina do Supervisor Of Flight (SOF) orienta que os pilotos voando em formação mantenham maior distância entre as aeronaves, para evitar a esteira de turbulência do companheiro da frente. Isso significa que na sequência para o pouso, as aeronaves da esquadrilha devem manter pelo menos 9.000 pés (cerca de 2,5 km) de separação na final para pouso, ao invés dos “normais” 3.000 pés (cerca de 1.000 metros).
Voando em formação, entrar na esteira de turbulência da aeronave da dianteira é uma situação muito comum. O problema é entrar em uma esteira de turbulência durante o procedimento para o pouso, quando os aviões estão muito próximos ao solo, e quais movimentos inesperados podem ser potencialmente perigosos. Os investigadores disseram que os pilotos da esquadrilha deveriam estar atentos aos procedimentos de segurança das esteiras de turbulência, depois da Torre de Controle informar a velocidade do vento no local.
Conforme os depoimentos, nenhum dos quatro pilotos da Esquadrilha, incluindo o que sofreu o acidente, sabiam que os procedimentos de esteira de turbulência estavam em vigor. Inclusive, o piloto acidentado disse que planejava pousar com a separação padrão mínima usual de 3.000 pés. A distância real medida pela perícia foi de 3.600 pés (1,1 km).
Na aproximação final para pouso, com o trem de pouso baixado, o piloto do #4 sentiu a forte oscilação da esteira de turbulência do F-35A à sua frente. De acordo com a investigação, por aproximadamente três segundos o caça voou com grande instabilidade, o que levou ao desligamento automático do Air Data System (ADS).
O ADS é composto por sensores externos (principal e reserva) instalados em cada lado da aeronave, e que coletam dados do ar para que os computadores do gerenciamento de voo possam calcular as velocidades e faça as correções necessárias. Nessa situação, o ar perturbado pela esteira de turbulência fez com que os sensores da esquerda do F-35A #4 parassem e enviar dados para o ADS, e os da direita funcionassem com rápidas interrupções.
Com a intermitência na coleta dos dados em ambos sensores (principal e reserva), o ADS começou a realizar cálculos incorretos, levando a tomada de ações completamente diferentes das que o piloto comandava nos controles de voo do jato. “Parecia um voo totalmente normal antes de sair de controle. Quando as oscilações (dos sensores) estavam acontecendo, percebi grandes deflexões das superfícies móveis da aeronave (stabs, trailing edge flaps, rudders), todos se movendo muito rapidamente, provavelmente nos seus limites de batente” disse um piloto de testes de F-35A que testemunhou o acidente.
A maioria dos modernos caças da USAF são equipados com computadores que fazem pequenos ajustes nos controles durante o voo. Os investigadores observaram que até este caso, ocorreram mais de 600.000 horas de voo em toda a frota de F-35 sem incidentes semelhantes envolvendo o ADS afetado por esteiras de turbulência.
Neste caso, “o F-35 se colocou em uma posição sem nenhuma chance de recuperação”, disse o piloto de testes e testemunha do acidente, afirmando que o piloto chegou a acionar o pós-combustor para tentar recuperar o controle, mas não conseguiu devido à baixa altura e velocidade. O piloto ejetou a apenas 200 pés (60 metros) de altura, pousando com segurança na área externa do aeródromo, onde caíram algumas partes do F-35 como a cabine, canopy e o assento ejetável.
Todo o evento, desde o início das oscilações até a ejeção final, levou cerca de 10 segundos.
Os investigadores recriaram os eventos do acidente em um simulador, onde todas as tentativas resultaram na queda da aeronave. O Coronel Kevin Lord, chefe da investigação, determinou que a principal causa da queda do F-35 foram os erros de leitura do sistema ADS, e como o fator contribuinte o piloto ter se aproximado demais do avião da frente.
O F-35A foi completamente destruído no incidente, em um prejuízo material de aproximadamente US$ 166 milhões (valor médio do caça) segundo o Conselho de Investigação de Acidentes da USAF. A informação sobre o valor do acidente, é uma política da USAF, que instrui os investigadores a determinar todos os custos envolvidos (valor da aeronave, danos à propriedade privadas, limpeza ambiental, etc).
Este foi o sétimo acidente com perda da aeronave envolvendo todas as versões dos caças Lockheed Martin F-35 em todo o mundo.
Fonte: USAF
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