O Ministério de Defesa da Turquia anunciou em 27 de agosto, que no dia anterior radares de defesa aérea, detectaram seis alvos desconhecidos partindo da Ilha de Creta em direção ao Chipre, violando o NAVTEX emitido dias antes. Dois F-16 da Força Aérea da Turquia (THK – Türk Hava Kuvvetlere), teriam “expulsado” seis aeronaves militares gregas do espaço aéreo restrito no Mediterrâneo. Junto com o comunicado, foram apresentadas imagens dos sistemas de radar dos seus caças. Em nota, o Ministério da Defesa da Turquia informou literalmente o seguinte:
” Em 27 de agosto de 2020, os sistemas de radar da Força Aérea Turca detectaram seis aeronaves F-16 partindo da Ilha de Creta em direção ao sul de Chipre. Aeronaves F-16 da Força Aérea Turca foram enviadas para o sudoeste da Ilha de Chipre, a fim de identificar visualmente o tráfego militar que se aproximava da região declarada em NAVTEX, para retirálos da região. As aeronaves foram identificadas como pertencentes à Grécia e foram retiradas da região. Nossas Forças Navais e Aéreas continuam a trabalhar com determinação ilimitada para proteger nossos direitos, interesses e interesses no Mediterrâneo Oriental.”
Desde o início de agosto, a Turquia vem realizando prospecções e pesquisas em uma área grega do Mediterrâneo Oriental. O navio de pesquisas Oruç Reis chegou na região em 10 de agosto, escoltado por fragatas militares, o que a Grécia considerou um ato de hostilidade. Simultaneamente, a Marinha da Turquia informou que realizaria exercícios navais com emprego de armamento real na área, e para isto foram emitidos avisos marítimos internacionais – NAVTEX (Navigational Telex) – informando as coordenadas das atividades.
A Ilha do Chipre é ponto de antigo conflito entre gregos e turcos. Teoricamente toda a ilha pertence a República de Chipre, uma nação independente e membro da União Européia. Entretanto, o país ocupa apenas a parte sul, depois que a região norte foi tomada em 1974 por tropas militares da Turquia, que autodeclarou a República Turca do Norte do Chipre. Desde então, o Governo Turco exige a autoridade da região e parte das reservas de gás e petróleo, o que não foi reconhecido pelas Nações Unidas, que mantém uma Missão de Paz (UNFICYP) para a estabilização dos conflitos locais.
Como resposta as manobras militares turcas no Mediterrâneo, a Grécia aumentou a sua presença militar na região, e tem realizado diversos exercícios com aliados. Um deles foi o exercício aeronaval EVNOMIA 2020, com objetivo de defesa do Chipre, e que envolveu além das forças helênicas, a França e a Itália.
Os constantes voos militares entre as ilhas de Creta e do Chipre estão causando as escaramuças entre caças helênicos e turcos. O escritor grego e especialista em assuntos militares, Babak Taghvaee, relatou em seu Twitter que oito F-16C/D Block 52s helênicos da 115 e 116 Combat Wings, além de dois Rafale B da Armeé del Air, foram hostilizados por caças turcos durante uma missão na EVNOMIA 2020. Segundo Taghvaee, dois F-16C turcos tentaram “assediar” seis F-16 helênicos, mas foram expulsos da área.
O encontro entre os F-16 sobre o Mediterrâneo realmente ocorreu, e as imagens foram mostradas pelo Governo Turco. Agora o que aconteceu de verdade, quem expulsou quem, é uma questão ambígua onde os dois lados “puxam a brasa para o seu assado”. Fato é, que as tensões sobre o domínio da região estão aumentando e prometem novos capítulos em breve.
@FFO